“Academia Sénior é um projeto da comunidade para a comunidade”

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Recentemente inaugurada, a Academia Sénior de Monchique inicia o ano letivo em outubro. O projeto, que se insere no Plano Gerontológico do concelho, tem sido um êxito junto da população e, apesar do pouco tempo de existência, está já formado um grupo coral, com apresentações regulares e que vem trazendo “mais pessoas à academia”, que conta já com mais de 170 membros.

Marisa Avelino

A Academia Sénior de Monchique, inaugurada em abril passado, está prestes a receber os seus alunos para mais um ano letivo, que vai começar a 15 de outubro, mês dedicado aos seniores. Nessa altura, arranca a segunda fase da academia, que contará com novidades dentro da coordenação. “Quero que seja uma estrutura autónoma, embora haja um acompanhamento constante de todo o processo”, revela o presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André, à Algarve Vivo. A parceria que a edilidade tem com a paróquia é unicamente para as instalações porque não havia um espaço para o efeito. Assim, a novidade passará por incluir, também, uma pessoa para coordenar toda a atividade.

“Os projetos não podem ficar dependentes da câmara, tem de haver autonomia para continuar. A Academia Sénior de Monchique é um projeto da comunidade e para a comunidade. Ainda que esteja independentemente ligada a uma instituição, pretende-se que seja autónoma na concretização das suas atividades”, salienta o edil.

Promover o envelhecimento ativo
A criação da Academia Sénior de Monchique surge como resultado de uma assente preocupação do município em combater o isolamento e promover o envelhecimento ativo. Recorde-se que Monchique tem um índice de envelhecimento elevado, com pessoas com mais de 65 anos a corresponderem a mais de 31% da população, segundo dados dos Censos de 2011.

O nível de escolaridade baixo presente no concelho também dificulta a qualidade de vida das pessoas em idade avançada. Mas para contrariar esta realidade, a autarquia traçou um Plano Gerontológico (ver caixa) onde o principal objetivo é definir estratégias, “através de políticas direcionadas para as reais necessidades da população sénior e com visão de futuro”. “Foi feito um levantamento das principais preocupações que o envelhecimento acarreta, não só a debilidade das pessoas, em termos de saúde, mas também o isolamento e a necessidade de uma vida social mais ativa, junto da população sénior”, explica Rui André.

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“O envelhecimento e a população idosa são vistos como um dos principais flagelos e uma das principais causas de intervenção dos próprios municípios”, acrescenta.

Apesar dos poucos meses de funcionamento, a Academia Sénior de Monchique tem tido um’ ‘feedback’ muito positivo, “está a deixar a população muito satisfeita”, e conta com cerca de 178 alunos/participantes, destacando-se a formação de um grupo coral que levou mais pessoas à academia. “Existe a valorização da pessoa idosa, há um contacto intergeracional e estamos a fomentar empreendedorismo sénior”, frisa o autarca.

As atividades
Localizada no Centro Paroquial, a Academia Sénior de Monchique é composta por duas salas de aula, sala de convívio e salão multiusos, onde são disponibilizadas iniciativas e atividades promovidas para e pelos alunos. Difundir e preservar a história, cultura, tradições e valores do concelho e fomentar e apoiar o voluntariado social são outros objetivos da criação da universidade sénior.

Além das aulas (ver caixa), dadas em regime voluntário, na sua maioria, pelos próprios alunos, há ainda a oportunidade de aprender outras disciplinas numa configuração informal. As aulas temáticas são, normalmente, ministradas pelos funcionários da câmara, abrangendo a sua área de formação (arqueologia, história local, proteção civil, turismo, veterinária, etc.). A realização de seminários, colóquios, conferências, debates e cursos disciplinares, passeios e viagens culturais, encontros nacionais e internacionais são outras valências que a academia proporciona aos seus inscritos, além de outras atividades socioculturais propostas pelos seniores.

Expor os trabalhos dos alunos, realizados nas aulas de trabalhos manuais, também poderá ser uma realidade no futuro. “O objetivo será sempre preservar e divulgar conhecimentos antigos, evitando que se percam no tempo. Hoje valoriza-se muito pouco o conhecimento do saber fazer dos mais velhos”, afirma Rui André.

Transporte é dificuldade
Para frequentar a academia é necessário o pagamento de um valor simbólico. No entanto, comparticipações de entidades públicas, donativos, venda de produtos realizados pelos alunos e patrocínios constituem outras fontes de receitas para a infraestrutura.

Apesar do crescente número de inscritos, verifica-se que a falta de meio de transporte dos seniores da periferia para o centro da vila limita as inscrições. “O número de alunos podia ser superior mas não temos como trazê-los a todos, principalmente aqueles que vivem em zonas periféricas do concelho”, desabafa Rui André. “Possivelmente teremos de acionar os transportes escolares, nas alturas em que haja uma pausa, para se ir buscar essas pessoas”, refere.

BREVES
Plano Gerontológico de Monchique

O Plano Gerontológico de Monchique, trabalho realizado em parceria com a Associação Âncora, de Tavira, e com a coordenação de João Manhita, assenta em quatro eixos de intervenção: Promoção de Envelhecimento Bem-Sucedido, Valorização da Imagem e Participação Social da Pessoa Idosa, Vulnerabilidade Funcional e Social e Turismo Sénior.

As disciplinas
Português, Inglês, Espanhol, Informática, Cidadania e Vida Ativa, Canto, Ginástica, Hidro, Trabalhos Manuais/Jogos Tradicionais e outras temáticas (veterinária e cuidados com os animais domésticos) são as disciplinas disponíveis na academia.

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