Dirigente do CDS Algarve diz que Teresa Caeiro pediu “desculpa” por ser candidata a deputada

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“A doutora Teresa Caeiro até já disse aos dirigentes da Distrital do CDS no Algarve: «desculpem lá o ambiente que eu vim causar. Também não tive culpa de ser nomeada pelo Paulo Portas para a lista de Faro»”, na qual ocupa o terceiro lugar, com vista as eleições legislativas no dia 4 de outubro, denuncia, em declarações a Algarve Vivo, Arlindo Fernandes, um dos vice-presidentes dos centristas nesta região. Distrital só não apresentou a demissão coletiva na altura por concluir que “teremos mais poder para fazer oposição interna estando em funções no partido, do que fora”.

José Manuel Oliveira

“A doutora Teresa Caeiro até já disse aos dirigentes da Distrital do CDS no Algarve: «desculpem lá o ambiente que eu vim causar. Também não tive culpa de ser nomeada pelo Paulo Portas para a lista de Faro»”. A denúncia, com alguma ironia à mistura, foi feita, em declarações a Algarve Vivo, por Arlindo Fernandes, um dos vice-presidentes do CDS Algarve, a propósito da polémica criada entre os militantes desta região em torno da escolha da Direção Nacional do partido pela jurista Teresa Caeiro, nascida e residente em Lisboa, para ocupar o terceiro lugar na lista de candidatos a deputados pelo Círculo Eleitoral de Faro da Coligação PSD/CDS com vista às eleições legislativas no dia 4 de outubro.

Numa reunião da Comissão Política Distrital do CDS Algarve, realizada a 13 de agosto e na qual estava em cima da mesa o cenário de demissão coletiva, os seus elementos acabaram por chegar a um consenso no sentido de se manterem em funções. Isto, porque, observou Arlindo Fernandes, “concluímos que teremos mais poder para fazer oposição interna estando em funções no partido do que fora. Se nos demitíssemos, o doutor Paulo Portas acabaria por nomear o atual presidente da Distrital, José Pedro Caçorino, como delegado pelo Algarve para tudo ficar na mesma”.

Na Festa do Pontal com o PSD e o CDS, “à moda do PCP, foram mobilizadas cerca de 1900 pessoas em autocarros de várias zonas do país”

Já ao nível da pré-campanha eleitoral, “os dirigentes do CDS não mostram muita disponibilidade para acompanhar Teresa Caeiro, que ainda recentemente se deslocou à Câmara Municipal de Lagos, com o vereador do PSD Nuno Serafim, mas sem a presença de qualquer elemento do CDS, para apresentação de cumprimentos à presidente socialista Joaquina Matos”, referiu Arlindo Fernandes.

“Não creio que haja disponibilidade para andar a acompanhar a doutora Teresa Caeiro na campanha eleitoral pelo Algarve, quando essa senhora, vinda de Lisboa, nada representa para esta região. É uma ‘persona não grata’ no Algarve. Mas não digo que numa ou noutra ação não apareça por lá alguém… Os dirigentes da Distrital estão revoltados com a presença dela na lista de candidatos a deputados”, insistiu aquele vice-presidente da Comissão Política Distrital.

E acrescentou: “a revolta no partido contra o seu presidente, Paulo Portas, estende-se por muitas distritais do país, como Viana do Castelo, Leiria, só para citar estas”.

Por outro lado, Arlindo Fernandes lembrou que no dia 15 de agosto, em Quarteira, no concelho de Loulé, naquela que é conhecida por Festa do Pontal e que neste ano eleitoral o PSD contou com a presença do CDS no jantar-comício, “à moda do PCP, foram mobilizados para este evento cerca de 1900 pessoas em autocarros provenientes de várias zonas do país, além de outras que foram convidadas em praias do Algarve”.

Recorde-se que, como Algarve Vivo noticiou no dia 10 de agosto, Rui Manuel Correia Costa, militante da concelhia de Olhão do CDS-PP, apresentou a sua demissão do cargo de Mandatário Adjunto Distrital da Coligação «Portugal à Frente» PSD/CDS-PP, na sequência da escolha do seu partido em Teresa Caeiro para o terceiro lugar da lista de candidatos a deputados pelo Círculo Eleitoral de Faro nas próximas eleições legislativas.

Isto, depois de em Assembleia Distrital do CDS-PP, ao qual foram atribuídos os terceiros e sétimos lugares, além de dois suplentes, na lista do Algarve da coligação dos partidos do Governo, ter sido aprovado o nome de Francisco Paulino, um dos vice-presidentes da Comissão Política Distrital, precisamente para o lugar agora ocupado pela jurista Teresa Caeiro, de 46 anos e natural de Lisboa, por decisão do Conselho Nacional dos centristas, a 30 de julho.

“Considerando que a imposição de um primeiro candidato, não residente nem natural do Algarve, é uma desconsideração aos algarvios; considerando que assumi um compromisso de honra perante V. Exa. e os restantes membros da Comissão Política Distrital do CDS-PP do Algarve, venho renunciar ao cargo de Mandatário Adjunto Distrital da Coligação «Portugal à Frente»”, referiu Rui Costa em comunicação enviada, no dia 5 de agosto, ao presidente da Comissão Política Distrital do CDS-PP do Algarve, José Pedro Caçorino, a que Algarve Vivo teve acesso.

Nessa comunicação, Rui Costa recordou que em sede da última reunião daquela estrutura distrital dos centristas “foi aprovado por unanimidade uma tomada de posição dos seus membros”, caso os nomes indicados e aprovados para os lugares atribuídos ao CDS na lista de candidatos a deputados pelo círculo de eleitoral de Faro, não serem aceites ou alterados pela direção nacional do partido, “nomeadamente a demissão de cargos na estrutura distrital da campanha e a não-aceitação das alterações impostas”.

Antes de se insurgir contra a imposição dos órgãos nacionais num candidato “não residente nem natural do Algarve”, em alusão a Teresa Caeiro para o terceiro lugar da lista, considerando tal escolha “uma desconsideração aos algarvios”, o Mandatário Adjunto Distrital da Coligação «Portugal à Frente» PSD/CDS-PP, que entretanto abandonou estas funções, lembrou que “o CDS-PP é um partido aberto e democrático” e “não tem cabimento o cumprimento de decisões sem as mesmas serem objeto de análise, discussão e votação pelos militantes e estruturas locais ou distritais”.

José Pedro Caçorino, presidente da Distrital do CDS no Algarve e vereador da Câmara Municipal de Portimão, que tinha sido indicado para sétimo lugar na lista de candidatos a deputados dos dois partidos da coligação governamental pelo círculo eleitoral de Faro em Assembleia Distrital dos centristas, já manifestou o seu apoio a Teresa Caeiro na página do partido no Algarve no Facebook: “Com grande orgulho defenderei a eleição de Teresa Caeiro pelo Círculo de Faro, integrando a lista da Coligação Portugal à Frente, como primeira representante do CDS”.

 

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