Doenças orais em destaque nos maços de tabaco

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Assinalando-se a 31 de maio o Dia Mundial sem Tabaco, é importante sublinhar que doenças como o cancro oral e lesões nos dentes e gengivas vão estar em evidência nos novos maços de tabaco, de acordo com uma proposta à lei do tabaco já aprovada pelo Governo e debatida na Assembleia da República.

O tabaco é um dos principais fatores de risco da saúde oral e a inclusão de fotografias de doenças provocadas pelo consumo de cigarros e cigarrilhas é uma das medidas previstas na nova legislação, na sequência da entrada em vigor de uma diretiva europeia que impõe novas restrições à indústria do tabaco.

Considerado a primeira causa de morbilidade e mortalidade evitáveis, o tabagismo tem várias doenças associadas e com especial impacto na saúde oral, incluindo, entre outras, lesões malignas, queratose tabágica, estomatite nicotínica, aftose, melanose do fumador, língua pilosa, a halitose, as cáries dentárias cervicais e a perda dentária.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, salienta que “os efeitos do tabaco são nefastos para a saúde oral, pelo que a OMD batalhou para que as doenças orais, nomeadamente o cancro oral, fossem incluídas na lista de doenças a incluir nas fotografias dos novos maços de tabaco. O cancro oral é o sexto mais mortífero em Portugal e as lesões nos dentes e gengivas podem levar a outras doenças, nomeadamente infeções. É por isso determinante alertar a população para os riscos do tabagismo e apostar na prevenção e tratamento. Os doentes devem ter todo o apoio na cessação tabágica e aqui os médicos dentistas podem ter um papel crucial”.

Dados da Organização Mundial de Saúde estimam que em Portugal morram anualmente dez mil pessoas vítimas de doenças relacionadas com o tabagismo. A colocação de imagens nos maços de tabaco gerou polémica, mas o bastonário afirma que “a decisão vai no caminho certo. É uma das ações previstas na Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco, da Organização Mundial de Saúde adotada em 2005, e há múltiplos estudos científicos que comprovam que a probabilidade de deixar de fumar ou de reduzir o número de cigarros consumidos é maior entre os fumadores que vêm as imagens”.

O Canadá foi, em 2001, o primeiro país a incluir imagens chocantes a acompanhar alertas sobre os riscos do tabaco e um estudo realizado há 2 anos estima que esta medida pioneira a nível mundial tenha resultado numa queda entre 2,87% a 4,68% na prevalência do tabagismo entre os canadianos. Portugal introduziu em 1983 as primeiras mensagens nos maços de tabaco a alertar para as consequências do tabagismo, mas, em 2012, no Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas, realizado pela Direção Geral de Saúde, apenas 50% dos inquiridos afirmaram que o tabaco faz mal à saúde, havendo 17% dos inquiridos a afirmar que o consumo de tabaco tem pouca ou nenhuma importância para a saúde, e 4% que consideraram que fumar um ou mais maços por dia representa pouco ou nenhum risco.

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