População de Sagres ameaça “pôr em causa” trânsito na EN 268

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Em carta entregue pessoalmente ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, e a que o ‘site’ da revista Algarve Vivo teve acesso, o presidente da Junta de Freguesia de Sagres, Luís Paixão, volta a alertar o governo para os riscos de segurança na via de entrada desta localidade, por onde transitam milhares de viaturas por ano. E escreve que operadores turísticos já procuram outras zonas, afetando a economia nesta área do concelho de Vila do Bispo.

José Manuel Oliveira

O estado degradado em que se encontra há anos a Estrada Nacional 268, entre o cruzamento do Martinhal e a entrada da vila de Sagres, com riscos para milhares de condutores de viaturas e peões, pode levar a população desta zona turística do concelho de Vila do Bispo a perder a cabeça de uma vez por todas e a desencadear ações, de forma a “pôr em causa a normal circulação rodoviária”. Uma marcha lenta estava em estudo há meses.

É este o aviso que consta de uma carta da Junta de Freguesia de Sagres, datada de 19 de janeiro, a que a Algarve Vivo teve acesso, e entregue pelo presidente Luís Miguel Paixão ao ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, após o governante ter assistido à assinatura do protocolo de atribuição do apoio adicional do ‘Portugal 2020’, aos municípios do interior algarvio, entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve e a autarquia de Vila do Bispo.

Na documentação entregue, a Junta de Freguesia anexou, também, ofícios da empresa Infraestruturas de Portugal sobre a EN 268 e algumas fotos a ilustrar a situação de risco a que chegou esta via. Na altura, o governante limitou-se a receber os documentos. “Foi tudo muito rápido, ele estava de saída”, diz ao ‘site’ da revista Algarve Vivo Luís Paixão, insistindo que “se nada for entretanto feito nesta estrada, o próximo Verão será igual aos outros, com grandes riscos para a segurança de peões e condutores.” Até que ocorra uma tragédia.

VIAGEM DE 30 KMS. DEMORA HORAS
Depois de destacar a projeção turística de Sagres e o facto de ser um local “mítico e mágico da história dos descobrimentos, recentemente eleita património europeu pela Comissão Europeia”, além do Cabo de São Vicente como “ponto de referência da navegação marítima” e do “pôr-do-sol, um dos mais belos do mundo” nesta ponta do barlavento algarvio, na carta o autarca lembra que anualmente aquela localidade acolhe mais de meio milhão de visitantes. E acrescenta que só a Fortaleza de Sagres recebeu mais de 335.000 em 2016.

“A única forma de os turistas chegarem a Sagres é através dos meios rodoviários, utilizando para o efeito as estradas nacionais 125 e 268. Sagres e o concelho de Vila do Bispo têm sido desprezados ao longo dos anos ao nível das acessibilidades, a linha ferroviária e a A22 apenas chegaram ao concelho vizinho de Lagos. A EN 125 é a única via de acesso de Sagres ao litoral algarvio, mas om as recentes obras de requalificação, em nome da suposta segurança, tornou-se mais difícil chegar a Sagres. Uma viagem de 30 kms. entre Lagos e Sagres demorava cerca de 30 minutos, agora no Verão demora horas”, lamenta Luís Paixão, alertando que “esta situação faz com que os operadores turísticos procurem novos destinos, afetando gravemente a economia de Sagres”. “A preocupação extrema de segurança da Infraestruturas de Portugal na EN 125, falta na EN 268 à entrada de Sagres”, faz notar.

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VIA ARRISCADA PARA VIATURAS, IDOSOS E CRIANÇAS
Ao prosseguir no diagnóstico àquela via, o presidente da Junta de Freguesia observa que “o cartão-de-visita de Sagres” não apresenta “as mínimas condições de segurança para peões e automobilistas”. “Esta falta de segurança está bem patente nas bermas da estrada, que obrigam os peões a transitar na faixa de rodagem. Apesar de esta via ser a espinha dorsal de Sagres, por onde transitam milhares de veículos, não tem tido nos últimos anos a manutenção devida. Não tem passeios, o pavimento está em mau estado, não tem rede de drenagem das águas pluviais, tem a sinalização vertical danificada, a sinalização horizontal é escassa, foram pintadas as passadeiras em agosto de 2016, mas devido à falta de qualidade da tinta já estão apagadas”, reforça Luís Paixão nas suas críticas.

Por outro lado, refere que a EN 268, além de ser a entrada de uma localidade que recebe por ano mais de 500 mil visitantes, “dá acesso a uma superfície comercial, várias casas de comércio e à escola primária, e é uma via por onde transitam idosos, crianças e centenas de automobilistas diariamente.”

CRÍTICAS À INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL
Nos últimos anos, prossegue Luís Paixão, “a Junta de Freguesia de Sagres e a população têm manifestado junto da Infraestruturas de Portugal o seu descontentamento e a sua revolta pelo estado deplorável em que esta via se encontra, através de mais de 500 cartas, abaixo-assinados e ‘emails’.”

A concluir a carta entregue a Pedro Marques, adverte: “Senhor ministro, a falta de sensibilidade da Infraestruturas de Portugal está a fazer com que a paciência da população atinja o limite do razoável. A Junta de Freguesia não tem mais forma de evitar que a população parta para ações que podem pôr em causa a normal circulação rodoviária. A população já não acredita em cartas, ‘emails’ e abaixo-assinados.”

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