Sam The Kid & Mundo Segundo com Napoleão Mira em Loulé

Para a noite de 24 de abril, pelas 21h30, em que se celebram em Portugal os 45 anos da Revolução dos Cravos, o Cine-Teatro Louletano programou um concerto único e muito especial que junta em palco filho e pai: Sam The Kid (com Mundo Segundo) e Napoleão Mira (com Sickonce).

A proposta de juntar nesta ocasião simbólica e no mesmo palco, em Loulé, poetas de gerações diferentes e que têm em comum laços de parentesco, como é o caso de Samuel Mira (Sam The Kid) e Napoleão Mira, está intimamente ligada a uma atenção crítica à realidade social (habitação, educação, economia, religião, convívio/conflito entre grupos, violência) que é, de resto, apanágio dos universos do hip-hop e de uma cultura de intervenção musical centrada na figura do cantor, a qual floresceu durante o período ditatorial e se prolongou para lá da Revolução dos Cravos.

Conhecido como um estilo de música com uma subcultura própria, o hip-hop é, antes de mais, uma manifestação artística de rua que surgiu na década de 70 do século passado um pouco por todo o Mundo e também em Portugal, com regras próprias de indumentária, linguagem, temas, comportamentos e o rap associado, sendo este sinónimo de ritmo e poesia.

A parceria entre Sam The Kid e Mundo Segundo vem de longe, e moldou-se sempre em palco e nos estúdios. Entre os dois há uma história longa de dedicação à causa das rimas e das batidas. Em segredo, ambos têm cozinhado um álbum feito a duas vozes e quatro mãos, do qual já são conhecidos quatro temas, que promete ficar para a história do hip hop nacional e que é certamente um dos mais aguardados de sempre. Mundo é o homem do leme do coletivo ‘Dealema’, um dos mais empenhados membros do movimento que se espalhou do sul para norte e que se tornou língua franca nas ruas. Com o seu grupo de sempre gravou algumas das mais preciosas peças do puzzle hip hop nacional, incluindo o muito aplaudido Alvorada da Alma. Sam The Kid é certamente um dos mais fortes símbolos que esta cultura gerou em Portugal. Insuperável na arte das rimas – como Entre(tanto) de 1999 ou Sobre(tudo) de 2002, verdadeiros clássicos, provam para lá de qualquer dúvida –, Samuel Mira também fez escola na MPC.

Quanto a Napoleão Mira nasceu em Entradas, concelho de Castro Verde, em 1956. Vive no Algarve, em Lagoa, desde 1983. Fundou, dirigiu e colaborou em várias revistas e jornais. No campo musical assinou ‘Pratica(mente)’ e ‘Slides — Retratos da Cidade Branca’ para o aclamado disco Pratica(mente) de Sam The Kid, seu filho. Também com este criou e interpretou, para o primeiro Festival Silêncio!, o espetáculo ‘Palavras Nossas’. Colaborou em vários trabalhos discográficos, nomeadamente com Dino & The Soulmotion, Orelha Negra, Sir Scratch e o projeto ‘Hip Hop Pessoa’. Napoleão Mira publicou diversos livros, entre eles crónicas, relatos de viagens, romances. Nos últimos anos criou quer com o coletivo Reflect (Pedro Pinto/Kimahera) quer, mais recentemente, com o projeto ‘Grafonola Voadora’ (com Luís Galrito e João Espada) vários formatos em torno da spoken word e dos seus cruzamentos com a poesia cantada e a música instrumental.  

O espetáculo tem a duração prevista de 75 minutos com o preço associado por pessoa de 12 euros (ou 10 euros para maiores de 65 e menores de 30 anos) com Cartão de Amigo aplicável, sendo aconselhado a maiores de 12 anos.

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