Tomás Barroso: “O meu êxito é resultado de muito trabalho, empenho e sacrifício”

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Natural de Albufeira, Tomás Barroso, jogador da equipa de basquetebol do Benfica, falou com a Algarve Vivo sobre a paixão pelo desporto que nasceu no Algarve, revisitou os principais marcos da carreira em Espanha e Portugal e confidenciou o que mais deseja para o futuro.

Irina Fernandes

É natural de Albufeira e vive, presentemente, em Lisboa. Que ligação mantém com o Algarve?
Sou natural de Albufeira e vivi cerca de 16 anos nesta cidade. Sempre que posso dou um ‘saltinho’ ao Algarve, e visto que o meu tempo é bastante limitado,  gosto de aproveitar cada segundo que tenho com a minha família e amigos, quer em casa a comer os petiscos do meu pai, quer nas esplanadas à beira-mar.

É hoje jogador da equipa de basquetebol do Benfica. Quando e como nasceu o interesse por este desporto?
O desporto sempre fez parte do meu dia-a-dia. Apesar dos problemas respiratórios que tenho (asma), a minha vida não faria sentido sem o exercício físico. A minha grande influência para a prática desportiva foi o meu pai, que tendo sido jogador de andebol queria que eu tivesse seguido as suas pegadas. Isso não aconteceu, pois na altura não existia nenhum clube perto de casa. Virei-me, então, para o futebol, desporto que praticava todos os dias, quer na escola quer na rua. Passadas duas semanas no clube da cidade, percebi que aquele ambiente não era para mim e que estava na altura de me inscrever no basquetebol.

Saiu de casa aos 16 anos para jogar ao serviço do Torrelodones, em Espanha. Como surgiu essa oportunidade?
Sempre dei uma grande importância à minha formação como jogador e, pelo menos uma vez por ano, inscrevia-me nos chamados ‘campos de treino’ para desenvolver certos componentes do meu jogo. Aos 16 anos inscrevi-me num campo que se realizava em Madrid, na Páscoa, e foi aí que surgiu o convite da direção do C.B. Torrelodones para integrar a equipa no ano seguinte.

Que sacrifícios se viu obrigado a fazer ao longo da sua carreira?
Sempre tive bem presente os sacrifícios que fiz pelo basquetebol e hoje, é com orgulho que vejo que não foram em vão. Foram muitas horas no pavilhão, verões em campos de treino, convívios com os amigos cancelados, notas e avaliações académicas abaixo do que podia fazer, etc. Mas tudo valeu a pena e não me arrependo de nada.

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É pela mão do treinador Goran Nogic que se dá a sua entrada no Benfica. Como conquistou um lugar no clube?
Todos os verões trabalhava durante várias semanas com o Goran e dessa nossa relação já tinha surgido um convite para jogar no Benfica, o que não se veio a concretizar pois a minha prioridade era Espanha. Mais tarde, e durante o processo de recuperação da lesão,  o Goran não deixou de acreditar nas minhas capacidades e voltou a convidar-me para jogar no escalão Sub’20 do SLB, dessa vez aceitei.

Que balanço faz da sua carreira ao serviço do Benfica?
O balanço é bastante positivo. Este é o quarto ano e tenho atingido os objetivos que me são propostos, a nível interno ganhei todas as competições que havia para ganhar, e este ano vamos à Eurochallenge.

Como explica o seu êxito profissional?
É o resultado de muito trabalho, muito empenho e muito sacrifício. Enquanto as crianças da minha idade estavam junto dos pais, eu aos 16 anos vivia em Espanha, longe da minha família e de tudo aquilo que me era próximo. Hoje em dia ver que tudo valeu a pena, faz-me pensar que todos os esforços que faço agora serão as vitórias do futuro.

Que análise faz à atual realidade do basquetebol no Algarve?
O basquetebol está a passar por uma grande crise a nível nacional e o Algarve não é exceção. Os clubes têm cada vez menos condições, o que gera um grande desinteresse por parte dos jovens.

É ainda muito difícil para um jovem algarvio conseguir sair da região e conquistar um lugar no desporto nacional?
É óbvio que um jogador da zona de Lisboa tem muitas mais oportunidades, facilidades e competição que um jogador do Algarve, mas isso nunca me impediu de continuar a trabalhar e acreditar nas minhas capacidades. Temos de aproveitar o que nos dão e se têm problemas de visibilidade a nível interno, as competições de equipas a nível nacional e as de seleções regionais são uma boa forma de mostrar o talento e as capacidades de cada jogador.

Que conselho deixa aos jovens que praticam basquetebol no Algarve e sonham singrar nesta modalidade?
Em primeiro lugar, tentem sempre conciliar o basquete com a escola, a formação académica é muito importante e não deve ser descurada; depois, acreditem sempre no vosso potencial. Nada vem sem trabalho e sem espírito de sacrifício.

O que deve ser feito pelas entidades locais para dinamizar o desporto?
Os tempos são difíceis e a margem de manobra é cada vez mais pequena, mas há sempre algo que se pode fazer. A nível de infraestruturas, penso que estamos bem servidos mas temos que lhes dar utilidade; a nível de clubes, penso que as pessoas têm que assumir as suas responsabilidades e serem profissionais em tudo o que fazem, mostrando serem capazes de ganhar esta luta contra o sedentarismo e as tecnologias, que tanto afastam os jovens do desporto. E aqui surge a minha maior crítica ao desporto nacional e, em particular, ao basquetebol. Refiro-me à formação, pois é o momento que considero mais importante no processo evolutivo de um atleta e que hoje em dia é visto como um ATL.

 

PERFIL

Nascido a 2 de novembro de 1990, Tomás Barroso é natural de Albufeira. Joga, presentemente, com a camisola 21 na equipa de basquetebol do Benfica. Mede 1,85 cm e pesa 88 kg. Deu os primeiros passos no Clube de Basquetebol de Albufeira. Em 2006, integrou o grupo de basquetebol de Torrelodones, em Espanha. Foi em 2008 que, pela primeira vez, jogou ao serviço do Benfica. Regressou ao clube dos encarnados em 2011.

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