A origem do feijão português
Apesar de o feijão representar 75% do consumo total das leguminosas em Portugal, apenas 9.4% é de origem nacional.
O feijão português tem características genéticas únicas, com valor nutricional, de sabor e resistência a doenças agora descobertas que poderão permitir a sua valorização no mercado e contribuir para a economia nacional.
Estes resultados foram obtidos por investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), com colaboradores do INIAV e da Universidade de Zagreb, Croácia, que estudaram 175 variedades de feijão portuguesa tendo descoberto a sua origem e evolução e sistematizado as suas características morfológicas mais típicas.
Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Plant Sciences. Apesar de o feijão representar 75% do consumo total das leguminosas em Portugal, apenas 9.4% é de origem nacional.
A maioria das variedades disponíveis no mercado são importadas sendo as tradicionais portuguesas consumidas sobretudo por pequenas comunidades rurais. “Estudar o feijão português deu-nos dados genéticos que nos permitem perceber a evolução da espécie no nosso país ao longo dos séculos em que tem sido cultivada e consumida” segundo Carlota Vaz Patto, investigadora do ITQB NOVA responsável por este estudo.
“Para além disso, os resultados que agora obtivemos vão permitir que este recurso nacional seja também valorizado pela comunidade científica mundial”. O feijão é originário da América, havendo dois centros a partir dos quais se espalhou para o resto do mundo: os Andes e a América Central.
Em Portugal foi introduzido na altura dos Descobrimentos (séc XV – XVI) e desde então tem sido cultivado e selecionado por diversas gerações de agricultores em todo o País. Com o trabalho de investigação do laboratório de Carlota Vaz Patto, do ITQB NOVA, descobriu-se que a maioria dos feijões cultivados em Portugal é geneticamente mais próximo do original Andino, mas 1/3 das sementes analisadas resultaram do cruzamento e combinações genéticas entre feijões dos dois grupos originais.
Os agricultores portugueses têm vindo a cruzar variedades muitos diferentes entre si ao longo dos últimos cinco séculos, tendo resultado uma mistura portuguesa com combinações genéticas únicas e com grande interesse para o melhoramento do cultivo do feijão.
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