Próximo Verão promete ser tórrido na contestação às portagens da A22
“Três anos de portagens revelaram-se uma autêntica tragédia para a região do Algarve”, concluiu a Comissão de Utentes da Via do Infante após a reunião de balanço sobre as consequências daquela medida governamental, realizada no passado fim-de-semana em Loulé.
Na ocasião, foram ainda agendadas novas formas de luta anti portagens na A22, as quais incidirão particularmente no mês de agosto.
Segundo os contestatários, “devido ao tráfego intenso e por falta de condições, a EN 125 transformou-se, de novo, na estrada da morte”, tendo aí morrido neste período “cem pessoas e muitas foram as centenas de feridos em milhares de acidentes, a uma média de 20 acidentes de viação por dia e 600 acidentes por mês”, o que aquela comissão considera “um verdadeiro estado de guerra na região”.
Depois de lembrarem o acidente que neste domingo originou uma vítima mortal e três feridos graves, os responsáveis pela Comissão sustentam que “esta terrível tragédia tem de parar quanto antes e os seus principais responsáveis são os governantes que impuseram as portagens”.
Também consideram que as portagens “contribuíram para a ruína da economia da região e agravaram as dificuldades sociais de muitas famílias, tendo disparado as falências, os salários em atraso e o desemprego”, enquanto a requalificação da EN 125 “continua a marcar passo e encontra-se cada vez mais degradada”, ao passo que “as multas exorbitantes e as penhoras em catadupa pelo não pagamento de portagens transformaram-se numa injustiça e num escândalo gritantes”.
“Como se isto não bastasse, a concessionária continua a encher os bolsos com muitos milhões à custa dos contribuintes, transferidos pelo Governo, sem dó nem piedade, e falta coragem a Passos Coelho para acabar com as portagens e pôr fim a uma PPP deveras ruinosa para o Algarve (e o país), mas já não lhe falta a vergonha para continuar a cortar nos salários, subsídios e pensões dos cidadãos”, acusam os membros da Comissão de Utentes da Via do Infante.
Ações intensificam-se em agosto
Para a época estival que se aproxima, foi agendado neste encontro um conjunto de ações pela abolição das portagens na A22, no âmbito de uma “Jornada de Luta/Verão 2015”, de onde se destacam o envio ontem de uma carta ao secretário-geral do PS a solicitar uma audiência, com caráter de urgência, para tratar das portagens, das suas consequências e do seu futuro no Algarve, uma marcha lenta de viaturas na EN 125 a 23 de maio, com colocação de um memorial e assinalar um momento de silêncio num local onde ocorreram vítimas mortais, assim como nova ação contra a “estrada da morte”, na EN 125, no dia 4 de julho.
Em agosto, a Comissão de Utentes vai deslocar-se de novo à Aldeia da Coelha para fazer o despedimento/despedida do Presidente da República, pois este é o último ano que Cavaco Silva exerce o cargo, “e os algarvios não esquecem as suas responsabilidades na imposição das portagens”, estando também prevista para o mesmo mês uma deslocação à Praia da Manta Rota, onde os contestatários farão “uma acampada para desalojar Passos Coelho da sua casa de férias”.
Em complemento, esta comissão pretende marcar de novo presença na Festa do Pontal, “relembrando ao Primeiro-Ministro e aos seus ministros e amigos que a luta contra as portagens continua mais forte do que nunca, fazendo-lhes recordar as suas responsabilidades na tragédia do Algarve e que continuam ‘personas non gratas’ nesta região.
Para essa jornada de luta, o objetivo será juntar forças com diversas personalidades e entidades e com outros movimentos sociais, como o Movimento Algarve Sem Portagens e o Movimento Je Suis Ilhéu, que luta contra as demolições nas ilhas barreira da Ria Formosa.