Anunciados mais sete nomes para o Festival MED
Dhafer Youssef (Tunísia), Os Tubarões (Cabo Verde), Eneida Marta (Guiné-Bissau), Francisco el Hombre (Brasil), BaBa ZuLa (Turquia), Los de Abajo (México) e DJ Riot (Portugal) foram os nomes anunciados pela organização do Festival MED, esta quarta-feira, durante mais uma sessão de apresentação da 16ª edição, que decorreu no renovado Capitólio, em Lisboa. Numa altura em que são já conhecidos quase todos os artistas que farão parte do cartaz para este ano, esta presença na capital constituiu mais um dos momentos de comunicação do evento que, de resto, está a ser uma das apostas em 2019.
Sem esquecer a identidade artística que construiu com a sua experiência e com a busca constante de sonoridades, o multipremiado alaudista tunisino Dhafer Youssef continua a transcender géneros. A sua fusão de jazz e música árabe promete um concerto memorável em Loulé.
Num momento em que se redescobre a memória musical de África, em que editoras internacionais investigam o enorme legado da música de Cabo Verde que inspira cada vez mais músicos das novas gerações, Os Tubarões não podiam deixar de se reencontrar com o presente. Até porque são um dos maiores emblemas musicais de Cabo Verde, autênticas lendas que espalharam por uma discografia algumas das mais importantes peças do cancioneiro de um país que continua a inspirar o mundo.
De regresso ao Festival MED passados dez anos, a guineense Eneida Marta traz as melodias da sua terra natal, mesclando o género local gumbé com o jazz. Construiu um som próprio que tem como referência nomes clássicos da música guineense, principalmente os cantores homens que foram sua inspiração. Talvez isso explique que a voz que realmente marca Eneida Marta seja a sua voz interior, a que a faz cantar a vida, o amor, em letras de poetas que, como ela explica, “deixam sempre algo para decifrar”.
Francisco el Hombre é mais um dos nomes brasileiros confirmados nesta edição do Festival MED. É um projeto visceral que expurga vivências, urgências e o que mais estiver entalado na garganta por meio de canções, que reúne na sua sonoridade rock, música brasileira, música mexicana. Através das letras das suas músicas, são uma voz ativa em questões como a violência doméstica, a igualdade de géneros, entre outras. Em 2017, foram nomeados para o Grammy Latino para a Melhor Canção de Língua Portuguesa.
BaBa ZuLa é uma das bandas que melhor dá continuidade à tradição do rock psicadélico de Istambul, que teve os seus anos dourados nos anos 60. Desde 1996, transportam para o palco atuações que são como rituais, onde se misturam dança, figurinos elaborados, poesia, teatro e artes plásticas. A formação põe, lado a lado, instrumentos de raiz tradicional, como o darbuka e o saz elétrico, com colheres de pau, brinquedos e eletrónica. Além do rock psicadélico, o dub, numa reinterpretação oriental, é outra componente do seu som. Prometem hipnotizar o público em Loulé.
Los de Abajo, cujo nome é inspirado no romance homónimo do escritor mexicano Mariano Azuela, forjou a sua identidade num espírito revolucionário, tocando em comícios de estudantes e trabalhadores, com artistas, soldados zapatistas, movimentos gays e de direitos das mulheres, e muitos outros grupos de pensadores livres fora do mainstream. Ao longo dos anos, Los de Abajo levaram a sua sonoridade dançável aos quatro cantos do mundo, marcando presença em alguns dos mais prestigiados festivais como o Festival de Glastonbury, o Festival Paleo, o Festival Gurten e o WOMAD.
Depois do sucesso internacional com os Buraka Som Sistema, um pioneiro na cena zouk bass, Rui Pité – DJ Riot – mergulhou num projeto em nome próprio. O seu trabalho é uma viagem exploratória pelas sonoridades urbanas mais recentes, mas sempre com uma fundação muito forte baseada naquilo que juntamente com Branko, Kalaf, Conductor e Blaya, criou o Som de Lisboa com influências claras na diáspora. Do afro-house ao hip-hop, do kuduro ao drum’n’bass, desde que faça sentido, é certo que estará presente num espetáculo de Riot.
Estes artistas irão juntar-se aos já anunciados Marcelo D2, Mellow Mood (Itália), Marinah (Espanha), o projeto multicultural e transnacional The Turbans (Bulgária/Israel/Irão/Grécia/Turquia/Reino Unido), Kel Assouf (Níger/Bélgica), Selma Uamusse (Moçambique/Portugal), Orkesta Mendoza (Estados Unidos/México), Anthony Joseph (Trindade e Tobago), Moonlight Benjamin (Haiti/França), Dino D’Santiago (Portugal/Cabo Verde) Tshegue (Congo/França), Gato Preto (Gana/Moçambique/Portugal) ou os portugueses Gisela João, Dead Combo, Diabo na Cruz, Cais do Sodré Funk Connection, Omiri, Camané e Mário Laginha, Márcia, Ricardo Ribeiro, Júlio Pereira, Ruben Monteiro e Luís Galrito com João Afonso.
Da parte da organização, Carlos Carmo, diretor do Festival MED e vereador da Câmara Municipal de Loulé, sublinhou a “qualidade e diversidade do cartaz musical criado para este ano”. Este responsável reforçou a importância das medidas ambientais implementadas no recinto que foram já premiadas em diversas ocasiões, assim como a multidisciplinaridade do evento, com a aposta noutras vertentes culturais para além da música, que vão das artes plásticas à poesia, passando este ano pelo reforço do cinema e a introdução do teatro no programa.
É precisamente através da “simbiose quase perfeita” entre a sétima arte e a música que se prevê que os espetadores possam também ser surpreendidos. Como explicou Rui Tendinha, curador do Cinema MED, o objetivo é criar sessões contínuas de curtas-metragens entre os concertos, em que a ideia é que o cinema seja “algo orgânico”. Alguns dos realizadores vão estar em Loulé para apresentar o seu trabalho e haverá também uma conferência Talk MED dedicada à ligação entre estas duas expressões artísticas, música e cinema.
Mas um dos momentos altos deste Cinema MED vai ser a estreia nacional do filme “Gabriel e a Montanha”, película brasileira que esteve no Festival de Cannes e que “tem um espírito de viagem, que combina na perfeição com aquilo que é o MED”. Haverá ainda cinema feito por músicos, com destaque para a ‘curta’ de Marcelo D2, prevendo-se a participação do músico nesta apresentação. “Os festivais de música vão ter cada vez mais cinema. Esta é uma tendência que se vai sentir cada vez, também em Portugal”, frisou ainda este crítico da sétima arte.
Esta sessão onde foram anunciados mais nomes do cartaz do Festival MED contou com um showcase de Remna Schwarz, artista cujo trabalho constitui “o pulsar da nova música da Guiné-Bissau”. Vencedor do prémio revelação Printemps de Bourges em 2005, Remna é o primeiro nome confirmado para a edição de 2020 do Festival MED. Também o DJ Riot subiu ao palco do Capitólio para animar esta sessão, levantando um pouco o véu daquilo que será o final de festa da 16ª edição do Festival MED. Até porque é com o seu DJ Set que irá encerrar o evento. Os bilhetes já estão em pré-venda na BOL, parceiro do Festival MED, através do link https://bit.ly/2W2cLvy