StartUp Portimão: Uma ‘fábrica’ de projetos e empresas
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Texto: Jorge Eusébio
De portas abertas há cerca de três anos e meio, a StartUp Portimão tem funcionado, ao longo deste período, como a ‘casa-mãe’ de muitos empreendedores e empresários.
A incubadora resulta de uma iniciativa da Câmara Municipal, em parceria com a empresa Territórios Criativos, que a gere. Nesta altura encontram-se instalados naquele espaço 22 projetos, nas áreas da energia, mobilidade, turismo, governança e qualidade de vida, envolvendo um total de 29 postos de trabalho.
Uma das responsáveis dos Territórios Criativos é Teresa Preta, que faz “um balanço muito positivo do trabalho desenvolvido”.
Lembra que, no início surgiram muitas críticas pelo facto da incubadora se instalar no Autódromo Internacional do Algarve, a vários quilómetros do centro da cidade. No entanto, essa circunstância “não teve qualquer tipo de consequências negativas, antes pelo contrário”. Os pedidos de empreendedores para aí se instalarem surgiram desde o princípio, tendo, em várias fases, a capacidade ficado praticamente esgotada.
Por outro lado, têm sido feitos contactos muito proveitosos e até várias sinergias com empresas que participam em eventos ou provas do Autódromo e que, por ali se deslocarem, ficam a conhecer a StartUp e os empreendedores que nela trabalham.
A lógica de Teresa Preta e dos seus colegas tem sido “a formação de parcerias não só com outras incubadoras, empresários e empresas, como com entidades públicas e instituições de ensino”. Isso implica “não ficarmos fechados nas instalações físicas, mas também avançarmos com iniciativas de envolvimento da comunidade”.
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Uma delas intitula-se “Empreendedorismo nas escolas” e já chegou a 314 alunos de 14 turmas de estabelecimentos de ensino do concelho.
Essa e outras atividades encontram-se, atualmente, suspensas devido à crise pandémica que atravessamos. No entanto, continuam a ser desenvolvidas ações de formação e de contacto entre empreendedores, usando para o efeito, essencialmente, meios de comunicação digital.
Um deles, que até esteve para ser cancelado, um ‘Bootcamp’ (ação de formação intensiva), revelou-se um “grande sucesso”, uma vez que envolveu empreendedores de vários pontos do globo, tendo daí resultado diversos pedidos para instalação de projetos internacionais.
Negócio com Espanha e Itália no horizonte
Leonardo Mariano é um dos empreendedores que escolheram a StartUp Portimão para instalar e fazer crescer o seu negócio, o ‘Breakfastaway’.
Trata-se de um serviço de entrega de pequenos-almoços ao domicílio que, atualmente, funciona em Lisboa, Porto e Braga e que, muito brevemente, irá, também, chegar a Portimão e Lagos e, a partir daí, expandir-se para todo o Algarve.
Mas a ambição de Leonardo Mariano não é contida pelas fronteiras nacionais. Já está a pensar na internacionalização, tendo definido como primeiro ‘alvo’ a Espanha e, como segundo, a Itália.
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Através da sua plataforma online, diz o empresário, “qualquer pessoa, empresa ou instituição pode pedir a entrega de um pequeno-almoço de hotel em sua casa”.
O projeto nasceu em 2018, com outros fundadores, mas foi este ano que registou o seu maior crescimento. A pandemia da covid-19 não teve, neste caso, consequências negativas, antes pelo contrário, pois “a empresa cresceu 45%”.
Empresas pagam pequenos-almoços a funcionários
A vertente que mais tem contribuído para esta evolução positiva é a corporativa. Muitas empresas têm os seus funcionários a trabalhar a partir de casa e, sobretudo quando há reuniões ‘virtuais’, algumas delas contratam os seus serviços para levarem o pequeno-almoço aos participantes.
Ainda recentemente, diz Leonardo Mariano, “uma grande empresa contratou-nos para fazer uma entrega dessas, em simultâneo, em Lisboa, Porto e Braga, que correu muito bem”.
O seu modelo de negócio consiste na realização de parcerias com pastelarias que se situem nas zonas onde a empresa está implantada. Elas preparam os pedidos, que depois são levados à casa dos clientes através de estafetas.
Outro importante nicho de mercado é o das ofertas. Há quem decida oferecer, nos aniversários ou em outras datas importantes, um pequeno-almoço a um familiar ou amigo, juntamente com uma mensagem de parabéns.
Leonardo Mariano mostra-se entusiasmado com a evolução que a sua empresa tem tido e as perspetivas que se lhe apresentam. Considera que “a pandemia veio forçar as pessoas e as empresas a utilizarem cada vez mais os canais digitais, acho que em menos de um ano atingiu-se, a esse nível, um patamar que, em condições normais, só alcançaríamos numa década”.
Teletrabalho veio para ficar
Por outro lado, acredita que o teletrabalho veio para ficar e que, por isso, o tipo de serviço que proporciona vai continuar a ter cada vez maior procura. E, como as coisas têm corrido bem e as previsões são positivas, o empresário não pensa introduzir grandes alterações no seu modelo.
Quanto muito, em termos de diversificação, apenas admite “eventualmente, começar a entregar lanches, a meio da tarde, mas não mais do que isso, quero manter a essência do negócio”.
Vindo do outro lado do Atlântico, do Brasil, este contabilista e economista de 43 anos de idade arrancou com o seu projeto através do programa StartUP Visa, que dá facilidades de acolhimento a empreendedores estrangeiros que pretendam investir em Portugal.
Isso implicava que se estabelecesse numa incubadora de negócio, tendo, já este ano, optado pela StartUp Portimão por entender que “as pessoas que a dirigem são bastante ativas e dinâmicas e prestam um importante apoio aos empreendedores, sobretudo ao nível da mentoria e dos contactos”.
Uma nova forma de projetar edifícios
Outro dos empreendedores que funcionam a partir da StartUp Portimão é Nuno Rio, com o seu projeto empresarial ‘Planobim’.
Tal como o nome indicia, trata-se de uma empresa que utiliza a tecnologia Bim (Building Information Modeling), através da qual é possível construir modelos tridimensionais digitais muito rigorosos e pormenorizados de edifícios, aeroportos e outros empreendimentos.
A empresa de Nuno Rio, “trabalha, por um lado, na digitalização e criação de um modelo virtual de edifícios que já existem e, por outro, na criação, de raiz, deste tipo de modelos, mas para imóveis que ainda vão ser construídos”.
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Uma das grandes vantagens que este arquiteto e docente considera existir na adoção da tecnologia que utiliza é que “ela otimiza os processos de controlo e gestão dos investimentos, o que se reflete na diminuição de custos”.
Há estudos internacionais que indicam que, por esta via, se conseguem “poupanças de 70% em trabalhos a mais”.
Isso consegue-se porque, desde logo, o projeto tridimensional permite “conceber, de forma digital, todas as vertentes do edifício, de forma a que quando se chega à parte da construção praticamente o que há a fazer é ‘apenas’ a montagem de peças pré-construídas, sem erros e sem enganos”.
Por outro lado, quando a equipa que está no terreno se depara com qualquer problema imprevisto, “por exemplo, o solo ser diferente do que se esperava, temos a possibilidade de cruzar os dados de forma mais dinâmica e, numa manhã, tomar decisões para resolver a situação, o que, se calhar, em condições normais, levaria 15 dias”.
Tecnologia ajudou a construir hospital em poucas semanas
Praticamente no início da pandemia, um feito que espantou o mundo foi a construção de um hospital em poucas semanas, na China, um processo que teve por base esta tecnologia.
Em face de todos estas vantagens, a utilização da tecnologia Bim já é obrigatória em vários países do mundo e “também deverá passar a sê-lo em Portugal, dentro de dois ou três anos”.
A partir daí, alargam-se bastante as perspetivas de negócio da sua empresa. Numa primeira fase, “o impulso deverá ser dado pela administração pública e pelas grandes empresas privadas, devendo posteriormente ser propagado em cadeia pelo resto da economia”.
Nuno Rio trabalha, profissionalmente, com esta tecnologia há já algum tempo. A ideia de criar uma empresa é antiga, mas só no início deste ano é que decidiu “colocá-la em prática”.
Apresentou-a à equipa da StartUp Portimão, que “teve uma grande abertura, disponibilizou-me um espaço, deu-me muito apoio e os resultados têm sido positivos, tenho o processo mais avançado do que esperava ter, nesta fase”.
Este é primeiro desafio empresarial de Nuno Rio que, nos últimos 15 anos, tem estado ligado às áreas de projeto e construção de edifícios, enquanto profissional na área, bem como à formação profissional e ao mundo académico. Também teve uma passagem pela política autárquica, como vereador do PSD no concelho de Vila do Bispo.