Centro cultural luso-holandês abre no centro de Portimão

Texto e foto: José Garrancho, in Portimão Jornal nº 65


Uma casa comercial famosa no passado e fechada há muitos anos, a Electro Santana, reabriu como centro cultural, suportado por turismo de habitação e estabelecimento de comidas e bebidas. E parece estar a atrair grupos etários entre os 15 e os 50 anos ao centro da cidade. Mais de 300 pessoas passaram por lá, na abertura, e o movimento tem continuado, com destaque para as sextas-feiras e sábados.

Este projeto pertence à família Ordaz Wentink: o pai, Eddy, tal como o irmão gêmeo, Marc, são holandeses, chegaram ao Algarve nos anos 80 do século passado e criaram o seu negócio; a mãe, Catarina, é portuguesa; os filhos, Kiara e Yuri, são nascidos e criados cá.

Foram mais de dois anos a refazer paredes e tetos que estavam deteriorados, mas ficou um espaço bonito e muito agradável, com várias zonas de lazer distintas e que permitem privacidade a quem o desejar.

Conforme os proprietários mostraram ao Portimão Jornal, a oferta é composta por cinco quartos destinados a turismo local, no primeiro andar, o que lhes irá permitir angariar receita extra para ajudar a suportar a vertente cultural. No rés-do-chão, uma estrutura de restaurante e bar, será um ponto de encontro mais consistente, e um salão cultural polivalente, onde pretendem criar vários tipos de dinâmica.

Centro de retiros transforma-se em centro cultural
Segundo Yuri, responsável pela gestão do negócio, os seus pais e o tio “amealharam algum dinheiro e, há quatro anos, decidiram adquirir o prédio, inicialmente para fazer um centro de retiros, porque a mãe é professora de yoga”. No entanto, Catarina, depois, optou por fazer o centro fora da cidade e, entretanto, começou a pandemia e o jovem, “que estava a trabalhar com turismo e arte, em Lisboa”, regressou, conta. A pandemia desapareceu e eles propuseram-me começar aqui um projeto cultural de algum tipo.

“Saí de Portimão porque queria explorar e conhecer mais o país e o mundo. Uma das coisas que mais me chocava nesta cidade era não haver vida cultural, pontos de encontro. Temos Alvor, onde ainda há umas coisas giras, e a Praia da Rocha, super turística e pop, sem interesse para a maior parte das pessoas de cá. O centro foi muito desprezado. Ainda tivemos aqui o Marginália, durante muito tempo, e depois ficaram apenas o ‘Porta Velha’ e o ‘Quim’, que seguraram a ‘maltinha’ que se queria encontrar” nesta zona da cidade, constata.

Há que criar uma programação com várias vertentes de arte
A ideia é tentar desenvolver um local onde possam estimular música, dança, pintura, mercados, artesanato, fotografia, campeonatos de jogos de tabuleiro e tudo o mais que o torne um ponto de encontro de pessoas de todas as faixas etárias e com os mais diversos interesses culturais.

“Para já, estamos abertos das 11h00 à meia-noite, aos domingos, quartas e quintas-feiras, alargando o horário até às 2h00, nas sextas-feiras e sábados. Fechamos à segunda e terça-feira. Ainda estamos a formar a equipa da cozinha e só servimos comida a partir das 18h00. Mas, num futuro próximo, serviremos durante todo o período de funcionamento”, afirmam.

Também os eventos serão programados por trimestres. “No final de março vamos lançar o ‘Jornal da Aldeia’, uma publicação que irá divulgar a animação cultural, os menus sazonais e reportagens sobre as pessoas que estiveram envolvidas no processo de reconversão do espaço”, avançam ainda ao Portimão Jornal.

O Algarve na decoração

Denis Fedorca e Kim Schaedlich, decoradores de interiores, apostaram na mistura entre o moderno e o antigo, tentando preservar o ambiente algarvio. Assim, usaram texturas e cores a representar os diferentes negócios existentes no local, recordando também as diferentes realidades da região. Os azuis representam a gastronomia, o céu e o mar; os verdes, no alojamento local, dão uma maior aproximação à natureza e os vermelhos do centro cultural referenciam a argila e a areia. Os empresários tentaram usar o máximo de materiais orgânicos, dando primazia à madeira, utilizando muitas coisas antigas, adquiridas em leilões, reconverteram materiais existentes, como as portadas das janelas, reaproveitadas como tampos de mesas. O resultado é belo, confortável e atraente.

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