Nas Sesmarias joga-se pickleball pelo prazer do convívio

O Polidesportivo das Sesmarias, no concelho de Lagoa, ganhou uma nova dinâmica, desde o ano passado, quando passou a ser utilizado para a prática de uma modalidade que, aos poucos, conquistou um número significativo de adeptos no sul de Portugal. Chama-se pickeball e atrai ao espaço, que até à data tinha pouca ou nenhuma utilização, dezenas de praticantes reunidos num grupo informal.
Num ápice, aquilo que era considerado um pequeno grupo foi crescendo e atingiu uma dimensão significativa. E são números demonstrados pela aplicação de ‘smartphone’ gratuita que utilizam para registar as sessões de treino ou jogos. Hoje, conta já com 172 utilizadores registados para aquele espaço. São presenças regulares no Polidesportivo, às terças, quintas-feiras e sábados, entre as 10h00 e as 12h00, e há alturas em que chegam a ter 24 pessoas em campo. Dentro em breve, podem ainda jogar às quartas-feiras.
Ana Ramos é uma das praticantes integrada neste grupo que enumera, em declarações ao Lagoa Informa, algumas das vantagens relacionadas com a prática da modalidade e, ao mesmo tempo, conta como descobriu o pickeball e a razão que a levou a envolver-se neste grupo.
“É leve. E por várias razões. Somos um grupo informal composto por pessoas que jogam, que se divertem e aprendem umas com as outras”, afirma. Foi também com esta leveza que a modalidade chegou ao Polidesportivo das Sesmarias. Quem vivia perto deste equipamento reparou que os campos existentes estavam quase em desuso. Com uma raquete e uma bola, aos poucos, a infraestrutura ganhou uma nova utilidade.
Isto porque, outras pessoas, ao passarem, viam e decidiram juntar-se. Em pouco tempo, reuniram um grupo que jogava com uma certa regularidade. Ao atingir uma determinada dimensão, no final do ano passado, resolveram dirigir-se à Câmara Municipal de Lagoa, acerca da possibilidade de usarem com mais regularidade o Polidesportivo das Sesmarias.
A autarquia assentiu, pois afinal de contas já não faltam assim tanto para atingir as duas centenas de praticantes naquele espaço e é mais uma modalidade na zona, que promove o bem-estar.
Um grupo misto
Dos 172 utilizadores, há uma mistura de praticantes, mas a maioria são estrangeiros. “Temos alguns portugueses e, inclusive, dois deles, que praticam noutros campos e têm ganho torneios a nível regional e nacional, às vezes vêm jogar connosco pelo convívio”, assegura Ana Ramos.
Há pessoas com diferentes histórias de vida, as que jogam melhor, as que estão a aprender, reformados, trabalhadores ainda em vida ativa. Outros são residentes em permanência no concelho, mas há também aqueles que optam por viver em Lagoa no Inverno ou quem vem passar uma temporada no país para decidir se se muda para Portugal de vez.
“É curioso porque juntámos ali diferentes culturas, backgrounds e experiências de vida, com o ponto em comum de querer jogar e estar duas ou três horas a passar momentos divertidos. Temos, por exemplo, uma das jogadores que não tem uma perna” e usa uma prótese, descreve. “Ela joga bem, sente-se ativa e incluida. No fundo, é um grupo em que as pessoas não se conheciam, mas que agora se junta, ao ar livre, para jogar pickleball e conviver”, garante ainda.
Todos podem experimentar
Para já, num futuro próximo, não está nos planos criar uma associação, porque exige investimento económico, burocracia e não é essa a pretensão destes praticantes. O que fazem em troca de poderem usar o espaço público é ir tentando manter o equipamento limpo e com condições. Querem que a modalidade chegue a mais pessoas e, por isso, os interessados apenas têm de chegar, perceber as regras e experimentar.
Ana Ramos começou assim. Passou, viu que havia quem jogasse e resolveu experimentar. “Às vezes jogo mal, mas este é um grupo acolhedor e há sempre quem ajude a melhorar e colabora, perdendo um pouco do seu tempo, a ensinar. O facto de não haver um objetivo competitivo também nos dá a leveza de podermos falhar. É também verdade que podemos jogar com alguém que é bom e que nos ajuda a melhorar a nossa pontuação e, por sua vez, a nossa auto-estima melhora. Sentimo-nos bem”, assegura.
Vantagens? São muitas
O grupo é espontâneo e chega a organizar pequenas brincadeiras. Já promovemos um torneio entre nós. Claro que precisamos de alguma estrutura e organização interna, porque é um grupo recente e é necessário investimento pessoal para ter outros eventos, mas fizemos um primeiro torneio e foi muito divertido”, conta a praticante. Para o Natal, estão a pensar organizar, na manhã de dia 23, outra pequena ação.
O convívio e a entreajuda, a par do espírito colaborativo, são fortes mais valias. No entanto, Ana Ramos aponta ainda as competências físicas e mentais que são melhoradas. “A agilidade, a flexibilidade, a coordenação… Quem está sozinho ou reformado tem também um motivo para sair de casa e conversar, conviver e jogar. São necessárias quatro pessoas para uma partida e há laços que são criados. É impressionante o crescimento que tivemos desde janeiro”, descreve.
Uma modalidade descomplicada
Afinal, o que é o pickleball? Não é mais do que uma combinação de outras modalidades, mas encarada de forma menos exigente por quem a pratica. Ténis, badminton, padel ou pingue-pongue são semelhantes e é possível encontrar características destes desporto no pickleball. E não é uma moda recente, pois já existe desde 1965, altura em que foi criado nos Estados Unidos da América, por três amigos que queriam criar uma atividade divertida para os filhos, usando um campo e rede de badminton, raquetes de pingue-pongue e uma bola de plástico perfurada, usando regras simples adequadas a todas as idades. Conhecido por ser acessível, essa é uma das vantagens apontadas por Ana Ramos. “Sou uma pessoa que joga, mas até sou das mais fracas. Jogo pelo prazer e pelo convívio e, para mim, isso é o mais importante. Não há aqui, neste grupo, qualquer sensação competitividade e até somos um grupo muito inclusivo, muito leve. É uma brincadeira”, descreve.





