Portagens na Via do Infante e degradação da EN125 afastam espanhóis do Algarve
Elidérico Viegas, presidente da Direção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, realça que “o mercado britânico foi, é e será no futuro o principal fornecedor de turistas” a esta região” e insiste na necessidade de reforçar a aposta na promoção no Reino Unido. Em entrevista à Algarve Vivo, faz um balanço positivo deste ano e perspetiva que, em 2017, as receitas até poderão crescer mais do que a ocupação das unidades.
José Manuel Oliveira
A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) reconhece que 2016 é mesmo o melhor dos últimos anos no sector, mas, num primeiro balanço, alerta para problemas ainda existentes em muitas unidades.
“Assim é, embora os dados estatísticos globais não possam ser transportados para as empresas de igual forma. Em resumo, comparativamente ao ano anterior, as taxas de ocupação sobem sete por cento e o volume de negócios 13 por cento. Em boa verdade, os hotéis e os empreendimentos turísticos ainda não atingiram os valores que já registaram no passado, quer no que se refere às taxas médias de ocupação, quer no respeitante ao volume de negócios”, afirma Elidérico Viegas.
Ao contrário do britânico e do holandês, por exemplo, os mercados português e espanhol continuam a registar quebras nas unidades turísticas. O dirigente associativo explica as tendências que se estão a verificar nesta região.
“A descida da procura de nacionais e espanhóis nos hotéis e empreendimentos turísticos classificados oficialmente pode não significar menos turistas, já que existem fundadas certezas que indiciam a transferência destes clientes para o chamado alojamento local e outras formas de alojamento não registado, especialmente no que se refere aos turistas portugueses.”
Já em relação aos do país vizinho, insiste com avisos ao Governo: “A descida dos espanhóis, por outro lado, não pode ser dissociada das portagens na Via do Infante e à degradação crescente da EN 125.”
Natal e Passagem de Ano no fim-de-semana levam a estadias mais curtas
Apesar de muitos portugueses passarem o Natal fora de casa e em unidades hoteleiras, a situação não é, neste momento, significativa no Algarve.
“É verdade que estamos a assistir a uma tendência crescente de muitos nacionais celebrarem a Festa da Consoada em hotéis, embora esse número ainda seja muito reduzido, sobretudo no Algarve. Porém, quando tal acontece, as unidades mais procuradas são as de 4 e 5 estrelas”, refere Elidérico Viegas. E nota: “O facto de o Natal e Fim de Ano coincidirem com um fim-de-semana leva a estadias mais curtas e, por conseguinte, a menores receitas.”
Desvalorização da libra não pode ser ignorada
Em tempo de início de recuperação económica em Portugal, pergunta-se como se está a preparar o Algarve para eventuais reflexos negativos em Inglaterra, devido à saída deste país da União Europeia.
“O mercado britânico foi, é e será no futuro o maior fornecedor de turistas do Algarve. Mais do que uma fraqueza, esta realidade deve ser entendida como uma valência competitiva do Algarve face a outros destinos concorrentes. Afirmar que a saída da Inglaterra da União Europeia é má para os ingleses é não só despropositado e prepotente como arrogante da nossa parte – a maioria dos ingleses acha que não”, sublinha o presidente da AHETA.
Por outro lado, ressalva, “a desvalorização da libra, contudo, constitui uma preocupação que não pode nem deve ser ignorada, uma vez que retira poder de compra aos turistas exercendo, por essa via, uma forte pressão nos preços praticados.” E aproveita para lançar recados: “Acresce que o BREXIT vai ser um processo moroso, prolongando-se durante vários anos. Uma coisa é certa: A desvalorização da libra (20%) sem a instabilidade na Turquia e outros destinos concorrentes teriam colocado o turismo do Algarve à beira de um ataque de nervos. Também sabemos que as desvalorizações cambiais na atividade turística só produzem efeitos a partir dos 7/8 meses, não sendo de descurar alguma turbulência no mercado britânico no próximo futuro.”