Ambientalistas criticam projeto turístico para a Praia Grande

No dia 13 de maio, após uma manhã de atividades de observação e usufruto da natureza em torno da Lagoa dos Salgados e Sapais de Pêra, a Associação Almargem realizou um encontro junto à Praia Grande, onde foi feito o ponto da situação relativamente ao futuro da zona e debatidas ideias “capazes de garantir que este fantástico património possa ser recuperado e preservado para as gerações vindouras”, conforme foi expressado na ocasião.

“Por coincidência, ou não, os atuais promotores do empreendimento urbanístico previsto para esta área, uma das únicas ainda livre de betão na costa sul algarvia, desdobraram-se recentemente em contactos com a comunicação social, divulgando as supostas virtudes do seu eco-resort que iria adicionar mais quatro mil camas a uma área já turisticamente massificada”, foi criticado durante o encontro, realizado junto à Lagoa dos Salgados.

Entre as propostas surgidas no encontro da Praia Grande, a Associação Almargem decidiu avançar desde já com a apresentação ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas de um projeto de classificação de toda esta área como Reserva Natural ou Paisagem Protegida de âmbito nacional.

A mesma entidade ambientalista pretende também enviar uma exposição aos principais responsáveis políticos locais, regionais e nacionais “para que possam desenvolver os esforços necessários de forma a que os valores naturais passem a ser aqui a prioridade número um, em detrimento dos interesses de especulação imobiliária.”

A este propósito, os responsáveis da Almargem referiram que o projeto agora divulgado “é exatamente o mesmo de 2012, então apresentado com grande pompa e circunstância, e que contou com o beneplácito do executivo do Município de Silves e do Governo de então.” Segundo os ambientalistas, “desta feita vem, no entanto, vem com um rótulo ‘verde’ para enganar as pessoas, mas não deixa de incluir três hotéis, vários aldeamentos turísticos, e claro, mais um campo de golfe…”

EVITAR ERROS DO PASSADO

Os atuais promotores – CBRE e Millenium BCP, herdeiro da propriedade na qualidade de credor da recém-falida empresa  Finalgarve (ex-Grupo Galilei /ex-SLN-BPN) – “esforçam-se por associar o seu ‘eco’-resort ao que anteriormente foi designado por Parque Ambiental/Área Protegida de Iniciativa Privada, isto é, uma área supostamente intocada, de forma a branquearem (ou melhor, esverdearem) o impacto brutal do empreendimento”, segundo a Almargem.

“Acontece que aquela área não é mais que o conjunto formado pelas zonas de uso restrito integradas na REN, e como tal inviáveis para ocupação urbana, mas que não deixam de ser ocupadas parcialmente pelo campo de golfe, para além de terrenos situados na margem da Lagoa dos Salgados que não integram o empreendimento, por oposição dos respetivos proprietários”, sustentam os ecologistas, para quem o projeto será “mais uma réplica de tantos outros existentes por todo o Algarve litoral, repetindo erros de um passado infelizmente ainda bem presente e contrariando as boas intenções tantas vezes propaladas nos últimos tempos por responsáveis do turismo nacional e regional, que têm vindo a defender a importância para a região de um turismo de excelência e diferenciador.”

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