Artesanato e tradição marcam pontos na FATACIL
Os primeiros dias de FATACIL foram movimentados, com milhares de pessoas a percorrem as diferentes áreas da feira, não faltando animação para todos, desde os mais novos, com uma ‘Fun Zone’ maior, aos mais velhos, com vários pontos de interesse e diferentes espetáculos.
Entre os expositores, ainda que as opiniões se possam dividir em função da atividade, o negócio corre bem para Carlos Ribeiro pai, 76 anos, e Carlos Ribeiro filho, 50. São artesãos de Matosinhos e há 41 anos que participam no certame, que elogiam e recomendam.
“O que nos traz cá são as oportunidades de negócio, os clientes certos que já temos aqui e apreciam o nosso trabalho. Esta é uma feira muito agradável, com diversidade de público e é prestigiante para nós estar aqui”, explica o filho, enquanto o pai petisca qualquer coisa, antes de colocar mãos à obra numa peça.
Trabalham com prata e fazem tudo à mão, personalizando as peças em função do gosto do cliente. Por isso, são muito procurados e a presença no certame é rentável. “As pessoas sabem distinguir o que é artesanal do que não é, por isso ainda temos uma clientela fiel que vem todos os anos ter connosco e pede-nos novos artigos”, refere Carlos Ribeiro, revelando que “o mais procurado são os brincos, principalmente em forma de coração”.
Trabalham ao vivo, comunicam bastante com as pessoas e o seu trabalho fala por si. “Fazemos peças personalizadas. Há clientes que nos chegam com um desenho, nós apresentamos um orçamento e, se o cliente quiser, produzimos a peça durante a feira. Não nos limitamos a vender só o que temos em exposição”, acrescenta, o artesão que ‘cresceu’ na FATACIL.
“Vinha para cá em miúdo, acompanhava o meu pai e andava de um lado para o outro a brincar enquanto eles trabalhavam. Cresci a ver a feira todos os anos”, recorda. Por isso, conhece bem a região e Lagoa. “Por virmos cá sempre, já conhecemos o Algarve de ponta a ponta. Em Lagoa, chegámos a ir à Mostra do Doce Conventual, à Praia do Carvoeiro e a Benagil. Gosto muito da vossa gastronomia e dos vinhos, que são bons, nomeadamente os da Adega de Lagoa”, destaca.
Por sua vez, o pai, apesar dos 76 anos, ainda faz peças com perfeição, ainda que a um ritmo menor, e diz que esta é uma feira que lhe “agrada bastante”. Por isso, não falta nenhum ano.
A roda de oleiro
Procurando manter a tradição, no dia da inauguração, a organização colocou uma roda de oleiro ao lado do ‘stand’ do município, numa homenagem a esta arte e ao Mestre Fernando Rodrigues. Nela esteve a trabalhar Vítor Rodrigues, um dos seus ‘discípulos’.
“Como o primeiro dia é dedicado ao artesanato, pediram-me para demonstrar como se trabalha na roda de oleiro. Tem gerado muita curiosidade, as pessoas param aqui, fazem perguntas e está a ser muito positivo. Esta arte é ainda muito apreciada”, salienta, recordando o seu mentor. “Foi meu mestre durante 11 anos, mesmo até morrer. Quase tudo o que sei, aprendi com ele, apesar de, em barro, estarmos sempre a aprender”, diz.
A escola centenária
Num outro lado da feira, não muito longe do setor equestre, encontramos Virgílio Monteiro, um colecionador de antiguidades que reside em Porches. Depois de expor as suas peças no Convento de São José, na FNAC ou na Casa do Real Compromisso de Ferragudo, está este ano, pela primeira vez, na FATACIL com um espaço que tem chamado a atenção dos visitantes. Uma escola centenária, dos tempos ‘dos nossos avós’, e inúmeras peças antigas fazem parte do ‘stand’.
“Apresentamos uma exposição simples, sem demasiadas peças para não encher muito o espaço, e apresentamos uma escola primária centenária com diferentes artigos utilizados há cerca de 100 anos. Depois contamos com uma cama antiga, também com a mesma idade, uma manta de trapos, outra de lã e uma de papa, lençóis bordados e colcha de crochet. Tudo para as pessoas recordarem como eram as coisas antigamente. Depois temos ainda outros artigos mais pequenos. Na escola, temos os livros que eram utilizados e com os quais todos aprendiam”, refere o Virgílio Monteiro.
Satisfeito com esta presença e com o interesse gerado juntos dos visitantes, o colecionador mantém ainda aceso o sonho de abrir um museu em Porches. “É um objetivo antigo. Tenho centenas de peças e artigos antigos que gostava de mostrar às pessoas. Não temos nada assim no concelho e falta-nos um museu com estas características, até porque há outro espólio que existe e está guardado. Gostava de, antes de morrer, deixar este contributo para Lagoa”, afirma.
Sulcave, a qualidade do concelho
Saídos da ‘escola centenária’, damos de frente com a Sulcave, conhecida empresa de comércio e materiais de construção de Lagoa.
A comemorar os 30 anos de existência, a marca é também uma presença habitual na feira. Representada pelos sócios Humberto Guilherme e Salvador Silva, mostrou nesta edição uma vertente de inovação.
“O nosso lema este ano é tratar da saúde aos lagoenses e às pessoas. Temos um conjunto de ‘minipiscinas’ terapêuticas para exterior. Antigamente as pessoas tinham casa com piscina. Agora é com piscina e spa. Esta é a tendência e nós acompanhamos. É um produto que faz diferentes tipos de massagens, desde energética, relaxante à vitalizante, em que cada assento tem a sua massagem”, explica Humberto Guilherme.
Estes são apenas alguns dos exemplos do muito que há para ver na FATACIL, até este domingo, dia 27.