Atletismo da Bela Vista ‘corre’ para ser uma referência nacional

Texto: Hélio Nascimento | Fotos: Kátia Viola


Mais atletas, técnicos dedicados, muito entusiasmo na pista e um presidente determinado a continuar a fazer história. É esta a ‘radiografia’ atual do atletismo na Associação Académica da Bela Vista, o clube lagoense que é já um marco na modalidade e promete não ficar por aqui, como a reportagem do Lagoa Informa testemunhou ‘in loco’ em mais um dia de trabalho no Estádio Municipal, sediado no Parchal. 

Inaugurada a 10 de outubro, a nova pista é agora a ‘menina bonita’ dos olhos dos praticantes e um orgulho para o presidente Paulo Roberto. “Novo atletismo? Nova é a pista e com ela, evidentemente, o atletismo da Bela Vista será mais forte. A época passada foi das melhores de sempre, e, mesmo com condições muito inferiores, obtivemos vários títulos regionais e até nacionais”, começa por contar o dirigente. 

“Agora, além dos atletas que renovaram e dos que transitaram de outros clubes para fortalecer a equipa, temos alguns que, pela primeira vez, praticam a modalidade, sobretudo de tenra idade. Mesmo em juvenis e juniores a surpresa de aparecerem novos rostos é sempre uma agradável notícia”, prossegue Paulo Roberto, congratulando-se com o movimento em seu redor e apontando para um dos extremos do estádio, onde evoluem, numa mescla de brincadeira e aprendizagem, as crianças que podem vir a ser o futuro próximo da coletividade. 

“Somos uma referência na região e queremos subir de patamar, para sermos uma referência a nível nacional”, atira Paulo Roberto, aludindo às recentes conquistas, quer coletivas, quer individuais, que constituem o prenúncio do que está para vir. E depois, claro, temos a nova pista. “Foi uma festa bonita, a da inauguração. Tudo correu de modo muito agradável e tivemos um bom ‘feedback’, não só da classe política e individualidades presentes como, também, dos atletas e dos órgãos sociais do clube”.  

Aposta efetiva e em todas as vertentes 
O atletismo da Bela Vista, de facto, respira saúde. Paulo Ferro continua a ser treinador e coordenador da secção, coadjuvado “pelo Paulo Neto, que veio do Sporting Lagoense e é mais um para ajudar, do Fernando, Mike, Beta e João Conde”, que dividem entre si o ensino e o treino das diferentes especialidades, dos saltos à velocidade, às corridas de fundo e à formação dos mais pequenitos.  

“Todos estes técnicos contribuem para o tal fortalecimento que referi. Se a nível regional já temos credenciais, tanto a nível individual como coletivo (e veja-se que no Algarve deve haver umas 30 equipas em competição), queremos ser um marco igualmente no país”, vinca Paulo Roberto. A aposta vai ser efetiva e “em todas as vertentes, na estrada, no corta-mato, na pista coberta e ao ar livre”. 

O responsável pelo clube salienta esta abrangência, dizendo que todos os resultados indiciam um claro destaque, “apesar de termos estado dois anos, sensivelmente, sem uma pista em condições”. E não se esquece, claro, de deixar uma palavra aos veteranos, que têm colecionado medalhas e títulos.   

O mesmo registo de regozijo abarca ainda o papel dos pais dos mais jovens atletas, que “estão agradados com o trabalho dos nossos técnicos e ajudam sempre que as circunstâncias assim o exigem, como, por exemplo, no transporte para as provas e até para os treinos”. Com tanta solicitação e tanta atividade, confessa Paulo Roberto, “não conseguimos estar em todo o lado”, referindo-se, naturalmente, aos meios próprios do clube. 

Número de atletas sempre a subir 
O ‘mercado de transferências’ na Bela Vista também se está a fazer sentir, sendo, inclusive, mais uma prova da vitalidade do emblema lagoense. Ao todo, serão 25 os ‘reforços’ para o atletismo da casa. “Os novos elementos vêm acrescentar valor” e chegam do vizinho Sporting Lagoense e do Areias de São João, Casa do Benfica de Faro e Núcleo Sportinguista de Faro, o que confirma o interesse de muitos em representar uma coletividade que tem um projeto sólido e oferece condições. 

Uma nota curiosa para os atletas que são de paragens mais distantes, caso de Faro, muito embora o presidente explique que alguns deles, os que têm técnicos próprios, continuarão a treinar perto das suas casas. No Parchal, o estádio tem uma ocupação diária e bem preenchida, com realce para as segundas e quintas feiras à tarde, quando os mais pequenos ‘invadem’ a pista e fazem a festa.  

As inscrições terminaram no final do mês de outubro, mas as contas são significativas: “Atingimos os três dígitos. Temos mais de uma centena de atletas, o que, se compararmos com a última época, na qual inscrevemos cerca de 80, representa um salto muito bom”. Este registo diz respeito a todos os escalões, dos benjamins aos veteranos. 

Os reforços, segundo Paulo Roberto, “são todos promissores”. O leque de iniciados augura novos êxitos e os juniores também vão ter hipóteses de brilhar, assegura, estendendo as boas perspetivas ao corta-mato e à estrada. “Temos um elemento sénior que participou no Campeonato do Mundo Militar, o João Fernandes, e um júnior, o Vasco Tita, que tem um futuro risonho”. 

Quatro rampas para trabalho em força 
Falando, agora, da nova pista, o presidente não poupa nos elogios. Aliás, estava na hora da mudança, porque o ‘velho tapete’, que datava de 2009, estava já degradado, “era duro e suscetível de provocar lesões, e, quando chovia, ficava escorregadio”. Os atletas tinham até receio de competir. Ao invés, o atual piso é topo de gama, “mais fofo e moderno”. E acrescente-se ainda a inauguração de quatro rampas para trabalho em força, o ideal para dotar o recinto de melhores condições, seja para treino, realização de estágios e competições de alto nível. 

“Vamos apostar forte, posso prometer”, vinca mais uma vez, com o tal objetivo de elevar o atletismo da Bela Vista. O calendário de provas está prestes a ser anunciado, mas é certo e sabido que o emblema vai participar na esmagadora maioria das provas. 

“A Câmara Municipal de Lagoa é a nossa única parceira, para lá de termos um ou outro patrocinador. Oferecemos a prática do atletismo de forma gratuita, o que era impossível sem o apoio do município e do presidente Luís Encarnação, que tem sido excecional. A nova pista também se deve à autarquia”, garante. 

Presidente e fundador do clube, já lá vão 16 anos, Paulo Roberto assinala que o emblema “está bem e recomenda-se”. O elogio, naturalmente, estende-se ao futebol, cuja atividade é também contínua. “Antes da pista, o estádio passou por melhoramentos. O antigo relvado foi tirado, para ser efetuada uma nova drenagem, sendo depois colocada relva a estrear. Foi outra intervenção de vulto, indispensável para valorizar os instrumentos de trabalho e as nossas infraestruturas”. 

DESFILE DE CAMPEÕES

Liliana Veríssimo 

Tem 35 anos, é licenciada em Educação Física, trabalha como nadadora salvadora e transita do Areias de São João para o Bela Vista porque “tinha vontade de mudar, já conhecia o projeto e sei que o trabalho feito na formação é bom”. Liliana Veríssimo sempre fez desporto, apesar de uma paragem na altura em que frequentava a universidade. “Em 2013 regressei à prática regular e comecei também a fazer triatlo nos últimos três ou quatro anos”. Liliana corre os 3, 5, 10 mil e a meia-maratona, na categoria de veteranos, e tem títulos na estrada e no corta-mato.

Rui Guerreiro 

Outro veterano e outro corredor de fundo. Aos 50 anos, Rui Guerreiro é dos mais laureados da Bela Vista e soma títulos individuais e coletivos nos 5 mil pista, meia-maratona e corta-mato longo, ostentando ainda um quinto lugar no Europeu de veteranos de pista coberta nos 3 mil metros. Prefere, contudo, o corta-mato e os 10 mil estrada, e, curiosamente, só descobriu esta veia ganhadora há cerca de sete anos. “Fiz uma corrida nos Bombeiros de Lagos, correu bem, dei nas vistas e pronto! Até deixei de fumar”, conta o campeão, que faz remodelações por conta própria. 

Diana André 

Apesar de ter apenas 14 anos é já da casa, uma vez que está no clube há sete épocas. Diana André corre os 800, 1000 e 1500 metros e para além de possuir vários títulos regionais já obteve um 3º lugar nacional nos 1500 metros. “A curto prazo quero melhorar os meus resultados e estou a trabalhar para isso. O atletismo é mesmo a minha paixão”. 

Manuel Rodrigues 

Está há dois anos no clube, participa nos 3 mil metros e em provas de estrada e já foi campeão ao ar livre e na pista naquela distância, nos obstáculos. Manuel Rodrigues tem 42 anos, quer voltar a conquistar títulos e só reapareceu em força no atletismo há meia dúzia de anos, depois de um hiato entre os 17 e os 35 anos. Ao ver a pista cheia, não tem dúvidas: “É muito bom para a cidade e para o concelho”. 

Vasco Tita 

Chega da Casa do Benfica de Faro, ‘aliciado’ por um “projeto ambicioso num clube com boas condições”. Vasco Tita tem 19 anos, corre os 1500 e os 3 mil metros em pista e o seu foco incide em “melhorar marcas, apostar forte nos Regionais e Nacionais e ajudar o Bela Vista”. É detentor de títulos algarvios e estuda na Universidade do Algarve. 

Celina Huizinga 

Adepta do meio-fundo, transitou do Sporting Lagoense para o Bela Vista e entre as conquistas que ostenta no seu palmarés até tem um título no salto em comprimento. Celina Huizinga começou por fazer natação, mas, quando participava no corta-mato escolar, “ficava sempre em primeiro, mesmo sem treinar, pelo que optei pelo atletismo”.  

You may also like...

Deixe um comentário