Carnaval de Loulé junta 700 figurantes, um milhão de flores e cinco toneladas de serpentinas
A cerca de 24 horas do início do desfile dos 15 carros alegóricos na Avenida José da Costa Mealha, Algarve Vivo dá a conhecer como funcionam os bastidores do Carnaval de Loulé, o mais antigo do país, numa entrevista concedida pelo presidente da câmara municipal, Vítor Aleixo. Núcleo duro, que trabalha sensivelmente desde o final dos festejos do ano passado, é constituído por meia centena de elementos. No total, estão envolvidas 150 pessoas na organização.
José Manuel Oliveira
Três toneladas de madeira e cinco de serpentinas e confetis, 700 resmas de papel usadas na elaboração de um milhão de flores que decoram os 15 carros alegóricos, 70 blocos de esferovite, 300 litros de tinta, 1.500 quilos de ferro e 700 fatos para outros tantos figurantes, são alguns dos materiais utilizados durante os três dias – sábado, domingo e terça-feira, das 15h00 às 18h00 – de desfile do Carnaval de Loulé/2017, na Avenida José Costa Mealha, como revela, em entrevista ao ‘site’ da Algarve Vivo, o presidente da Câmara Municipal, Vítor Aleixo.
Na organização deste evento, sob a responsabilidade da autarquia e que custa 200 mil euros, sensivelmente o mesmo valor do ano transato, estão envolvidas 150 pessoas. Já o núcleo duro é constituído por meia centena que trabalha há meses no Armazém do Carnaval.
“NÃO É DIFÍCIL ARRANJAR PESSOAS PARA O DESFILE”
“No total serão 15 carros alegóricos que irão desfilar no corso deste ano. Quanto aos figurantes serão cerca de 700, mantendo-se, grosso modo, o mesmo número do ano passado. Não é, de todo, difícil arranjar pessoas que queiram participar no desfile, pois em Loulé o espírito carnavalesco está bem enraizado na comunidade e, como tal, há muita gente que quer viver esta tradição de forma mais intensa, fazendo parte do próprio desfile. Por outro lado, uma vez que de há uns anos a esta parte essa participação é feita através das associações e clubes do concelho, torna-se mais fácil a adesão por parte das pessoas, sendo a mesma mais organizada do que acontecia anteriormente. A organização do Carnaval conta com cerca de 150 pessoas, entre artistas plásticos, carpinteiros, eletricistas, costureiras, pessoal da limpeza, segurança, das bilheteiras e de muitas outras áreas”, explica-nos o edil louletano, Vítor Aleixo.
DOS DESCOBRIMENTOS À GERINGONÇA
‘Os Descobrimentos – a Grande Geringonça’ foi o tema escolhido para 2017, numa alusão à solução governativa encontrada pelo atual primeiro, o socialista António Costa. “Sendo a sátira política, social e desportiva a imagem de marca do Carnaval de Loulé, procurámos, uma vez mais, olhar para o que vai acontecendo pelo país e pelo mundo, daí termos agarrado a grande novidade do ano político que passou e que foi uma solução política improvável, batizada com um nome feliz para um cortejo carnavalesco. Além disso, Geringonça foi a palavra do ano de 2016, tantas vezes ouvida na comunicação social, a qual vai ao encontro do espírito carnavalesco”, sublinha o autarca.
Por outro lado, acrescenta, “com o tema geral dos Descobrimentos quisemos prestar homenagem à época de ouro da História de Portugal, recriando, em tom de paródia, esse período glorioso do nosso país, juntando as figuras dos navegadores e monarcas responsáveis pelas conquistas marítimas aos heróis da atualidade, personalidades bem conhecidas do desporto ou da política.”
‘TESOURO ESCONDIDO’ É NOVIDADE
Apesar de o Carnaval ser um evento com um formato tradicional que poucas alterações tem sofrido ao longo dos anos, há sempre algo de novo, nomeadamente na criatividade com que os temas são tratados, na execução dos carros alegóricos, dos fatos ou das coreografias. “Nesta edição, eu diria que uma das novidades passa pela exposição ‘Tesouro Escondido’, com um pouco do que é o espólio de fatos que fizeram parte do Carnaval ao longo de ano, e que será um complemento ao próprio desfile já que durante estes dias vai estar em exibição nas montras das lojas da Praça da República. Este ‘tesouro’ é composto por 3000 fatos que carregam memória. Foi feita uma inventariação e catalogação e vamos agora partilhar esse espólio com as pessoas que o queiram ver”, destaca Vítor Aleixo.
Recorde-se que o preço de cada entrada por dia no desfile na Avenida José da Costa Mealha, é dois euros e que a receita reverterá para as instituições de solidariedade social do concelho de Loulé e para o associativismo que participa no evento.
No que toca ao desfile do Carnaval Infantil, que decorre na manhã desta sexta-feira, dia 24 de fevereiro, estão presentes perto de 3 mil crianças de 22 estabelecimentos do ensino público e 7 do ensino particular, entre jardins-de-infância e 1º ciclo.
ESPERADAS 100 MIL PESSOAS
Numa altura em que o Governo concedeu tolerância de ponto, Vítor Aleixo congratula-se com a medida, mas lembra que a Terça-Feira de Entrudo “nunca foi feriado e não é por isso que o nosso Carnaval não tem sido um êxito, ano após ano.” E, nota, se “as condições meteorológicas forem favoráveis poderemos ter nestes dias em Loulé perto de 100 mil pessoas.” Aponta como “muito boas” as perspetivas do movimento na hotelaria, restauração e no comércio, “pois como é habitual por estes dias a economia local beneficia de forma muito positiva da realização deste e de outros eventos na cidade.”
ESTACIONAR É PRECISO
Em tempo de festa e brincadeira, o autarca insiste em alertar os visitantes num local que contará, como em todos os anos, com condições de segurança: “Gostaria de lançar o apelo que deixamos sempre a todos os que nos visitam: Venha ao Carnaval de Loulé e divirta-se à grande e à louletana!”. É claro que essa diversão deverá ser ordeira, sem excessos que possam provocar incidentes. Gostaria de referir que as condições de segurança do recinto também não foram esquecidas e, num trabalho que envolveu a participação dos serviços municipais, das forças de segurança, dos serviços de saúde e bombeiros, foi aprovado o Plano de Segurança do Carnaval, que arrancará logo nesta sexta-feira, 24 de fevereiro, com o desfile de Carnaval Infantil. Outro dos alertas que deixaria a quem venha a Loulé é que o faça com tempo e que estacione nos locais que vão estar assinalados nas entradas da cidade.”
O QUE ESTÁ PROIBIDO
O uso de ‘bombinhas’, ‘graxa’ e tintas, entre outros materiais, durante o desfile carnavalesco é proibido. A organização reconhece dificuldades de controlo, mas garante a tomada de medidas: “É sempre difícil de controlar essas situações até porque o recinto do Carnaval é uma zona residencial. Naturalmente que esses materiais são usados sobretudo por grupos de jovens que muitas vezes já estão dentro do recinto. Caso essas situações sejam detetadas pela segurança do Carnaval, tais materiais são confiscados.”
QUANTAS EDIÇÕES TEM O CARNAVAL
O Carnaval de Loulé, o mais antigo de Portugal, “realiza-se desde 1906, mas não podemos contabilizar o número exato de edições já que, em alguns anos, não houve desfile”, recorda o presidente da Câmara Municipal, Vítor Aleixo. E esclarece: “Por exemplo, durante alguns períodos conturbados da História, como a I ou II Guerras Mundiais, não houve Carnaval em Loulé. Curiosamente, em 1941 estavam proibidos todos os festejos no país e, a título excecional, dado o seu carácter de solidariedade, o Carnaval de Loulé saiu para a rua.”