Casa Bela Moura cede bicicletas elétricas a funcionárias
Pequeno hotel rural, situado perto de Porches, faculta meio de transporte amigo do ambiente para que empregadas se desloquem de casa para o trabalho.
TEXTO: Fernando Manuel Vieira | FOTOS: Kátia Viola
No concelho de Lagoa, a Casa Bela Moura, hotel de charme com 4 estrelas, investiu 5 mil euros para que as funcionárias não poluam o ar com dióxido de carbono, ao mesmo tempo que lhes paga as mensalidades num ginásio da zona, para que cultivem bons hábitos.
O empresário Christophe Rijinders justifica as medidas: “Procuramos contribuir para um estilo de vida mais saudável e uma economia sustentável”. À Algarve Vivo, este belga de 41 anos, há muito radicado na região, acredita ser dos primeiros empregadores do país a ter uma iniciativa semelhante. “Sempre foi nossa intenção que os hóspedes descubram a região de forma mais completa. Muitos deles nem vão à praia e preferem o barrocal e a serra. Então, desde há dez anos disponibilizamos gratuitamente bicicletas normais para que pedalem pelo interior, em busca da história e das tradições do Algarve. Temos até uma publicação semanal em quatro páginas, cheia de dicas em várias línguas”, refere o gerente. “
A dada altura, notámos que, enquanto os hóspedes pedalam por aí ou passeiam a pé, as nossas empregadas se deslocavam de carro entre a casa e o trabalho, muitas vezes em percursos de centenas de metros. Adquirimos quatro bicicletas elétricas por cerca de 5 mil euros, ao mesmo tempo que lhes pagamos mensalmente a utilização num ginásio da zona. Desta forma, sensibilizamo-las para serem amigas do ambiente e se manterem em forma”, elucida Rijinders.
EMPATIA ESPECIAL
Os hóspedes deste pequeno hotel de charme são maioritariamente belgas, holandeses e dinamarqueses, seguidos por alemães e portugueses. “Tendo em consideração o cliente-tipo, que é de classe média-alta e geralmente se expressa na língua de Shakespeare, também proporcionámos às empregadas de limpeza a frequência em aulas de Inglês, para poderem manter uma conversação”, observa o empresário.
“Visto sermos um empreendimento com apenas 15 quartos, cria-se uma empatia especial entre clientes e empregados. Isso representa uma diferença enorme na experiência que os turistas levam daqui e que depois se tem refletido no passa-palavra, a mais eficaz das publicidades”, sublinha.
Sobre o potencial turístico do Algarve, Christophe Rijinders considera que a região “tem muito para oferecer em termos de experiências únicas, existindo um sem-número de propostas espetaculares e identitárias, sem esquecer as condições climatéricas ao longo do ano e a segurança que nos caracteriza.”
INICIATIVAS MOTIVADORAS
A rececionista Alexandra Van Lunzen, com dupla nacionalidade holandesa e inglesa, trabalha na Casa Bela Moura há poucos meses. “Vivo muito perto daqui, a cerca de 100 metros, mas usava o carro. As bicicletas são mais saudáveis e não poluem, para já não falar nas idas ao ginásio. Desconheço outra empresa com este género de iniciativas, que são motivadoras”, disse à nossa revista.
Segundo a empregada de limpezas Laura Caeiro, residente em Armação de Pêra, “isto facilita-me muito a vida”. E explica porquê: “Como não tenho transportes de manhã para vir para o trabalho, posso regressar a casa todos os dias na bicicleta elétrica, pedalando ao meu próprio ritmo.
RENDIDOS À REGIÃO
Quando abriu portas há 33 anos, a Casa Bela Moura foi o primeiro estabelecimento de turismo rural no Algarve, tendo apenas oito quartos. Surgiu por iniciativa do antigo árbitro internacional Salvador Garcia, natural de Silves, desejoso de promover a região de origem junto dos muitos estrangeiros que conheceu durante a sua carreira desportiva.
Aos 12 anos, Christophe Rijnders veio passar pela primeira vez férias ao Algarve na companhia dos pais. Em 2002, na companhia da sua esposa Sofie Blyaert, uma suíça instrutora de ski, decidiram apostar no empreendimento, que se encontrava à venda e investiram todas as economias.
“Se me perguntassem se repetiria tudo, 15 anos depois, diria ‘sim’ sem a menor hesitação”, garante o empresário.