Cidadãos vão alertar ‘online’ Câmara de Lagoa para problemas na via pública
Monitor gigante a instalar em central com pessoal permanente no edifício que serve de apoio à Fatacil, visualizará em tempo real as ocorrências no município comunicadas pelas pessoas. Protocolo assinado, na terça-feira, entre a operadora de telecomunicações NOS e a autarquia, no âmbito das ‘smart cities’, permitirá a Lagoa tornar-se a primeira ‘cidade inteligente’ do Algarve.
José Manuel Oliveira
A partir de março ou abril, se uma pessoa detetar, por exemplo, um buraco numa rua do concelho de Lagoa, uma rotura no sistema de rega em espaços verdes, no abastecimento de água ou lixo na via pública, poderá tirar uma fotografia, a ocorrência será registada e uma aplicação tecnológica assinalará o local exato onde tal sucedeu para ficar georeferenciado.
Na sala do edifício do Parque Municipal de Feiras e Exposições de Lagoa, todos os anos utilizada para reuniões de apoio à Fatacil, funcionará uma central com um ecrã gigante no qual serão registadas todas as ocorrências que os cidadãos encontrarem. Como as pessoas ficaram registadas quando fizeram essa comunicação, surgirá de imediato naquela central a informação de que em determinado local existe um problema reportado pelo cidadão que o transmitiu, figurando assim numa lista de situações para resolver pelo município. E quando for solucionado, a pessoa recebe a informação de que “o problema está resolvido”, com a indicação da data e os agradecimentos para o alerta lançado.
CIDADE INOVADORA E PRÓXIMA DOS CIDADÃOS
É essa a aposta de um protocolo assinado na tarde de terça-feira, 17 de janeiro, no edifício dos Paços do Concelho, entre o administrador da operadora de telecomunicações NOS, Manuel Ramalho Eanes, e o presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Francisco Martins. “Contribuir para a inovação tecnológica e promoção de uma política de urbe mais inovadora, próxima dos residentes e relevante para o desenvolvimento local” é o objetivo apontado, o que permitirá a Lagoa tornar-se a primeira “cidade inteligente” do Algarve e a segunda a nível nacional depois de Oeiras, como foi referido aos jornalistas.
PESSOAL DE SERVIÇO EM PERMANÊNCIA
Em declarações ao ‘site’ da revista Algarve Vivo, Manuel Ramalho Eanes explicou que “na central (a instalar numa sala do recinto da Fatacil), estará pessoal de serviço em permanência todos os dias, justamente para poder vigiar, mas ainda não se sabe quantos elementos. É um tema que temos de confirmar com a Câmara. Dependerá do volume de ocorrências.”
“Num momento inicial, bastará quase uma pessoa para ver isso. À medida que o número de ocorrências surja e o âmbito das mesmas aumente também vão ser necessárias mais pessoas. Não posso confirmar que sejam durante as 24 horas de início, mas admito que o caminho seja esse”, observou o administrador, acrescentando que o protocolo com o município lagoense tem dois anos de vigência. Numa primeira fase, será dada prioridade à informação ‘online’ sobre problemas ocorridos nos sectores da água e do lixo. “Esta plataforma permitirá visualizar de forma integrada as ocorrências e dá-las a conhecer em tempo real, criando a possibilidade de os munícipes contribuírem para a melhoria da sua própria qualidade de vida”, sublinhou aquele responsável da NOS. Outras áreas, entre as quais relacionadas com segurança e aspetos sociais, serão incluídas neste projeto de forma integrada.
CÂMARA INVESTE 5 MILHÕES DE EUROS EM TECNOLOGIA
A autarquia investirá “cinco milhões de euros nos próximos cinco anos”, ou seja, até 2021, “em projetos relacionados com a instalação de sensores, na monotorização da frota de carros do lixo ou nos denominados ‘contadores inteligentes’ que agora serão mais fáceis de implementar através da concentração de todos os assuntos numa plataforma central que permitirá o contacto permanente com os vários equipamentos urbanos”, referiu na ocasião o edil Francisco Martins.
“TINHA 40 E TAL POR CENTO DE PERDAS DE ÁGUA”
Ao reforçar a importância deste protocolo no âmbito das ‘smart cities’, o autarca lembrou aos jornalistas a ocorrência, “por exemplo, de uma rotura no sistema de rega, distribuição de água, que toda a gente vê.”
“Mas se ninguém se lembrar de alertar a Câmara Municipal, com esta ‘brincadeira’ perdemos três semanas e ‘éne’ metros cúbicos de água. Com uma fotografia obtida por alguém no local e automaticamente registada na central, quem ali estiver telefonará para os serviços competentes para resolver a situação. Em termos de informação, todos ficamos a ganhar e participamos efetivamente na solução dos problemas”, realçou Francisco Martins, para quem “é fundamental para as cidades inteligentes termos cidadãos inteligentes.”
“Tinha 40 e tal por cento de perdas de água, já vou na ‘casa’ dos 30 por cento. Com contadores inteligentes e sensores, mais rápida será a nossa capacidade de resposta. Estou a poupar um recurso natural que é a água, bem essencial. O objetivo é não só fazermos como prevenirmos determinadas situações”, frisou o autarca lagoense, considerando que “isto poderá funcionar como uma montra para a própria empresa”, ao referir-se à NOS, “para os meus colegas e para a nossa realidade diária.”