Cineteatro Louletano apresenta um vasto programa em mês de aniversário
Da dança, ao teatro, passando pela música e pelo cinema são diversas as propostas do Cineteatro Louletano, que comemora mais um aniversário em abril.
O mês arranca com música, com um concerto por uma das melhores intérpretes mundiais de piano, inserido no VII Festival Internacional de Piano do Algarve. Trata-se de Kristina Miller, pianista russo-alemã vencedora do primeiro prémio no Festival Internacional de Piano em Berlim, em 1999, e 2.º lugar em São Petersburgo, em 2000. Kristina traz ao Cineteatro um repertório com Bach-Busoni, Scriabin e Rachmaninov, Chopin, Rosenblatt e Strauss-Cziffra. Para ver dia 2 de abril, domingo, às 17h00.
No dia 6, quinta-feira, chega “Estrada de Terra”, uma peça de A Turma, com texto e encenação de Tiago Correia. Luís recebe um pedido de ajuda de um amigo com quem cortou relações há 10 anos. A recusa em ajudar é testemunhada por Leonor. Num jogo de contradições em que ninguém é quem parece ser, há uma sequência de desencontros que colocará toda a gente à prova. Peça com uma linguagem algo violenta, que mostra a tragédia de uma geração à procura da autenticidade, numa sociedade decadente.
A 11, terça-feira, mais uma sessão do Cinema Francês, desta feita com “Un Vrai Bonhomme”, de Benjamin Parent, filme de 2019, uma comédia romântica sobre Tom, um adolescente tímido e sensível que inicia um novo ano no liceu e a sua relação com o irmão mais velho, que quer torná-lo num “verdadeiro homem” à força… É às 21h00, no Auditório do Solar da Música Nova, num ciclo coorganizado pela Alliance Française Algarve.
De 13 a 16, em Loulé (arranca em Lagos mais cedo, a 6 de abril), o Festival Verão Azul, uma coprodução do Cineteatro Louletano que traz música, dança, performance, clubbing, conferências e concertos. Em 2023, este festival entra na 11ª edição, promovendo a transdisciplinaridade das artes contemporâneas e ocupando vários espaços da cidade. Entre eles, o Bafo de Baco, a Casa do Meio-Dia, o 8100 Café, a Alfaia e claro, o Cineteatro Louletano. O programa está disponível na íntegra no site do CTL.
De 17 a 19 de abril, inserido nas comemorações do 25 de Abril, chega “Aerograma Liberdade”, de Catarina Moura, atividade de mediação para escolas do pré-escolar e do 1.º ciclo, que decorre no Auditório do Convento do Espírito Santo. Os aerogramas eram um dos meios de comunicação mais usados entre os militares e as suas famílias, durante o período das Guerras Coloniais. Este é um projeto de memória, um concerto com imagens projetadas, que dá a conhecer a história de uma família, trabalhando em simultâneo junto dos alunos este período crítico da História de Portugal.
Também com arranque a 17, mas com duas sessões para famílias (a 30 de abril, às 10h00 e às 11h30), aparece “A Orquestra”, um espetáculo do Teatro do Eléctrico dirigido especialmente à infância e juventude. “A Orquestra” arranca nas escolas EB23 D. Dinis, em Quarteira, e na EBI Prof. Sebastião Teixeira, em Salir, partindo das obras de vários autores como Prokofiev, Saint-Saëns, Tchaikovsky, Alexandre Dumas, Paul Dukas, Goethe, Benjamin Britten e Mozart, numa criação e encenação de Ricardo Neves-Neves. Ao todo, estão previstos 40 espetáculos e outros tantos workshops, dirigidos aos alunos.
Outra ação de mediação – também ligada, tal como “Aerograma”, ao 25 de Abril – é protagonizada pelo cantor, “dizeur” e compositor Afonso Dias. Chama-se “O Princípio da Igualdade” e pretende perceber o que diz a democracia aos jovens de hoje. Afonso Dias aposta na construção: da cidade, da sociedade, do espaço público em que cada um de nós – jovens incluídos – deve desempenhar um papel fundamental. “O Princípio da Igualdade” decorre na Escola Secundária Laura Ayres de 17 a 28 de abril, em Quarteira.
O dia 19 de abril é sempre especial para o Cineteatro, e este ano não será exceção. Assinalam-se os 93 anos desta sala icónica no panorama algarvio, uma das mais antigas da região e, seguramente, uma das mais fortes em termos de programação. Para comemorar a efeméride, a presença de uma banda há muito conhecida do público português, os Clã, que aceitaram uma encomenda do Cineteatro Louletano. Manuela Azevedo, Hélder Gonçalves, Miguel Ferreira, Pedro Biscaia, Pedro Santos e Pedro Oliveira fazem parte do clã que abrilhantará uma noite única e que contará ainda com a participação de convidados locais, os músicos Al-Fanfare, bem conhecidos pelas suas performances de rua. “Véspera” é o nome do álbum mais recente desta banda nascida no Porto. Para ver e ouvir às 21h00 a 19, quarta-feira.
A 22 de abril, sábado, às 21h00, teatro, com a peça “Eu sou Clarice”, de Rita Calçada Bastos. Uma coprodução do Cineteatro Louletano com o São Luiz Teatro Municipal e o apoio da RTP, que parte da vida e obra da escritora Clarice Lispector, num diálogo entre a atriz Carla Maciel (Clarice) e a sua “criadora”, Rita Calçada Bastos.
A 24, também às 21h00, A Garota Não convida Luca Argel ao palco do Cineteatro Louletano. Uma encomenda do CTL que também assinala as comemorações de Abril. O espetáculo partiu de um desafio a Cátia Mazari Oliveira (A Garota Não), que fez com Luca Argel a música “Países que ninguém invade”. Luca Argel, cantor e compositor brasileiro, do Rio de Janeiro, é formado em música pela Unirio e mestre em Literatura pela Universidade do Porto.
Já no dia 25, de entrada gratuita, mas na Cerca do Convento do Espírito Santo, outra encomenda, com um nome bem conhecido do panorama musical português: Janita Salomé. Neste concerto especial de Abril, Janita faz-se acompanhar de um repertório “à medida” e de um pianista com um talento impossível de medir: Rúben Alves, músico ligado ao jazz que já editou vários discos e que tem tocado com inúmeros artistas de topo em Portugal. O concerto é às 19h00.
Quase a fechar, a 29 de abril às 21h00, um dos grandes nomes da dança em Portugal. A Companhia Olga Roriz fará uma estreia nacional absoluta, em Loulé, com a peça “A hora em que não sabíamos nada uns dos outros”, neste Dia Mundial da Dança.
O bailado contemporâneo, que incluirá pessoas da comunidade previamente selecionadas, é baseado na obra homónima de Peter Handke, de 1992, peça originalmente composta por 450 membros. A peça, uma coprodução do CTL, resulta de uma residência em Loulé, ao longo de duas semanas em abril, e tem como principal objetivo, segundo a coreógrafa, refletir sobre o que mudou (ou não) no mundo desde os anos 90, altura da estreia da peça alemã. Espetáculo a não perder, no Dia Mundial da Dança.
A fechar o mês, no Dia Internacional do Jazz, uma “big band” contemporânea, carregada de músicos de topo portugueses. Chama-se L.U.M.E., são os Lisbon Underground Music Ensemble, projeto criado e dirigido pelo pianista Marco Barroso, com um ensemble de 15 instrumentistas. São simultaneamente músicos de jazz e de música erudita, que se movem entre as afinidades do modelo clássico das Big Bands e a incursão no experimentalismo, abrindo novas perspetivas estéticas. É no dia 30, domingo, às 17h00, no Cineteatro Louletano.