Classificação das grutas de Ibn Ammar e do Algarão do Remexido

Estão em consulta pública os procedimentos de classificação das Grutas de Ibn Ammar, em Lagoa, e o Algarão do Remexido, em Silves, ambas consideradas de relevante natural e cultural.

A abertura dos dois procedimentos foi efetuada pelo Património Cultural, I.P, em 4 de setembro de 2024, na sequência de proposta dos serviços regionais de cultura da ex-Direção Regional de Cultura do Algarve, atualmente Unidade de Cultura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, efetuada em 2022.

As Grutas de Ibn Ammar situam-se entre Tapadinha e Vale Crevo, Mexilhoeira da Carregação, na União das Freguesias de Estômbar e Parchal, concelho de Lagoa. Trata-se de uma série de aberturas cársicas conspícuas, dispostas ao longo da margem esquerda do rio Arade, que fazem parte de um complexo sistema de galerias subterrâneas naturais com utilização humana pré-histórica e histórica.

O processo de classificação das Grutas de Ibn Ammar baseia-se igualmente nos valores histórico arqueológico, científico, paleontológico e etnográfico associados, bem como aos fatores de antiguidade, memória, autenticidade, singularidade e exemplaridade.

Segundo refere a CCDR Algarve, estas grutas, também conhecidas como Cavernas da Mexilhoeirinha, são as maiores a sul do Tejo. Esta foi a primeira designação de que há registo, em alusão à povoação mais próxima. Mas a partir da década de 70 do século XX, a esmagadora maioria dos autores refere-se a estas cavidades como Grutas de Ibn Ammar, designação que parece emergir dos anos 60, aquando das primeiras tentativas de as constituir como atração turística. Abû Bacr Muhammad Ibn Ammâr (1031-1084) foi poeta e político árabe que chegou a governador de Silves.

Existem dois conjuntos de galerias, a 120 metros de distância um do outro, sem ligação conhecida que permita a progressão humana de um para o outro, com um lago subterrâneo, nascentes e estreitas passagens labirínticas.

“Estas grutas não são passíveis de visita pública por albergarem uma importante e frágil colónia de morcegos de espécies legalmente protegidas, e por motivos de segurança”, refere a CCDR.

O Algarão do Remexido, situado na freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, é igualmente uma gruta natural cársica, com interesse arqueológico e à qual se associa a memória popular de que terá constituído o local de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista, cognominado o Remexido.

Trata-se de algar cársico com diferentes momentos de utilização antrópica. A ocorrência de vestígios líticos atribuídos ao Neolítico-Calcolítico, junto à entrada da gruta, e principalmente a presença atestada de cerâmicas manuais de grandes contentores, no seu interior, provavelmente na Idade do Bronze, testemunham a utilização pré-histórica da cavidade.

Outro uso mais recente envolveu alteração significativa do espaço na primeira sala, através da remobilização massiva de pedras e grandes blocos. Esta evidente intervenção humana harmoniza-se com a memória popular de que o local serviu de refúgio prolongado do famoso guerrilheiro miguelista José Joaquim de Sousa Reis, cognominado o Remexido.

Segundo a CCDR, estas grutas não são também passíveis de visita pública por motivos de segurança e de salvaguarda da sensível biodiversidade cavernícola

Os elementos relevantes destes processos de candidaturas podem ser consultados Património Cultural, I. P.

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