Cristiano Cabrita: “A política necessita de novos pontos de vista, abordagens e ideias”
TEXTO: ANA SOFIA VARELA
Líder da concelhia de Albufeira afirma, em entrevista à Algarve Vivo, que tem sentido muito apoio e curiosidade das pessoas em conhecerem as propostas do PSD para a região. A abstenção nas europeias, marcadas para 26 de maio, é uma preocupação.
Quais são as suas expetativas para as eleições europeias?
Do ponto de vista nacional e no que concerne aos resultados esperados, creio que o Partido Social Democrata (PSD) está no bom caminho. As pessoas estão a começar a entender que o PSD tem uma lista de candidatos que é, sem qualquer tipo de dúvida, mais bem preparada no domínio dos assuntos europeus. Como temos afirmado, a lista do PSD não é um ‘depósito de ex-ministros’, mas de pessoas com elevada experiência numa multiplicidade de áreas. De um ponto de vista regional, acredito também que os algarvios saberão valorizar o nosso projeto e as ideias que temos para o Algarve.
O que sentiu por ser o candidato escolhido pelo Algarve?
Já o disse noutras ocasiões, que foi com elevado sentido de reconhecimento e estima que aceitei a confiança depositada em mim pela comissão política distrital. Foi uma honra saber que acreditam que posso representar condignamente a região e o PSD nas próximas eleições europeias. E é com esse propósito que trabalho todos os dias.
Qual será o seu contributo?
Faço parte de uma nova geração de jovens políticos que estão – e isto sem qualquer tipo de altivez – muito bem preparados para responder àquilo que deve ser uma preocupação natural: servir os seus concidadãos da melhor maneira possível e lutar por causas comuns. A política necessita de novos pontos de vista, abordagens, debates e ideias, que consigam responder àquilo que são as verdadeiras necessidades das pessoas e dos territórios. O meu contributo centra-se, precisamente, neste âmbito. Ou seja, e isto sem qualquer tipo de redundância ou demagogia, procurarei dar voz aos algarvios e à defesa intransigente dos interesses do Algarve.
Os eleitores não dão grande importância a esta eleição, prova disso é a habitual e elevada abstenção. Que importância tem este ato eleitoral para o país?
Esta é uma questão interessante. Os índices de afluência têm vindo a diminuir desde 1987 e, nas últimas eleições, creio que a abstenção se situou na ordem dos 66 por cento. Ora, isto é inadmissível. As eleições europeias são tão importantes como as legislativas. Acho que precisamos de educar os portugueses para a importância deste ato eleitoral. É algo que deve ser pensado a longo prazo e iniciado, urgentemente, no ensino básico e secundário. Porque a grande questão que está em cima da mesa é precisamente esta: a maioria da população portuguesa pensa que as eleições europeias são irrelevantes. Pensa, que servem para eleger um conjunto de pessoas que tomam um conjunto de decisões que em nada tem a ver com a nossa vida quotidiana. Ora, este raciocínio revela, no mínimo, um profundo desconhecimento de alguns atos legislativos que emanam do Parlamento Europeu, como os regulamentos e diretivas, os quais determinam a nossa vida em sociedade. Eu acredito que a maioria das pessoas desconheça esta situação. Deixo aqui um apelo público para que as pessoas vão votar no próximo dia 26 de maio.
O que tem sentido durante a campanha?
Muito apoio e curiosidade em saber quais são as nossas propostas para o Algarve. Muito reconhecimento do trabalho do Paulo Rangel no Parlamento Europeu e, sobretudo, muita revolta pelo desinvestimento público do governo no Algarve. As pessoas estão contra as políticas do Pedro Marques na região. E não se trata de estar aqui a criticar levianamente o ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas, agora cabeça de lista do PS às eleições europeias. Os algarvios estão, de facto, revoltados com o que aconteceu na EN125, e que continua a complicar a vida de todos os que utilizam aquela ‘rua’ como meio de deslocação na região. Questionam-me porque é que há troços inacabados, porque é que o Hospital Central foi de novo descartado, porque é que não existe eletrificação da linha ferroviária, porque é que o Aeroporto teve tantas derrapagens ou porque é que não existe mobilidade urbana na região. Em suma, questionam-me porque é que o Algarve foi abandonado pelo governo. A verdade é que o PSD tem feito nos locais próprios o seu trabalho de contestação a esta política governativa. Infelizmente, temos contado com pouca recetividade por parte de António Costa.
Quais são as questões centrais que o PSD defende nestas eleições?
Em primeiro lugar, mais investimento público. O que não será difícil porque de momento, é residual e inexistente. Este Governo, nos últimos quatro anos, votou o Algarve ao esquecimento. Depois, mais e melhor saúde. E aqui não se trata apenas da necessidade do Hospital Central do Algarve. Veja-se a degradação dos centros de saúde e a incapacidade de resposta nas urgências, cuidados continuados, apoio aos idosos. Em terceiro lugar, é necessário também fomentar uma maior mobilidade urbana, um conceito que simplesmente não existe no Algarve. O que existe é um conjunto de barreiras à mobilidade, não só para os algarvios, mas também para os milhares de turistas que nos visitam todos os anos.
Quais são as outras preocupações?
Maior proteção das pessoas contra calamidades como a que aconteceu em Monchique. Um ano depois, não existem respostas e os monchiquenses e as empresas locais continuam ao abandono. Precisamos também de valorizar o ambiente. Temos vindo a defender a necessidade de uma linha de turismo sustentável, a sustentabilidade e a valorização dos recursos endógenos e o desenvolvimento das energias renováveis. A economia do mar representa quase três por cento do PIB nacional e temos que saber potenciar os transportes marítimos, portos e logística, a construção e reparação naval e o turismo e lazer. Por fim, destaco a valorização do conhecimento: a ciência, a inovação social, o ensino superior, a formação e a digitalização, bem como a defesa de uma maior participação das instituições algarvias nas redes e acesso a financiamento internacionais. Estas são as nossas bandeiras regionais.
De que forma pode esta candidatura mudar algo no Algarve?
Pode mudar tudo. Diria que se conseguíssemos implementar todas as medidas propostas, o Algarve transformar-se-ia numa região mais competitiva e com uma maior qualidade de vida.