Cristóvão Norte: “Há um apagamento político, económico e social indesejável”
Num espaço de pouco mais de dois meses, Cristóvão Norte venceu as eleições autárquicas em Faro, tendo sido eleito presidente da Assembleia Municipal, e ganhou as internas para a presidência da Comissão Política Distrital do PSD no Algarve. Foi, aliás, candidato único e conseguiu 90 por cento dos votos dos militantes.
O, até aqui, também deputado eleito pelo círculo de Faro, tem vindo a traçar um percurso político que ganha destaque em diferentes frentes, sendo aquele que na região se destaca, de alguns anos para cá, pelo trabalho parlamentar que tem desenvolvido.
Temas como a saúde, a ferrovia, o alojamento local, o turismo são apenas alguns exemplos das ‘bandeiras’ que defendeu ao longo deste caminho. Numa pequena entrevista à Algarve Vivo, a 30 de novembro, afirma que é necessária vontade para concretizar medidas.
Foi eleito há poucos dias presidente do PSD Algarve. Que rumo pensa dar à distrital?
Os desafios do Algarve são gigantes. Os desequilíbrios da região são crónicos e há uma completa desorientação estratégica que conduz a que as políticas públicas não tenham qualquer coerência. Há pouca liderança e um apagamento político, económico e social indesejável. Por isso, este é um movimento de transformação do Algarve, para o qual todos estão convocados, quer sejam PSD ou não, com participação política ou não. O Partido Social Democrata (PSD) do Algarve vai trabalhar para liderar, para aglutinar, para somar, não para divergir. Há muitas matérias em que não há divergências, quanto à enunciação de prioridades, mas apenas total vontade ou capacidade de concretização. Atente-se às obras públicas ou à saúde. Os caminhos podem ser diferentes, mas o diagnóstico é semelhante e, muitas das medidas, são comuns.
No seu percurso político, sobretudo enquanto deputado, sentiu-se ‘impotente’ por algumas vezes, não conseguir fazer valer ou levar a bom porto os interesses da região?
A Assembleia da República é um órgão legislativo e de fiscalização, não executivo. Tenho um voto, não a maioria. Sei que são batalhas árduas, umas vencem-se outras não. Mas quero ganhar, cada vez mais vezes, e é para isso que trabalho.
Será candidato a deputado nas próximas legislativas de dia 30 de janeiro?
Não sei. Quando esta entrevista for publicada talvez essa questão já seja pública.
Falando de eleições, como vê o crescimento de novos partidos como o Chega e a Iniciativa Liberal?
Não misturo as coisas. Um é populista e acolhe no seu âmago tendências perigosas para a democracia, o outro não. Espero que o Chega não tenha expressão significativa, nem dele fiquemos dependentes para uma solução política.
Considera que Lisboa olha para o Algarve de uma forma diferente, relativizando a sua importância?
Considero que nós podemos fazer muito mais para vencer esse desdém. Se formos melhores, mais capazes, mais participativos, podemos atenuar essa desvantagem. Não nos serve de nada o capital de lamúria. Vamos usar a força que temos – que sabemos que temos – para mudar as coisas. Só depende de nós.
A pandemia continua na ordem do dia. Acredita que poderá haver um novo confinamento devido à covid-19? Como afetará a região?
Acho que já ninguém sabe o que esperar. No entanto, creio que um novo confinamento não fará sentido. Temos a vacina, temos regras de distanciamento social. Não há razões – pelo menos com o que é conhecido – para voltar atrás.
Uma das bandeiras que sempre defendeu foi, aliás, a saúde. Destacou, sobretudo, a construção do Hospital Central do Algarve. Continuará esta luta ou é uma batalha perdida?
Será perdida se o Partido Socialista continuar no Governo, após as próximas eleições. Se for o Partido Social Democrata a vencer, será ganha.
É público que faltam equipamentos e recursos nos hospitais do Algarve. O que pode ser feito para melhorar na sua perspetiva?
Muito. É o caso de novos métodos de gestão, de promover os melhores na carreira, do aproveitamento da capacidade privada instalada, de criar instrumentos para fixação de médicos e restantes profissionais de saúde… Um mundo de coisas. Honestamente, muito pouco tem sido feito.
A nível de obras, como vê o anúncio da eletrificação da ferrovia na região?
Com agrado, embora esteja previsto desde 2015 e já devesse estar concluído. Precisamos da ligação ao aeroporto de Faro e de um ‘intercidades’ regional. A mobilidade não pode ser pensada sem atender ao quadro global da região e aos vários meios de transporte.
Vitória esmagadora nas eleições internas
Cristóvão Norte venceu as eleições para a presidência da Comissão Política Distrital, no dia 12 de novembro. Os militantes foram às urnas e deram 90,5 por cento dos votos ao presidente da Assembleia Municipal de Faro e deputado. Na primeira mensagem após a divulgação dos resultados, o líder afirmou que o compromisso que tem é o mesmo de sempre, o de trabalhar muito e em equipa, e dedicou a vitória ao pai, histórico deputado algarvio Cristóvão Norte.
Comissão Política do PSD Algarve
Cristóvão Norte (presidente)
Rui Cristina e Ofélia Ramos (vice-presidente)
Bruno Sousa Costa (secretário distrital)
João Alves, José Dias, Inês Barros e Vítor Couto
(secretário distrital adjunto)
Carlos Quintino (tesoureiro)
Bruno Candeias, Gilberto Viegas, Henrique Gomes,
João Santos, João da Silva, Marco Sousa, Nuno Lisboa
e Joaquim Cabrita (vogais)
Maria de Deus Domingos, João Paulo Sousa,
Maria Paula Carrusca e João Garcia (vogais suplentes)
Mesa da Assembleia Distrital
David Santos (presidente)
Cláudia Guedelha, Elsa Cordeiro
e Pedro Moreira (vice-presidente)
Conselho de Jurisdição Distrital
Carlos Bicheiro (presidente)
António Madureira, Cristina Soeiro, Emília Vitor,
Maria Cesaltina Conceição (membros efetivos)
Cláudia Mendes e Helder Ramos (membros suplentes)
Comissão Distrital de Auditoria Financeira
Filomena Sintra (presidente)
Helena Simões e Raul da Luz (membros efetivos)