Dois milhões de euros para substituição de condutas de água
![](https://algarvevivo.pt/wp-content/uploads/2023/05/Estrada-Lagoa_Sesmarias_Condutas-agua-10_baixa-1024x575.jpg)
Até final do atual mandato, Luís Encarnação espera ter concluídas as obras de substituição de condutas nas principais adutoras do concelho. Os compromissos plurianuais para a intervenção nas de Lagoa/Sesmarias, de Carvoeiro/Vale de Milho e de Lagoa/Estômbar/Calvário já foram aprovados e os concursos serão lançados nas próximas semanas. Ainda este ano, segundo o autarca, avançarão também os procedimentos para a adutora Lagoa/Poço Partido/Carvoeiro.
“Depois de aprovados os compromissos plurianuais, vamos lançar o concurso público por lotes. Serão quatro e as principais adutoras do concelho estão incluídas. Só fica de fora deste primeiro a de Lagoa/Poço Partido/Carvoeiro, que será integrada num próximo concurso, ainda este ano. Agora avançam a de Lagoa/Sesmarias, a de Carvoeiro/Vale de Milho e a de Lagoa/Estômbar/Calvário, num investimento de cerca de dois milhões de euros. Estamos a candidatar estas intervenções ao Plano de Recuperação e Resiliência e a ideia é substituir as condutas, algumas com mais de 40 anos, para melhorar a eficiência. A expetativa é que até final deste mandato estejam as quatro concluídas”, garante o autarca.
“Só se não aparecesse nenhuma empresa a concurso é que estes prazos seriam colocados em causa, mas não acredito que isso venha a acontecer”, acrescenta.
Numa altura em que a falta de água continua a agravar-se, os municípios do Algarve procuram reduzir as fugas através da substituição de condutas e de outras medidas. Lagoa não é exceção.
“O nível de perda de água que temos está situado entre os 34 e os 36 por cento. Esperamos que esse número possa ficar abaixo dos 30 por cento no final de 2023. E que, depois da intervenção nestas condutas, cheguemos aos 20”, explica Luís Encarnação.
“Um dos problemas que temos no concelho, e em quase todos na região, é a água não faturada. Estamos a tentar reduzir. Uma parte é da responsabilidade da autarquia, nas instalações desportivas e outras. Nestes locais não era contabilizada, mas a partir deste ano já é, pois instalámos contadores. Isto porque queríamos perceber qual é a água não faturada que vem das perdas, das roturas das condutas e a que é roubada, ‘desviada’ por particulares. Ainda vamos descobrindo casos destes com muita frequência”, revela.
Reunião na AMAL para mais medidas
O Algarve está em situação de seca extrema e, de acordo com os últimos indicadores, a água armazenada chegará para pouco mais de um ano, quer para consumo humano quer para a agricultura. Nesse sentido, a 15 de maio irá decorrer uma reunião na AMAL para os presidentes de Câmara conciliarem um conjunto de medidas a tomar.
“O que está em cima da mesa são ações semelhantes às tomadas no ano passado e que passam por desligar fontes e fontanários, reduzir a rega dos espaços públicos e, eventualmente, encerrar as piscinas municipais. A água é um bem escasso. As pessoas têm de ter, cada vez mais, noção disso. Fizemos em 2022 uma campanha nesse sentido, para colocar os cidadãos a pensar e para que tomassem consciência que é imperativo poupar”, recorda.
Adepto da dessalinização
As medidas de fundo são necessárias e uma delas agrada a Luís Encarnação: a dessalinização. “Sou um defensor desta ideia. Estamos muito atrasados em relação a Espanha, que já tem mais de 20 dessalinizadoras. Nós ainda estamos a terminar os estudos de impacte ambiental para decidir a melhor localização de uma: se será entre Albufeira e Loulé, na Várzea de Quarteira, ou na zona de Lagos. Através deste processo, podemos ‘produzir’ entre 20 a 25 por cento do total de água que consumimos no Algarve, o que seria uma importante ajuda”, sublinha.
Outra solução apontada pelo presidente da Câmara é a reutilização de águas residuais. E Luís Encarnação dá novamente o exemplo do país vizinho. “Em Espanha já há municípios que utilizam a quase totalidade das águas residuais. Se pudéssemos tratá-la, como já fazemos nas nossas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Boavista e da Mexilhoeira, e tê-la em condições para a rega de espaços públicos, dos campos de golfe, lavagem de viaturas e contentores, em vez de a lançar para o rio e mar, a poupança seria elevada. Isso replicado à escala dos 16 concelhos do Algarve teria um forte impacto na poupança”, destaca.
Nesse sentido, o município já se reuniu com a empresa Águas do Algarve. “Manifestámos a nossa vontade de utilizarmos água tratada. Isso implica investimento da Águas do Algarve e da Câmara de Lagoa. Eles têm de investir na ETAR para que a água possa ter qualidade para ser reutilizada e nós teremos de construir adutoras para recolhê-la e encaminhá-la para o seu uso final”, explica Encarnação.