Dois milhões de euros para substituição de condutas de água
Até final do atual mandato, Luís Encarnação espera ter concluídas as obras de substituição de condutas nas principais adutoras do concelho. Os compromissos plurianuais para a intervenção nas de Lagoa/Sesmarias, de Carvoeiro/Vale de Milho e de Lagoa/Estômbar/Calvário já foram aprovados e os concursos serão lançados nas próximas semanas. Ainda este ano, segundo o autarca, avançarão também os procedimentos para a adutora Lagoa/Poço Partido/Carvoeiro.
“Depois de aprovados os compromissos plurianuais, vamos lançar o concurso público por lotes. Serão quatro e as principais adutoras do concelho estão incluídas. Só fica de fora deste primeiro a de Lagoa/Poço Partido/Carvoeiro, que será integrada num próximo concurso, ainda este ano. Agora avançam a de Lagoa/Sesmarias, a de Carvoeiro/Vale de Milho e a de Lagoa/Estômbar/Calvário, num investimento de cerca de dois milhões de euros. Estamos a candidatar estas intervenções ao Plano de Recuperação e Resiliência e a ideia é substituir as condutas, algumas com mais de 40 anos, para melhorar a eficiência. A expetativa é que até final deste mandato estejam as quatro concluídas”, garante o autarca.
“Só se não aparecesse nenhuma empresa a concurso é que estes prazos seriam colocados em causa, mas não acredito que isso venha a acontecer”, acrescenta.
Numa altura em que a falta de água continua a agravar-se, os municípios do Algarve procuram reduzir as fugas através da substituição de condutas e de outras medidas. Lagoa não é exceção.
“O nível de perda de água que temos está situado entre os 34 e os 36 por cento. Esperamos que esse número possa ficar abaixo dos 30 por cento no final de 2023. E que, depois da intervenção nestas condutas, cheguemos aos 20”, explica Luís Encarnação.
“Um dos problemas que temos no concelho, e em quase todos na região, é a água não faturada. Estamos a tentar reduzir. Uma parte é da responsabilidade da autarquia, nas instalações desportivas e outras. Nestes locais não era contabilizada, mas a partir deste ano já é, pois instalámos contadores. Isto porque queríamos perceber qual é a água não faturada que vem das perdas, das roturas das condutas e a que é roubada, ‘desviada’ por particulares. Ainda vamos descobrindo casos destes com muita frequência”, revela.
Reunião na AMAL para mais medidas
O Algarve está em situação de seca extrema e, de acordo com os últimos indicadores, a água armazenada chegará para pouco mais de um ano, quer para consumo humano quer para a agricultura. Nesse sentido, a 15 de maio irá decorrer uma reunião na AMAL para os presidentes de Câmara conciliarem um conjunto de medidas a tomar.
“O que está em cima da mesa são ações semelhantes às tomadas no ano passado e que passam por desligar fontes e fontanários, reduzir a rega dos espaços públicos e, eventualmente, encerrar as piscinas municipais. A água é um bem escasso. As pessoas têm de ter, cada vez mais, noção disso. Fizemos em 2022 uma campanha nesse sentido, para colocar os cidadãos a pensar e para que tomassem consciência que é imperativo poupar”, recorda.
Adepto da dessalinização
As medidas de fundo são necessárias e uma delas agrada a Luís Encarnação: a dessalinização. “Sou um defensor desta ideia. Estamos muito atrasados em relação a Espanha, que já tem mais de 20 dessalinizadoras. Nós ainda estamos a terminar os estudos de impacte ambiental para decidir a melhor localização de uma: se será entre Albufeira e Loulé, na Várzea de Quarteira, ou na zona de Lagos. Através deste processo, podemos ‘produzir’ entre 20 a 25 por cento do total de água que consumimos no Algarve, o que seria uma importante ajuda”, sublinha.
Outra solução apontada pelo presidente da Câmara é a reutilização de águas residuais. E Luís Encarnação dá novamente o exemplo do país vizinho. “Em Espanha já há municípios que utilizam a quase totalidade das águas residuais. Se pudéssemos tratá-la, como já fazemos nas nossas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Boavista e da Mexilhoeira, e tê-la em condições para a rega de espaços públicos, dos campos de golfe, lavagem de viaturas e contentores, em vez de a lançar para o rio e mar, a poupança seria elevada. Isso replicado à escala dos 16 concelhos do Algarve teria um forte impacto na poupança”, destaca.
Nesse sentido, o município já se reuniu com a empresa Águas do Algarve. “Manifestámos a nossa vontade de utilizarmos água tratada. Isso implica investimento da Águas do Algarve e da Câmara de Lagoa. Eles têm de investir na ETAR para que a água possa ter qualidade para ser reutilizada e nós teremos de construir adutoras para recolhê-la e encaminhá-la para o seu uso final”, explica Encarnação.