“É injusto relacionarmos o 25 de Abril com as insuficiências que estamos a passar”, diz Lídia Jorge

A escritora Lídia Jorge foi a convidada de honra na sessão comemorativa do cinquentenário do 25 de Abril da Assembleia Municipal de Loulé, que se realizou no Cineteatro Louletano e teve como lema “Herança e Projeto”.

“É injusto relacionarmos o 25 de Abril com as insuficiências que estamos a passar”, afirmou a escritora louletana. E acrescentou: “Só quem não tem memória é que não sabe que vivíamos num país praticamente em estado medieval. Por isso, 50 anos ainda não é muito para repor aquilo que nos faltou até 1974. Hoje temos grandes insuficiências, mas que advêm do contexto internacional gravíssimo em que estamos mergulhados”.

Lídia Jorge sublinhou ainda o facto de esta revolução constituir-se como simbólica, já que inaugurou uma mudança que viria a ser o “protótipo de mais de sessenta revoluções e mudanças de regime em todo o mundo”. 

No seu discurso, a escritora apontou também a falha do atual modelo económico como causa da “tragédia da injustiça social”. “Este modelo económico está a falhar, é preciso alterá-lo para podermos dar casa, comida e conforto a todos, e não só a alguns”, ressalvou.

A admiração pelo outro é também um ponto importante na democratização, segundo a oradora convidada desta Assembleia. “Uma sociedade democrática não pode sobreviver de modo nenhum se não nos admirarmos uns aos outros. Assim que alguém é escolhido é imediatamente escrutinado da pior forma. Não há democracia que resista”, disse perante aquilo a que chamou a “tribalização da sociedade”.

Por seu turno, Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, fez questão de elogiar os Capitães de Abril, que “num ato de coragem e generosidade depuseram um regime ditatorial e opressor com quase 50 anos de existência”, mas também para o povo, os “milhares de portugueses e portuguesas que tornaram irreversível” a revolução que deu origem à democracia.

O autarca aproveitou a ocasião para dar nota do trabalho que está a ser desenvolvido pela autarquia em áreas como a habitação e o desenvolvimento do interior.

Entretanto, o presidente da Assembleia Municipal, Carlos Silva Gomes, fez um balanço das atividades do órgão que dirige, frisando que “participar e criar condições para a participação é, cada vez mais, importante”.

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