Eleições presidenciais: Marcelo Rebelo de Sousa vence à primeira volta em todo o Algarve

2015-10-09-RAV_TVI-229

Marcelo Rebelo de Sousa, o único candidato da direita, recomendado pelo PSD e pelo CDS, foi a grande vencedor destas eleições para a Presidência da República, com 52 por cento dos votos a nível nacional, evitando assim uma segunda volta. Mas num país com mais de 9,6 milhões de eleitores, a abstenção bastante elevada atingiu os 51,16 por cento.

José Manuel Oliveira

 

No Algarve, o novo inquilino de Belém ganhou com 47,62%, enquanto a abstenção chegou aos 55,65 por cento. Sampaio da Nóvoa, com 22,89 % no país (e 23,83% no Algarve) e Marisa Matias, que alcançou 10,13 % a nível nacional (e 13,78% no Algarve) ficaram em segundo e terceiro lugar, respetivamente. A desilusão da noite para muitos foi Maria de Belém, que obteve o quarto lugar, com 4,24% (4,40 % no Algarve). Edgar Silva conquistou a quinta posição, recolhendo 3,95% (3,55% no Algarve) e Vitorino Silva a sexta, com 3,28% (2,67% no Algarve). Paulo Morais não foi além do sétimo lugar, com 2,15% (2,96% no Algarve) e Henrique Neto do oitavo, com 0,84 % (0,71% no Algarve). Jorge Sequeira, que conseguiu 0,30% (0,24% no Algarve) ficou em novo lugar. O décimo, e último, foi Cândido Ferreira, que no país ficou limitado a 0,23%, enquanto no Algarve registou apenas 0,24 por cento. Os votos em branco situaram-se em 1,24 % a nível nacional e em 1,37% no círculo eleitoral de Faro. Os nulos fixaram-se em 0,93% no país e 1,00 por cento nesta região.

Loulé (55,77%), São Brás de Alportel (50,25%), Faro e Lagoa, ambos com 46,61 por cento, foram os concelhos onde Marcelo Rebelo de Sousa registou maior votação. Ao invés, em Aljezur (37,19%), Vila do Bispo (41,32%) e Vila Real de Santo António (40,35%), o novo Presidente da República recolheu menos votos.

Francisco Paulino (vice-presidente do CDS/Algarve):“Os portugueses não gostam de meter os ovos todos no mesmo cesto”

“Espero que o professor Marcelo Rebelo de Sousa se mantenha fiel à sua matriz democrática e seja um garante da liberdade”. Foi este o apelo lançado por Francisco Paulino, um dos vice-presidentes da Comissão Política Distrital do CDS/Algarve, pouco depois de serem conhecidos, no domingo, os resultados oficiais das eleições para a Presidência da República. Em declarações ao site da Revista Algarve Vivo, aquele dirigente partidário frisou que a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, além de ele “não contar com outros candidatos da mesma área”, significa também que “os portugueses não gostam de meter os ovos todos no mesmo cesto”.

Apontou, por outro lado, como grandes surpresas da noite o elevado “nível de abstenção” registado “e a derrota da candidata Maria de Belém, que refletia o Partido Socialista, do qual foi presidente e deputada”. “Juntos, “a doutora Maria de Belém e o professor Sampaio da Nóvoa, que era apoiado pelo Governo, não chegaram a 30 por cento. Isso reflete as opções do eleitorado quatro meses depois das eleições legislativas”, observou vice-presidente da Comissão Política Distrital do CDS/Algarve. Francisco Paulino aproveitou para desejar, acima de tudo, estabilidade para o país, mas não acredita numa legislatura para quatro anos, com um Governo liderado pelo PS. “Este Governo não está cimentado em bases sólidas, mesmo independente da ideologia. É muito instável e qualquer «pedrinha» pode fazê-lo cair”, vaticinou.

João Vasconcelos (deputado do Bloco de Esquerda pelo Círculo Eleitoral de Faro): “A esquerda teve, de facto, nestas eleições uma derrota”

O deputado algarvio do Bloco de Esquerda João Vasconcelos não se mostrou surpreendido com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, mas deixa desde já um primeiro recado para o sucessor de Cavaco Silva no Palácio de Belém. “Os resultados, enfim, de certa maneira eram previsíveis atendendo à campanha que este candidato de direita vinha fazendo ao longo de vários anos nos órgãos de comunicação social, nomeadamente nas televisões, sem dúvida. O que, agora, temos esperança é que tenha uma posição de cooperação com o Governo para fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, ao contrário do que sucedeu, infelizmente, com o Presidente que se vai embora”, disse ao site da revista Algarve Vivo.

Em relação a surpresas, João Vasconcelos destacou o terceiro lugar alcançado por Marisa Matias, representante do Bloco de Esquerda. “Uma grande surpresa, sem dúvida, foi a grande votação que a Marisa Matias obteve, com mais de dez por cento. No Algarve, até se situou quase nos 14 por cento, o melhor resultado do país. E como tal, o Bloco de Esquerda vai continuar a acreditar, a seguir em frente. A luta continua”, notou. Apesar de tudo, reconheceu que, com a derrota da socialista Maria de Belém e de Sampaio da Nóvoa “a esquerda teve, de facto, nestas eleições uma derrota, foi uma realidade”. A abstenção a nível nacional “de mais de 50 por cento”, reflete para aquele deputado algarvio do Bloco de Esquerda o “descontentamento” dos portugueses. “As pessoas não acreditam no sistema”, concluiu.

Joaquina Matos (presidente socialista da Câmara Municipal de Lagos e mandatária no Algarve da candidatura de Sampaio da Nóvoa): “É muito importante que Marcelo consiga unir os portugueses”

“Ouvi com muita atenção o discurso do senhor Presidente da República eleito, que tem como principal objetivo unir os portugueses. Essa declaração é muito importante, numa altura em que o país se encontra numa situação tão difícil e tão perigosa. A ação do Presidente cessante, Cavaco Silva, foi muito má nestes anos”, salientou, por seu turno, à Algarve Vivo, a socialista Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos e mandatária no Algarve, juntamente com o reitor da Universidade, da candidatura de Sampaio da Nóvoa.

Embora desiludida, os resultados, na sua opinião, “foram dentro daquilo que nós esperávamos”. “Batemo-nos por um outro resultado, não o conseguimos, mas foi uma campanha muito interessante. Gostei muito de conhecer o doutor Sampaio da Nóvoa, de conviver com ele e de o acompanhar nalguns durante a campanha”, sublinhou. Quanto ao futuro político do candidato que ficou em segundo lugar nestas eleições e à possibilidade de se tornar militante do PS, Joaquina Matos não escondeu sorrisos e um desabafo: “É um assunto que só a ele diz respeito… Somos livres e cada um de nós escolhe as suas opções”. Aproveitou, entretanto, para enaltecer “as competências” de Sampaio da Nóvoa, desejando que “sejam postas ao serviço dos portugueses”. “Não tem a experiência nem teve as possibilidades do professor Marcelo Rebelo de Sousa que durante anos esteve semanalmente na televisão nos seus comentários políticos. Apesar de tudo, Sampaio da Nóvoa conseguiu mobilizar muitos portugueses”, elogiou a Mandatária pelo Algarve.

Joaquina Matos corrobora a opinião do também socialista Manuel Alegre, para quem estas eleições “foram uma derrota para toda a esquerda”. “Também concordo. Acho que todos devemos refletir muito bem”, avisou a autarca socialista. O que falhou? “De facto, não estivemos bem… Temos de seguir em frente”, limitou-se a responder. No rol das queixas, aponta para a abstenção, nomeadamente. “As pessoas não vão votar. Creio que isso tem a ver com a classe política. No Algarve, apesar de tudo, a candidatura de Sampaio da Nóvoa ultrapassou a média nacional. Fizemos o que pudemos, com muito entusiasmo e com muita convicção de que estávamos a apoiar uma candidatura de esperança e com valores pelos quais sempre nos orientámos. Em política, há vitórias e derrotas, não há propriamente vencidos e por isso vamos a continuar a trabalhar por um Portugal melhor”, acentuou.

António Eusébio (presidente da Federação do PS/Algarve): Maria de Belém tomou uma “posição pessoal, que não comento” e “ala esquerda dividiu o eleitorado”

Também para o presidente da Federação do PS/Algarve, António Eusébio, os resultados eleitorais “com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta eram os esperados de acordo com as sondagens”, mas não concorda com que se trate de uma derrota para toda a esquerda. “Penso que não. Não sou tão dramático”, reagiu de forma lacónica.

Em relação à grande surpresa, reconheceu à reportagem da Algarve Vivo que a socialista “Maria de Belém não teve um resultado famoso”, apontando essa situação “à ala esquerda que dividiu o eleitorado”. “Foram resultados muito aquém do esperado”, lamentou. E será que, depois do anúncio da candidatura de Sampaio da Nóvoa, juntamente com socialistas, Maria de Belém faz mal ao entrar também na corrida das presidenciais em plena campanha para as eleições legislativas? António Eusébio preferiu ser cauteloso: “foi uma decisão pessoal, que não comento”.

O site da revista Algarve Vivo contactou, durante a noite de domingo, Paulo Sá, deputado da CDU pelo Algarve, mas ninguém atendeu o telemóvel.

 

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