Emblemática embarcação ‘Alvor’ regressa à vila por ocasião da festa em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem
A festa em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, que costuma atrair milhares de pessoas à zona ribeirinha de Alvor entre 18 e 20 de agosto, terá como momento alto a procissão do próximo domingo, da qual fará parte o barco salva-vidas ‘Alvor’.
Desta forma, a emblemática embarcação regressa à vila, onde se encontra há cerca de 90 anos, na sequência do restauro realizado no estaleiro Portinave, por iniciativa do Município de Portimão.
Posteriormente, vai ser colocada nas instalações do futuro Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor, que deverá ser inaugurado no final de 2023, visando perpetuar a sua imagem enquanto símbolo local.
Tradição centenária
De periodicidade bienal, as comemorações da padroeira dos marítimos honram uma tradição com mais de um século e têm início às 20h30 de sexta-feira, 18 de agosto, com abertura da quermesse, começando às 21h00 o baile animado por Cristiano Martins e Carlos Granito, enquanto no dia seguinte o baile estará a cargo do Som Livre, a que se seguirá espetáculo musical com Bruna.
A componente musical encerrará as festividades, por volta das 21h00 de 20 de agosto, momento em que João Paulo Cavaco animará o baile que vai anteceder o espetáculo de Manel do Barril e as suas Bailarinas.
O ponto alto do programa religioso será a missa solene em honra da Nª Senhora da Boa Viagem, marcada para as 15h30 do próximo domingo, 20 de agosto, precedendo a tradicional procissão pelas principais ruas da vila, acompanhada pela Banda Filarmónica de Portimão e Fanfarra dos Bombeiros de Portimão.
Cerca das 17h30 terá lugar a bênção das embarcações dos pescadores, preparando a procissão fluvial pela Ria de Alvor, sendo a veneranda imagem da Nossa Senhora da Boa Viagem transportada pelo Salva-vidas “Alvor”, recentemente recuperado por iniciativa do Município de Portimão.
Também a histórica embarcação ‘Moira’, atualmente acostada junto ao Museu de Portimão, participará no cortejo, reforçando a vertente de preservação patrimonial que marca a procissão deste ano.
Construído em madeira no ano de 1936 e considerado um dos últimos exemplares do género, este barco também foi alvo de recente restauro, por diligência do Município de Portimão através do seu Museu.
Esta tradicional celebração religiosa é organizada pela Comissão de Festas da Igreja Matriz de Alvor, com os apoios da Santa Casa da Misericórdia de Alvor, Corpo Nacional de Escutas – 685 Alvor, Junta de Freguesia de Alvor e Câmara Municipal de Portimão, entre outros.
Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor
A estação salva-vidas que acolhe o barco a remos ‘Alvor’ iniciou a sua atividade em 1933, prestando assistência e socorro às embarcações de pesca que cruzaram a barra de Alvor durante meio século, até que em 1983 a estrutura deixou definitivamente de funcionar.
A presença do barco salva-vidas à barra constituía um importante ponto de auxílio na entrada das embarcações ou à prestação de socorro a naufrágios que aí ocorreram, trabalho que resultava de um esforço coletivo dos muitos pescadores que ao longo do tempo constituíram a sua tripulação: “Hoje és tu, mas amanhã posso eu precisar!”, diziam os homens do mar.
Após o encerramento da estação, continua ainda hoje na memória dos alvorenses o dia em que, no ano de 1983, o Ministério da Marinha quis levar para Lisboa o salva-vidas já desativado e a população se revoltou, cortando os carris que o faziam descer até ao rio, impedindo que fosse levado.
Mais uma iniciativa do Município de Portimão na vertente da recuperação patrimonial, o projeto do Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor foi apoiado pelo Programa CRESC Algarve 2020, no âmbito do Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos, e contempla a recuperação da antiga estação do Instituto de Socorros a Náufragos em Alvor, bem como da embarcação salva-vidas ‘Alvor’ e respetiva adaptação museológica à interpretação e transmissão da história da sua atividade e memória no contexto marítimo e piscatório local.
Outro dos objetivos do projeto, orçado em 312 mil euros, passa por realçar o importante papel da comunidade piscatória da freguesia de Alvor nos seus quotidianos de trabalho e práticas ligadas à faina pesqueira, de ontem e de hoje.