Entusiasmo pelo ténis e padel já leva a pensar em mais campos
Hélio Nascimento, in Portimão Jornal nº42
Há cerca de ano e meio, o nosso jornal visitou o Clube de Ténis e Padel de Portimão (CTPP) e deu conta de um crescimento de grande significado, alicerçado, em especial, no número de novos adeptos, muitos deles ‘chamados’ pelo padel, a ‘modalidade da moda’.
De junho de 2020 ao presente, porém, esse registo não parou de aumentar, de tal modo que a coletividade nunca teve tantos atletas e sócios como agora, ‘obrigando’ os responsáveis a pensarem já em alargar horizontes, apesar das recentes obras de requalificação.
Plínio Jorge, diretor-técnico e alma do clube, voltou a receber o Portimão Jornal e foi o cicerone ideal para nos mostrar os últimos melhoramentos, a começar logo pela nova entrada, “ampla e com dignidade”, graças a uma alteração da estrutura que ‘deslocou’ o acesso principal, que antes se fazia pelo restaurante contíguo. E como está bonito o Complexo Municipal!
“No lugar de um campo de ténis, construímos três de padel, dois deles, entretanto, cobertos. Renovámos todos os pisos dos recintos do ténis e fizemos coberturas em dois. E temos também um bar de apoio”, elucida Plínio Jorge, deliciado com as novidades que vai enumerando.
Entre coberturas, novos pisos, construções de campos, reabilitação da entrada e bar de apoio foram gastos à volta de 420 mil euros. A Câmara Municipal de Portimão participou com 117 mil euros, dos quais foram investidos 47 mil euros em trabalhos que incidiram ao nível do desgaste natural das infraestruturas, nomeadamente a substituição da vedação exterior e recuperação da bancada do equipamento, que foi pintada e impermeabilizada, e mais 70 mil euros resultantes da assinatura de um contrato-programa de investimento para a época desportiva 2020/2021.
A acompanhar o progresso
O complexo dispõe agora de cinco campos de ténis, dois deles cobertos, e oito de padel, cinco cobertos. “O padel continua a crescer muito e em força. Todos os dias temos pessoas novas e é graças a isto que melhorámos as instalações, o que foi extensivo, também, ao ténis. As nossas modalidades, apesar da pandemia, registaram um notável incremento, ao que não é estranho o facto de serem praticadas ao ar livre e de o contacto ser reduzido”, reconhece Plínio Jorge, referindo-se à especificidade do ténis e do padel e à forma como são praticados.
“Nunca tivemos os campos tão cheios. As escolas até têm lista de espera e temos continuado sempre a crescer”, prossegue o diretor, vincando que “o padel está na moda e é uma loucura” e que este fenómeno se estende por todo o país.
“Estivemos quase seis meses fechados, em confinamento, em função do que a Câmara exigia, mas, mesmo assim, crescemos durante estes dois últimos anos”.
A coletividade conta com 180 atletas no ténis, a maioria jovens, e, na escola de padel, 150 alunos. “Os sócios são à volta de 700, tudo números que subiram desde 2018/19, ou seja, desde que começou o padel”.
As vantagens dos associados não oferecem dúvidas e vão do aluguer mais ‘em conta’ dos campos à maior facilidade de reservas. “Acresce que as quotas são baratas. Uma anual custa 50 euros e a série de regalias é deveras compensadora”.
Em plena era digital, o clube não ficou à margem do progresso. “Temos uma plataforma de reservas, senão era impossível gerir a atividade e fazer marcações. Os nossos sócios podem fazer isso tudo pela aplicação, bem como pagar as quotas, o que facilitou imenso em termos logísticos. Existe sempre uma enorme quantidade de pessoas para jogar”, vinca.
Grandes eventos ‘pedem’ mais palcos
Apesar das muitas e significativas obras feitas, o CTPP já pensa em voltar a expandir-se, uma vez que o espaço começa a ser limitado, face ao notável crescimento dos últimos tempos.
Neste sentido, há um pedido feito à Câmara para estender o complexo para a zona pertencente aos viveiros de plantas. “Existe um projeto para passar o viveiro para a Quinta Pedagógica, de modo a que o clube, mesmo mantendo a parte do jardim, possa dispor de mais espaço”, argumenta Plínio Jorge.
De facto, cinco campos de ténis já não chegam para a realização de provas internacionais de grande dimensão, obrigando a que os torneios se estendam a Alvor e até ao ‘Hotel da Penina’. “Nos grandes eventos temos de recorrer a estes pisos. É satisfatório, mas não é a mesma coisa, e daí a ambição de ter mais campos de ténis e passar a dispor de sete no total”, explica o diretor.
No caso do padel, “a única hipótese é crescer para o lado contrário, mas é preciso que a petanca, uma modalidade ótima, passe para outro sítio, de todo condigno e ainda melhor”, ou seja, “temos de ser uns para os outros”.
Estas hipóteses estão em estudo, a par de “muitas mais coisas para fazer, desde as indispensáveis manutenções ao aumentar dos balneários e zonas dos vestiários, renovar os pisos do padel – que já acusam algum desgaste – e fazer pinturas”. Como diz Plínio Jorge, “se está bonitinho é para manter”.
O futuro, está bom de ver, é risonho, e, na circunstância, os calendários deste ano englobam “três grandes eventos internacionais no ténis, um de sub-14 em julho, outro de sub-18 em outubro, e, mais próximo, de 6 a 13 de março, um torneio masculino de 25 mil dólares de prémios, uma prova integrada no circuito algarvio, que é de cinco semanas e passa por várias localidades da província”.
Com um ‘prize-money’ desta dimensão, a categoria de jogadores é considerável. Mais para o fim do ano, o CTPP organiza o Open Juvenil de Portimão, em dezembro, e um torneio (de 2 mil euros) para jogadores nacionais, em novembro.
Quanto ao padel, as provas são mais limitadas. “Teremos um torneio de seniores, categoria 5 mil (a segunda mais elevada), em setembro, e um de veteranos, de categoria 10 mil, que é o topo, em maio. Esta prova traz muita gente e pode juntar 200 duplas”.
Além disso, acrescenta Plínio, o calendário está cheio em termos de eventos sociais ao longo do ano, “à volta de um torneio por mês em cada uma das modalidades, que coabitam bem, inclusive na relação familiar”.
As referências e o mediatismo
No ténis, as grandes referências do CTPP são o sub-14 João Barreto e a sub-16 Jessica Para, que ainda recentemente (ver caixa) conquistaram medalhas no Masters Juvenil da Federação Portuguesa da modalidade. “São as nossas maiores apostas ao nível da competição. Têm o apoio do clube e já integraram as seleções”, salienta Plínio Jorge, naturalmente satisfeito com as performances dos dois jovens.
No padel, “temos dois técnicos M1 (masculinos 1, que é o topo da hierarquia), que se sagraram campeões nacionais em M2 e subiram de nível, sendo, atualmente, 18º e 19º no ranking”, diz o também professor, que é um especialista na matéria. Os elementos em causa são Tiago Valério e Miguel Pitau, que “dão aulas, fazem competição de alto nível e são apostas nossas”.
Plínio Jorge, também ele um campeão (ver outra caixa), lamenta que se fale pouco desta modalidade e que o mediatismo seja reduzido em Portugal, mesmo depois da obtenção de títulos europeus, como sucedeu em novembro passado, a nível de seleção de veteranos, e anteriormente em outros escalões. “Fala-se pouco, é um facto. É futebol e pouco mais. Um título destes é sempre subvalorizado. No meio do padel, todavia, o impacto é maior. Veja-se a propagação da modalidade, tipo quem joga traz os amigos. Depois, é fácil de jogar, é um desporto muito social, também por ser em duplas, seja com senhoras, homens, pares mistos e mais ou menos novos”.
“O meu projeto de vida”
A ocupação dos campos, já deu para perceber, não dá margem para “grandes manobras”. Entre as 18h00 e as 22h30 é raro haver recintos livres e mesmo nos restantes horários, inclusive logo a partir das nove da manhã, o movimento é intenso. Ao fim de semana, claro, o Complexo Municipal também enche.
“Isto cresceu muito”, confessa Plínio Jorge, já com 30 anos de clube e que, recentemente, foi alvo de uma singela homenagem por parte da Direção, que se mantém praticamente a mesma, pese embora a saída do anterior presidente (Plínio João, 84 anos, pai do nosso interlocutor), substituído por Ricardo Marzagão, que tinha o cargo de vice-presidente. “Cheguei ao clube em 1991, requisitado pela Câmara Municipal de Portimão”, recorda o técnico, satisfeito pelo percurso e pelo crescimento sustentado do emblema da cidade.
“Trabalhamos em especial com os portimonenses, mas também temos atletas de fora, num crescimento mais residual. No Verão e nas datas festivas aparece sempre mais gente, para praticar e para se exercitar, embora a nossa base seja os residentes de Portimão”.
O CTPP tem três técnicos no ténis e dois no padel, para além de Plínio como diretor técnico. “Já não ando tanto no terreno. Agora é tipo tapar buracos, estou mais na parte logística e organização, porque isto já é um barco grande e eu continuo como professor de Educação Física na Escola da Bemposta, no Desporto Escolar. Só que este é o meu projeto de vida. O prazer e a alegria que me dá ver os campos cheios, os miúdos a correr… quando fechámos por causa da pandemia até saí daqui…”.
Dupla medalhada no Masters Juvenil
O ténis do CTPP deu mais um exemplo de classe e bom rendimento, quando, recentemente, conquistou dois pódios no Masters Juvenil da Federação da modalidade, prova que juntou, naturalmente, os melhores de cada escalão. Assim, em sub-14 masculinos, João Barreto sagrou-se vice-campeão, perdendo apenas na final, diante de Gustavo Oliveira, depois de ter vencido os três encontros do seu grupo. Em sub-16 femininos, Jessica Para passou em segundo lugar da série, com duas vitórias e uma derrota, e, na atribuição do 3º e 4º lugares, levou a melhor e conquistou o bronze. “Fantásticos resultados dos dois melhores atletas do clube, que, desta maneira, vêm confirmar a aposta feita nestes tenistas em termos de treinos e participação regular em competições!”.
Campeão europeu por Portugal
Plínio Jorge é uma das grandes referências do país no padel, a nível de veteranos, e, para além de ser campeão nacional na categoria de mais de 55 anos, é campeão europeu por Portugal, título alcançado em Vilamoura, em novembro passado. “É o maior título da minha carreira”, atira, com indisfarçável orgulho. Plínio foi ainda vice-campeão, na mesma prova, em duplas, mas é o título ao serviço da Seleção que mais destaca. Já agora, por curiosidade, diga-se que cada Seleção é representada por cinco escalões de idades, num total, óbvio, de cinco encontros. “Ganhámos à Suécia nas meias-finais e à Espanha na final, sempre por 3-2 e com decisão na negra”, conta, evocando um entusiasmo sem paralelo.