Exposição ‘Brincadeiras’ mostra liberdade de Elisa Rafael no Convento de São José

Foi só aos 55 anos que começou a pintar, mas isso não invalidou o crescimento de uma enorme paixão pela olaria e pela pintura. Elisa Rafael, de 70 anos, vive em Lagoa desde 1981, altura em que veio ‘abrir’ a agência da Caixa Geral de Depósitos, vinda de Olhão, mas hoje considera-se uma lagoense de gema e uma pintora de liberdade, que tem como referência o mestre Fernando Rodrigues, com quem teve aulas de olaria durante nove anos.

A exposição ‘Brincadeiras’, patente no Centro Cultural Convento de São José desde 15 de junho, apresenta algumas das obras da pintora, naquela que é a sua primeira mostra individual naquele espaço.

Ali encontram-se diversos trabalhos, de diferentes temáticas, mas com muita cor, como faz questão de explicar. “Quando me ponho em frente a uma tela em branco, raramente tenho um tema. Gosto de ser livre! É algo espontâneo e que surge no momento. Aprecio a liberdade de brincar com as cores, ver os seus efeitos e nesta exposição tenho quadros sobre viagens, família, nus, natureza, etc. Com o barro também é assim, espontâneo, e saem coisas engraçadas”, explica a artista que usa “técnicas mistas e colagens”, aproveitando tudo para usar na sua arte: “Até faço pinturas a café e com tintura de iodo”, revela.

Reconhecimento
A exposição agora patente está a ter uma boa aceitação do público e ótimas reações, tanto que tinha data para sair do convento a 23 de julho, mas continua disponível e o ‘feedback’ que tem sido bastante bom.

“Muito positivo, o que me surpreendeu. Havia muita gente que não sabia que eu pintava e na rua já fui abordada várias vezes. Nem pensava que certas pessoas ligavam à pintura, mas foram ver a exposição e deram-me os parabéns, dizendo que ficaram muito agradadas e surpreendidas. Também as visitas das escolas têm trazido um reconhecimento muito grande, dado pelos professores, que já me pediram para estar presente no momento da visita dos alunos, pois eles têm sempre muitas perguntas”, afirma, com entusiamo.

Feliz com a sua exposição, a pintora faz questão de deixar “um agradecimento especial aos funcionários da Câmara Municipal que deram um apoio enorme a montar a mostra: Paulo Francisco, Lídia Santos, Paulo Guetes e António Porfírio”.

Em breve, Elisa Rafael vai ter outras obras expostas na Biblioteca Municipal de Lagoa e já tem um convite para estar também em Olhão.
“Durante o ‘Lagoa Wine Show’, umas pessoas ligadas à cultura em Olhão passaram no convento e viram a mostra. Gostaram tanto, que me contactaram para ir lá expor”, diz, com orgulho.

O grande mestre
O mentor de Elisa Rafael foi o mestre Fernando Rodrigues, com quem aprendeu quase tudo o que sabe. “Comecei a pintar a partir da reforma. Quando me aposentei pensei em fazer apenas o que gostava. Então fiz viagens e comecei a frequentar as aulas na Escola de Artes com o mestre Fernando Rodrigues. Depois tive aulas de pintura com a Meire Gomes e, ultimamente, com o Patico, também um grande artista do nosso concelho, que deve merecer todo o nosso reconhecimento e admiração pelo seu trabalho fantástico”, salienta a artista.

“Gostava de que esta entrevista pudesse ter sido na Escola de Artes para mostrar a nossa sala museu, onde estão obras de várias gerações, do mestre Fernando Rodrigues e do seu pai, que ele fez questão de oferecer para ficarem expostas. O pai foi o último oleiro profissional de Lagoa, fechou nos meados dos anos 70! Mas tenho desgosto por aquela sala de exposições com obras deles e dos seus alunos, um espólio enorme, estarem fechadas há tanto tempo, sem que possam ser apreciadas. São memórias que estão ali abandonadas, fechadas. É uma pena”, lamenta.

A terminar, Elisa Rafael, que dá aulas de olaria na Escola de Artes, como voluntária, às quartas-feiras, das 15h00 às 17h00, convida os lagoenses “a participar para aprenderem e sentirem o que é a arte do oleiro”.

“A pintura e a olaria são uma terapia. Todos deviam experimentar. Naquele momento, esquecemos todos os problemas e nunca é tarde para começar! Eu comecei aos 55, 56 anos”, frisa.

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