Fórum conclui que Desporto pode ter grande impacto na economia local

Ao longo da tarde de 31 de janeiro, o auditório do Museu de Portimão foi palco do Fórum Empresarial do Desporto, que reuniu algumas dezenas de interessados em abordar a importância económica do fenómeno desportivo.

Na abertura dos trabalhos, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, realçou que “a economia tem muito a ver com o desporto”, dando como exemplos locais “o peso do golfe, do mergulho subaquático, do paraquedismo, do futebol do Portimonense na 1ª Liga e dos eventos de desporto motorizado promovidos pelo Autódromo Internacional do Algarve (AIA), os quais atraem muitos visitantes e representam, pelos milhões de euros que geram, uma grande mais-valia para a economia diversificada e sustentável do município.”

Segundo a anfitriã do fórum, “devemos ter muito respeito por quem dinamiza atividades desportivas, tanto as informais como as federadas, ou iniciativas que mobilizam muita gente, pois são promotores de riqueza para este território”. Nas palavras de Isilda Gomes, “é o comércio, são os hotéis, são os estabelecimentos de restauração, que beneficiam do turismo desportivo, onde se movimenta muito dinheiro, sendo necessário que os cidadãos tomem consciência de que, quando estamos a realizar uma atividade desportiva, ela é importante para todos nós e, como tal, é preciso ter melhor compreensão para os investimentos feitos nesta área.”

“Ganhámos o direito de ser Cidade Europeia do Desporto em 2019 (CED) pelo que realizámos nos anos anteriores, o que constitui um orgulho para o movimento associativo de Portimão e para a sociedade local”, concluiu a presidente.

 

ASSUMIR VERTENTE ECONÓMICA

Para Luís Flores, presidente executivo do Lide Portugal – Grupo de Líderes Empresariais, “não devemos ter qualquer preconceito em assumir a vertente económica do desporto, que não é só lazer e distração, mas antes representa um fator de desenvolvimento e um meio de aferir a capacidade financeira e cultural da sociedade.” O responsável sublinhou a existência de perto de dez mil clubes desportivos no país, tendo em 2017 a Administração Central disponibilizado às várias federações existentes um total de 36 milhões de euros. Destacou igualmente “o investimento particular de quem faz desporto com alguma regularidade, ou dos que incutem nos filhos o gosto pela prática desportiva, porque isso implica muitos sacrifícios, quer em dinheiro quer no tempo para cumprir as rotinas exigidas, custos esses que devem ser contabilizados.”

“Há toda uma indústria organizada e pensada com o desporto por alvo. Este mercado tem cada vez mais potencial e deve ser abordado sem preconceitos, numa perspetiva empresarial. Praticar desporto também é uma forma de incentivar uma economia sadia e sustentável. Saber conciliar o que o desporto tem de melhor com a economia deve ser tema para debater de forma aberta e transparente”, sintetizou Luís Flores.

Na sua intervenção, o presidente do IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, Vítor Pataco, fez notar que “esta é uma escola de valores para os jovens, se os treinadores que os orientam forem bem formados e lhes transmitirem esse positivismo para o resto da vida”. Considerada “de extrema importância do ponto de vista económico”, segundo a Agenda Europeia, a atividade desportiva é responsável por cerca de 2 por cento do Produto Interno Bruto europeu e 3,5 por cento dos empregos. Em Portugal representa perto de 1,4 por cento do emprego e, ao nível do valor acrescentado bruto, anda na volta de 1,7 mil milhões de euros. “Já existe um conjunto de empresas nacionais que conseguem entrar em nichos de mercado relacionados com a prática desportiva e faz sentido criarmos uma bolsa de ideias como esta”, defendeu.

Vítor Pataco considera que a CED “vai deixar um legado significativo em Portimão e no futuro será recordada como uma alavanca, não apenas para a atividade desportiva, mas ainda por contribuir para um movimento desportivo mais qualificado e ativo, envolvendo todas as pessoas daqui e contagiando os vizinhos à volta deste concelho.”

Convidada especial do fórum, a atleta olímpica Susana Feitor, praticante de marcha, traçou o historial da sua vida desportiva, “feita de muitos triunfos, mas também de amargas derrotas, ultrapassadas com muito esforço.”

“Planear, executar, falhar, aprender, refletir, corrigir, decidir, melhorar, confiar e aproveitar as oportunidades com unhas e dentes, sempre com muito empenho, disciplina, dedicação e espírito de sacrifício” foram as palavras de ordem usadas pela desportista de alta competição, antes de desafiar os presentes “a falhar, porque o sucesso é um caminho sinuoso.”

 

PORTIMÃO NA LIDERANÇA

Paulo Pinheiro, administrador da Parkalgar, falou sobre o Autódromo Internacional do Algarve (AIA), “um investimento enorme nas suas diversas valências e com um impacto económico muito positivo”. ”Os desportos motorizados tornam o país reconhecido a nível mundial e levam este destino à casa das pessoas, através das transmissões televisivas”, disse, antes de dar um exemplo: “Sendo a 47ª cidade portuguesa em termos de dimensão, Portimão é na Europa a que tem mais eventos relacionados com os desportos motorizados, o que revela o nosso posicionamento privilegiado no mundo.”

“Somos o circuito escolhido pelas grandes competições motorizadas e, de há dez anos a esta parte, quem mais organizou corridas, num total de 123 provas internacionais, das quais se destaca o Mundial de Superbikes, a maior que se realiza no nosso país neste segmento desportivo”, enalteceu Paulo Pinheiro. “Nesta década tivemos mais de um milhão e 800 mil visitantes e um volume de negócios acumulado de 150 milhões de euros, acolhemos 230 apresentações mundiais e gerámos mais de dois milhões e 100 mil dormidas diretas, o que significa que foram servidas, debaixo da nossa esfera, cinco milhões de refeições”, revelou.

“Em mais nada em Portimão somos tão bons como nisto, pois praias, hotéis de cinco estrelas e campos de golfe existem em qualquer outro concelho algarvio. Este é o ponto diferenciador para a economia portimonense. As corridas são fundamentais para divulgarmos a nossa oferta de negócio e o turismo à volta das provas é um dos fatores que mais leva ao desenvolvimento das economias locais. Somos líderes mundiais neste segmento e não há ninguém que nos bata”, considerou Paulo Pinheiro, ao mesmo tempo que divulgou que ao longo de 2019 vão realizar-se cinco apresentações mundiais no AIA, “escolhidas por nós em função das muitas solicitações recebidas.”

No final da sessão, o professor Rui Loureiro, em representação do ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, sediado em Portimão, referiu que o desporto “é a atividade mais importante em qualquer autarquia, pois movimenta pessoas de todos os estratos etários e, assim, envolve a comunidade, muito pelo empenho de pequenos clubes que lutam pela sobrevivência e nos quais a formação para o dirigismo é fundamental.”

Coube a Teresa Mendes, vereadora da Câmara de Portimão com o pelouro do Desporto, encerrar os trabalhos, expressando a vontade que a CED 2019 proporcione “mais desporto adaptado, mas desporto no rio Arade, aproveitando condições naturais ímpares, mais desporto no feminino, em modalidades onde isso não é habitual, mais desporto informal, com ações de rua e caminhadas, e mais desporto para a terceira idade.”

“Para impulsionarmos a economia, devemos promover Portimão como destino turístico desportivo. É essencial que na chamada época baixa, de novembro a maio, tenhamos estágios e eventos em várias modalidades que promovam a região. De modo a aumentarmos os índices de prática desportiva regular na população, que atualmente se situam acima dos 33 por cento, entre 2018 e 2020 o investimento autárquico irá rondar os três milhões de euros, com destaque para a conclusão do Pavilhão Desportivo da Boavista, cujas obras se iniciarão já em fevereiro”, avançou Teresa Mendes.

 

DOIS PAINÉIS

No painel “Desporto local, nacional e internacional”, moderado pela jornalista Elisabete Rodrigues, intervieram André Reis, atleta e treinador da Escola de Boxe de Portimão, António Cordeiro, fundador da EnneaSport e a vereadora Teresa Mendes. O painel “Economia no Desporto”, moderado por Luís Matos Martins, da startup Territórios Criativos, participaram Jorge Araújo, professor do ISMAT, Gil Guilherme, fundador da empresa emjogo.pt e Paulo Costa, diretor geral da GlobalSports.

O encontro integrou o programa CED 2019 e foi promovido em conjunto pelos Territórios Criativos, pela Lide Portugal e pela Câmara Municipal de Portimão.

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