Francisco Martins: “O Algarve precisa de vozes em Lisboa”



Em entrevista ao jornal Lagoa Informa, publicação da mesma empresa da revista Algarve Vivo, o presidente da Câmara de Municipal de Lagoa, Francisco Martins, queixa-se da falta de força da região junto do Governo, salientando que o Algarve precisa de deputados com voz, o que não tem sucedido nesta legislatura. Fazendo uma análise do panorama político atual, o autarca entende que o PS tem todas as condições para conquistar a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, a decorrer em outubro de 2019.


A menos de um ano das eleições legislativas, como analisa o atual cenário da política nacional?
O PS tem todas as condições para ganhar as eleições. A questão é se pode ganhar com ou sem maioria absoluta. Depende da arte e engenho do partido. Sabia-se que as greves iriam aparecer, pois houve expetativas criadas e há setores que iriam querer estar melhor. Depois há partidos que querem evitar uma maioria absoluta do PS, para que haja dependência para alianças e acordos. Há processos em que o governo tem estado bem e outros em que tem de trabalhar mais a parte do diálogo. O PS tem condições para ganhar com maioria absoluta, se não o conseguir é por demérito de si próprio.

Continua a faltar força da região junto do Governo?
Em relação a isso, acho que o Algarve precisa de vozes, não de deputados. Se conseguir ter deputados com voz melhor será. Estamos daqui a alguns meses num processo de escolha de novos deputados pelo Algarve e estou curioso para perceber qual a distribuição geográfica dos mesmos, se serão só escolhidos do eixo Faro-Loulé, o que seria anedótico, mas é o mais provável. Por outro lado, temos de sentir que os nossos deputados são mesmo algarvios e não sentir que o PS tem voz cá em baixo. São coisas distintas…

Isso tem acontecido?
É isso que sinto. Sinto que o PS tem voz cá em baixo, mas que o Algarve não tem voz lá em cima. Acompanhamos isso e vemos as posições e a força de outras regiões do país como Aveiro, Porto e Viseu. Quando há um burburinho lá em cima há logo impacto, cá em baixo nem sequer diálogo se consegue ter com Lisboa, é constrangedor. Enquanto presidente de Câmara tenho dificuldades em falar com o Governo e o partido é da mesma cor! Tenho até dificuldades em falar com os deputados do PS eleitos pelo Algarve. Falo, mas pouco. Enquanto algarvio, sinto-me órfão da minha representatividade.

Há portanto pouca ligação entre as autarquias e os deputados?
Pouca é para ser simpático. Temos nove deputados no Algarve, estamos a acabar a legislatura e nestes quatro anos falei com um ou dois do meu partido por algumas situações. De resto, nem os conheço. Estive aqui reunido com alguns antes das últimas eleições legislativas (candidatos a deputados do PSD e do PP) que quiseram cá vir. Gostei de os receber, disse-lhes que era positivo para fazerem uma radiografia da região e passarem pelos concelhos todos, mas avisei que não acreditava que voltassem. Garantiram que voltariam. Até hoje nunca mais nenhum se interessou em cá vir, nem destes nem de outros partidos. Ninguém teve tempo. Há muita preocupação com a gestão pessoal de cada um, para estar posicionado, e pouco interesse coletivo.

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