Futuro da Adega Única está em risco
A Única – Adega Cooperativa do Algarve pode estar em vias de fechar a sua atividade, uma vez que não foi renovado, por opção do proprietário, a Lieberwirth, Gestão e Investimento Imobiliário, S.A., o contrato de arrendamento do atual edifício onde se encontra a laborar e onde há muitos anos são produzidos os vinhos de Lagoa. Se noutras ocasiões foi por razões financeiras que o futuro da adega esteve em risco, agora é a falta de um espaço para a produção que pode colocar em causa a continuidade da Única.
Segundo apurou o Lagoa Informa, o contrato termina a 26 de fevereiro e até 31 de julho todos os equipamentos têm de ser retirados do local. A Lieberwirth, que tem interesses na área do imobiliário, mas também no turismo rural e vinhos, pretenderá agora dar outro destino ao espaço onde funciona há décadas a Adega Cooperativa de Lagoa, que mudou posteriormente o nome para Única.
Só recentemente foi confirmada a não renovação do contrato, ainda que esse fosse um cenário esperado, uma vez que o edifício se encontra à venda há algum tempo.
Por isso, a direção da Única tem mantido contactos desde o início do ano com diferentes entidades e parceiros para tentar encontrar um local onde possa prosseguir com a sua atividade, mas até agora nenhum espaço foi encontrado.
“Mantivemos algumas reuniões também com a Câmara de Lagoa, que está ao corrente do processo e manifestou intenção de ajudar. Pedimos um espaço temporário até que pudéssemos resolver a situação, mas até agora não encontrámos nenhuma solução”, refere ao nosso jornal fonte da Única.
“É imprescindível arranjar um espaço até final de fevereiro, considerando as quantidades de vinho que temos armazenado e o tempo necessário para fazer a mudança para outro local”, acrescenta.
A Única é a última das cooperativas do Algarve e até teve um bom ano de 2024 em vendas e em distinções, com o enólogo João do Ó Marques, o mais premiado no Concurso de Vinhos do Algarve, e a própria adega que viu três dos seus vinhos conquistarem a medalha de ouro.
A Abegoria, sócio investidor da Única, já se mostrou disponível para apoiar neste processo e pretende manter a parceria com a cooperativa.
Se o pior cenário se confirmar, sendo esta a única cooperativa que ainda agrega pequenos agricultores do Algarve, prevê-se um eventual impacto económico “se o comércio e mercado das uvas na região passar a ser regulado unicamente pelo mercado privado, o que, invariavelmente, criará um ‘esmagamento’ aos pequenos produtores ao longo do tempo ou ainda, monopólios com interesses próprios e centralizados”, alerta esta fonte.