Hugo Pereira: “Vamos viver todos de forma diferente durante algum tempo”
Texto: Jorge Eusébio
Este é um período marcante para um presidente de Câmara em funções. Qual foi o maior desafio que enfrentou com esta pandemia?
O maior desafio foi o de encontrarmos maneiras de responder, de forma proactiva, a todas as necessidades que se apresentavam e às que podiam surgir, caso a situação fosse mais grave do que acabou por ser. Avançámos com um conjunto de medidas de apoio às entidades de saúde, como a instalação do centro de testes e a aquisição de máscaras, viseiras e desinfectantes e outros equipamentos, sobretudo para as pessoas e instituições que estavam na primeira linha de combate à pandemia. Para além disso, organizámos os nossos serviços de forma adequada a esta nova realidade, limitámos ou interditámos o acesso a espaços públicos, tomámos medidas que iam de encontro às tomadas a nível nacional e avançámos com pacotes de apoio às famílias e empresas.
Como vê o comportamento dos seus munícipes neste período?
A esmagadora maioria das pessoas tem cumprido as regras. Vê-se pouca gente nas ruas, o que significa que o facto de em Lagos termos poucos casos não levou a que cidadãos ganhassem um falso sentimento de segurança, acabando por não cumprir a obrigatoriedade de confinamento. Isso não aconteceu, de uma forma geral, as pessoas vão fazer as compras e regressam a casa. Para isso também contribui a constante ação de fiscalização por parte da PSP e da GNR, que tem sido muito importante.
Qual o maior receio que sentiu?
O maior receio era o do alastramento da pandemia, que houvesse um grande nível de contágio comunitário, que tivesse como consequência que muitas pessoas fossem contaminadas. Havia, em especial, o medo que o vírus entrasse nos lares de terceira idade. Felizmente que isso não aconteceu, as coisas têm estado controladas e, na altura em que falamos, há um acumulado de apenas quatro pessoas contaminadas no concelho, duas das quais, entretanto, já dadas como recuperadas.
O que pensa que mudará, no futuro, nas relações sociais?
Penso que vamos viver todos de forma diferente durante algum tempo. Até haver uma vacina ou tratamento, as pessoas vão continuar a ter receio do contacto social, pelo que é previsível que evitem, dentro do possível, locais e atitudes de risco.
Quais são os principais apoios ou medidas que a sua autarquia está a preparar para auxiliar a economia local?
O nosso pacote de apoios é muito grande e diversificado e envolve valores superiores a três milhões de euros. Um dos mais relevantes tem a ver com a não cobrança do primeiro escalão da fatura da água às famílias e a redução de 10% no segundo escalão até ao final do ano. A nível social, destaco, ainda, a decisão de que todos os inquilinos de habitações camarárias não paguem renda até ao final do ano. Outra vertente importante é o apoio às escolas e aos alunos, ao nível, por exemplo, do fornecimento de refeições e da compra de equipamento informático com acesso à internet para que todas as crianças e jovens possam acompanhar as aulas à distância. Isentámos os comerciantes do pagamento das taxas de ocupação de via pública, rendas de bancas dos mercados e lojas municipais. Também decidimos não cobrar a derrama no próximo ano e estamos a preparar um conjunto de apoios às micro e pequenas empresas para fazer face a situações que não tenham enquadramento no pacote definido pelo governo.