Invasão das algas esteve em debate em Lagos
O Auditório dos Paços do Concelho de Lagos foi palco, esta quarta-feira, dia 27 de novembro, de uma conferência sobre o desafio provocado pelo fenómeno da invasão de algas na costa algarvia.
A conferência, organizada pela Associação Limpeza Urbana (ALU) com o apoio do município lacobrigense, juntou autarcas, entidades regionais e nacionais e público em geral.
Pelos especialistas foi referido que a espécie de algas que mais tem afetado o Barlavento algarvio (Rugulopterix okamurae) é originária da costa asiática, mais precisamente do Japão e Coreia do Sul.
O seu crescimento dá-se nas rochas e geralmente aparece com temperaturas mais altas da água e as marés agitadas que fazem com que se soltem e se acumulem nas praias.
A situação tem piorado de ano para ano, afetando ambiente, turismo, economia local e o bem-estar da população, além dos encargos para as autarquias para remoção desta espécie invasora.
Recentemente, a Meia Praia foi vítima de uma grande invasão deste tipo de algas.
A sessão de abertura esteve a cargo de Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, e Luís Almeida Capão, presidente da direção da ALU, seguindo-se intervenções de Rui Santos (Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve) e Conceição Gago (em representação da Agência Portuguesa do Ambiente – Algarve), que apresentaram uma perspetiva mais científica desta macroalga.
Numa perspetiva mais prática, foram apresentadas empresas associadas à ALU com soluções inovadoras que permitem o menor impacto ambiental possível na remoção das toneladas de algas dos areais (Almovi e Certoma).
Já a empresa startup Easy Harvest anunciou que está a intervir em Lagos através da remoção das algas através de aspiração em pleno mar (20 a 30 toneladas em seis horas), antecipando a sua chegada e acumulação nas praias. A experiência conta também com a colaboração de pescadores locais.
O vereador com o pelouro do Ambiente, Luís Bandarra, revelou que, no espaço de quatro anos, a autarquia lacobrigense já gastou cerca de 348 mil euros para a remoção das macroalgas das praias do concelho (em especial a Batata, Dona Ana, Luz e Meia Praia), encargos inesperados que obrigam a constantes revisões orçamentais e a um preocupante impacto económico ao nível turístico.
Este autarca considera ser necessário um maior empenho e cooperação entre municípios algarvios, maior envolvimento da comunidade científica para encontrar soluções e um fundo do governo português para compensar estes gastos inesperados.
Num ponto de vista mais positivo, informou que todas as seis mil toneladas já recolhidas foram entregues a agricultores nas áreas do Vale da Lama e Sargaçal, permitindo um maior desenvolvimento da produção local.