Isilda Gomes integra ‘Bureau’ do Comité das Regiões
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Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, era membro efetiva da Delegação de Portugal no Comité das Regiões da União Europeia, mas, entre 27 e 28 de janeiro, foi a eleita pelo Plenário daquele órgão, para integrar o seu ‘Bureau’.
Esta estrutura do Comité das Regiões tem como missão coordenar a gestão política deste órgão consultivo das principais instituições europeias, sendo um restrito fórum de intervenção e influência política na União Europeia.
Em declarações ao Portimão Jornal, Isilda Gomes admite que esta eleição “é uma enorme honra, mas também uma grande responsabilidade”.
“Permite-me estar numa mesa onde se tomam as decisões políticas na União Europeia, sendo de facto uma responsabilidade acrescida, e, por isso, estou muito grata a António Costa por ter indicado o meu nome”, contou.
Defesa da diversificação
Ao integrar o ‘Bureau’ do Comité das Regiões, Isilda Gomes dará uma voz ativa ao Algarve nesta estrutura europeia. Aliás, na intervenção que realizou durante a ordem de trabalhos da 148ª reunião plenária do Comité das Regiões, que decorreu online entre 27 e 28 de janeiro, sublinhou que é necessário ‘olhar’ para a problemática da diversificação do setor turístico no rescaldo da crise sanitária, alertando ainda para a falta de água que afeta os países da bacia mediterrânica, onde se encontra o Algarve.
A autarca defendeu que a diversificação económica “é fundamental para construir ou reconstruir uma economia mais saudável, mais abrangente e mais resiliente a crises”, como é exemplo a que foi provocada pela pandemia. Uma das soluções, em regiões como o Algarve, deve passar por oferecer “produtos diferentes do clássico sol e mar”, afirmou.
Ao assumir-se como “presidente, há oito anos, de uma autarquia, cuja economia depende quase exclusivamente do turismo, numa região onde este setor é o alicerce de toda a estrutura económica e empresarial”, disse que “os efeitos da pandemia foram, são e serão marcantes”, discriminando uma vasta lista de consequências nefastas relacionadas com a covid-19.
Ao Portimão Jornal, a presidente da Câmara revelou que uma das soluções que apontou foi a “criação de polos tecnológicos que atraiam outro tipo de atividades, possam criar emprego diversificado, mas, sobretudo, emprego de qualidade e permanente, que é isso que nós precisamos”.
Neste âmbito, destacou o exemplo do Autódromo Internacional do Algarve, onde existe um polo para fixação de empresas na área da construção automóvel, “que poderá vir a gerar conhecimento, formação, emprego e um desenvolvimento socioeconómico que perdurará por mais de uma geração”.
Sustentabilidade e seca
A transição digital e a agenda verde são outras medidas que Isilda Gomes defendeu, apresentando soluções como o investimento em rede de transportes mais sustentáveis para limitar o uso de viaturas próprias.
A autarca, que integra a Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões, onde detém as pastas da saúde pública, proteção civil, turismo, pescas, economia do mar e agricultura, alertou ainda para a questão do abastecimento de água.
“Tal como noutras regiões da bacia mediterrânica, as alterações climáticas estão a fustigar o Algarve mais do que a média, pelo que, sem água, a paralisia não se limitará ao setor do turismo”, com sérias implicações como a ameaça do racionamento de água e o eventual colapso da agricultura, “que pode e deve desempenhar um papel importantíssimo na diversificação económica”.
Nesse sentido, a presidente da Câmara de Portimão defendeu que as regiões semiáridas do sul da Europa “precisam de apoios claros e efetivos para reforçar a sua resiliência contra a seca”, visando “desenvolver estratégias que mitiguem os impactos mortíferos que a falta de água tem numa economia local e regional”.
A construção de centrais de dessalinização e a criação de bacias de retenção, de redes de transvases ou de inovações tecnológicas, são medidas apresentadas, ainda que a autarca tenha ressalvado que estas estruturas “envolvem recursos financeiros” elevados para serem suportados apenas pelos governos dos países afetados.
“A AMAL há largos anos que fala desta questão e na necessidade de a resolver e, portanto, acho que está mais do que na hora de começarmos a investir no terreno. É tempo de nos deixarmos de palavras e passarmos a atos concretos”, afirmou ao Portimão Jornal, acrescentando que “o concelho já reduziu praticamente ao mínimo possível as suas perdas de água”.
“Os desafios são enormes, mas é nossa obrigação primarmos pelo cumprimento de uma agenda ecológica, se queremos ser competitivos e dar a volta após esta pandemia”, alertou ainda durante a sua intervenção.
“O alerta que vos deixo é no sentido de reforçarmos, nos nossos debates e nas nossas conclusões, a necessidade premente de apoiarmos as regiões. Até porque, este Comité mais do que qualquer outra estrutura europeia tem uma sensibilidade particular para os problemas das regiões, ”, conclui.