José Augusto: “Somos uma referência nacional e temos vários jovens cobiçados”

Texto: Hélio Nascimento


O atual diretor-geral do futebol de formação do Portimonense, que também treinou a equipa principal em 2015/16, é um homem que prima pela organização e pelo planeamento. Além disso, gosta de desafios e de ir, sempre, mais além. Entre balanços e objetivos, José Augusto falou ao Portimão Jornal e deu conta, por exemplo, da criação, a médio prazo, de uma equipa feminina.

Faz agora um ano, sensivelmente, que assumiu o cargo de diretor-geral do futebol de formação. Em termos desportivos, qual o balanço, sendo que a época ficou indelevelmente marcada pela pandemia.
O balanço é bastante positivo, na medida em que conseguimos concretizar os vários projetos que tínhamos planeado. A profissionalização do departamento de formação trouxe uma mentalidade bastante competitiva. E gerou uma organização e dinâmica de trabalho num patamar bastante elevado, uma vez que somos uma referência, não só a nível regional, mas, também, nacional. Prova disso é o assédio constante de clubes como Benfica, Sporting e FC Porto aos nossos jogadores. Temos vários jovens cobiçados.Foi pena termos sido assolados pela pandemia, caso contrário atingiríamos um nível que nem por nós era expectável no início do projeto.

E em termos sociais? Houve parcerias e contactos com a Guiné-Bissau e Angola e estiveram cá japoneses e australianos. Qual o objetivo deste intercâmbio?
O Portimonense faz parte de uma região turística que eu considero ser um paraíso mundial. O clube deve alargar e estreitar relações que sejam benéficas a nível desportivo, social e económico. O projeto denominado “Portimonense Pelo Mundo” tem duas grandes dimensões, uma social e outra económica, ambas ligadas ao futebol. A primeira dimensão visa criar laços com países de Língua Portuguesa e criar intercâmbio entre comunidades. A segunda dimensão, a vertente económica ligada ao turismo, engloba a vinda de equipas para estagiar, vivenciar e trocar experiências com o Portimonense. E é suscetível de provocar um retorno financeiro, quer ao clube quer, também, às entidades turísticas, como hotéis e restaurantes.

Junto da sociedade e da juventude portimonense, o que foi feito?
Queremos ser muito mais que um clube fechado no nosso centro de formação. Daí, o desenvolvimento de ações que liguem a comunidade portimonense de atletas e staff à comunidade local, para que possamos contribuir como várias ações. Um dos projetos denomina-se “Promovendo Sorrisos”, e, de entre as ações, angariamos bem essenciais que distribuímos por diversas instituições.

Qual é a grande aposta de Fernando Rocha e do clube para a reestruturação do futebol juvenil, que passa por si?
A aposta foi iniciada com a minha vinda para o clube e a profissionalização do departamento de futebol de formação. Penso que o maior desafio do clube passa, obrigatoriamente, pelo esforço de melhorar ainda mais as condições. O próximo passo será dotar a formação com espaços e condições, falo de mais campos de treino e de melhores balneários.

Quais os aspetos em que mais se debruçou para desenvolver o projeto?
O trabalho tem sido reconhecido ao longo dos anos pela minha capacidade de mobilização de meios humanos que transformam dificuldades em oportunidades.

Como foi, e como é, lidar com a pandemia? Mesmo assim, já correm os preparativos para a próxima época?
Tivemos sempre a capacidade de antecipar e de sermos prudentes e responsáveis em todas as decisões. Relativamente à próxima época, já está planeada e esperamos apenas luz verde das entidades responsáveis para regressarmos com as atividades.

Quantas equipas, jogadores, treinadores e demais elementos do staff integram a estrutura?
A estrutura do departamento de futebol é composta por duas subestruturas. A escola de recreação, com cerca de 250 atletas, e o futebol de competição, com mais 200 atletas inseridos em 11 equipas, que competem a nível regional e nacional. Todos os atletas são apoiados por um staff com cerca de 100 pessoas, incluindo técnicos de equipamentos, treinadores, médicos, fisioterapeutas, nutricionista, psicólogo, coordenadores, diretores, contabilidade e escritório.

Quais as equipas que vão disputar os Nacionais?
Os juniores vão participar na 2.ª Divisão Nacional com uma aposta clara na subida de divisão. Os juvenis disputarão a 1.ª Divisão Nacional, tal como os nossos iniciados.

É difícil fazer captação de jovens no Algarve?
A nossa grande fonte de captação é interna – temos cerca de 250 meninos na nossa escola de recreação. Depois, temos uma dinâmica muito própria e ferramentas que geramos para que os petizes cresçam e sigam para a competição, se, de facto, tiverem essa vontade. Não faz sentido tirarmos miúdos do seu contexto familiar e do seu círculo de amizades. Nos escalões mais altos, como os iniciados, juvenis e juniores, aí sim, temos maior preocupação e uma política de prospeção e de captação de atletas, devido ao teor competitivo.

A criação de uma equipa feminina está no horizonte?
Sim, a médio prazo. Bem como mais uma equipa de futebol masculino, que preencha a lacuna entre os juniores e os sub-23, a que poderemos chamar de equipa sub-21.

Daqui a mais um ano, como gostaria que estivesse a formação do Portimonense?
Gostaria muito que o Portimonense desenvolvesse o conceito de Academia. Assim, acredito, poderíamos dar continuidade ao desenvolvimento do projeto, formando jogadores com capacidade para jogar na elite do futebol nacional e até mundial.

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