Lagoa deu nome de fadista Carlos do Carmo ao Auditório Municipal
“Emocionou-me ouvir esta gente nova a cantar os meus fados. A semente está lançada”. Foram estas as palavras do fadista Carlos do Carmo no final do espetáculo que uniu no palco do recém-nomeado Auditório Municipal Carlos do Carmo, em Lagoa, nomes como Cristina Branco, Camané, Marcos Rodrigues e Paulo de Carvalho.
O evento contou com a presença de destacadas personalidades da vida política e cultural portuguesa, entre os quais o Primeiro-ministro, António Costa, com quem Carlos do Carmo trabalhou durante sete anos na Câmara de Lisboa. Marcaram ainda presença Miguel Freitas, secretário de Estado da Floresta e do Desenvolvimento Rural, José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, Fernando Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, os deputados socialistas Fernando Anastácio e Luís Graça e o corpo executivo da autarquia, entre outras individualidades.
“Foi com Carlos do Carmo que descobri e passei a amar o fado e foi com ele que descobri que o fado vai para além da vil tristeza”, disse num pequeno ‘sketch’ documental, o Primeiro-Ministro. “Carlos do Carmo não é só um excelente intérprete, pois trouxe-nos novos poetas e poetizas e apostou na renovação do fado”, disse ainda António Costa.
O espetáculo culminou com o fadista a dar a voz aos temas ‘Sombra’, do seu novo álbum de originais, a partir de um poema de Hélia Correia, e ‘Estranha forma de vida’, um fado composto por Amália Rodrigues que fez parte do reportório inicial da carreira do fadista.
Durante a tarde, o artista e os convidados participaram na cerimónia de batismo do auditório. Na altura, Carlos do Carmo referiu-se a este como “um dia muito feliz” e recordou o momento em que foi pessoalmente convidado pelo presidente da autarquia, Francisco Martins: “O modo como se dirigiu a mim no camarim foi desconcertante e inesperado, particularmente bonito”, considerou. O fadista referiu ainda sentir-se lisonjeado com “o facto desta homenagem surgir em vida.”
Para o autarca, “esta é uma pequena homenagem a um grande homem.” Francisco Martins reiterou a ideia de que a autarquia aposta numa oferta eclética e de qualidade priorizada em dois prismas: a cultura e a educação, #bases de uma sociedade capaz de pensar o futuro”.
“Não acredito que Portugal avance sem esses dois pilares fundamentais”, disse, na altura, o fadista. “A educação é a base de tudo. Temos um povo massacrado por 50 anos de Ditadura que não se dissolvem em 34 anos de liberdade. São coisas que entram como o gás e que são difíceis de apagar!”
AÇO ESCULPIDO
Uma figura de Carlos do Carmo na fachada lateral do edifício atesta agora a beleza da obra de Ricardo Crista dedicada ao artista. “Ficou muito bonito!”, exclamou o Primeiro-ministro, António Costa, à chegada aquele espaço cultural.
O artista plástico, natural de Setúbal, usou por base uma fotografia do homenageado e, partindo de uma folha de aço corten de 5mm (1,5mx3m) desenhou e esculpiu numa única linha contínua. A obra, reproduzida em pequenas réplicas, foi oferecida a cada um dos fadistas e também a Marino Freitas (baixo), Luís Guerreiro (guitarra portuguesa) e Carlos Manuel Proença (guitarra clássica).
Acompanhou este momento uma exposição de objetos e testemunhos relevantes do percurso deste nome maior da música e da cultura portuguesa, organizada pelo Museu do Fado. O Grammy Latino de Carreira que Carlos do Carmo recebeu em 2014 (distinção inédita para um artista português), uma coleção de cerca de 20 discos ou manuscritos e reportórios da sua coleção pessoal foram algumas das curiosidades observáveis nesta mostra.