Lagoa vai criar pontos de recolha para preservar memória
“Haverá um antes e um depois de Lagoa, nos arquivos municipais”, disse António Maranhão Peixoto, ex-diretor do Arquivo Municipal de Viana do Castelo, na cerimónia de abertura do colóquio ‘Entre o tudo guardar e o nada perder – O papel dos Arquivos Municipais na salvaguarda da Memória Local’, que teve lugar no Auditório do Convento de S. José no passado dia 9 de junho.
Este momento assinalou a comemoração do Dia Internacional dos Arquivos e o 70.º aniversário da criação do Conselho Internacional de Arquivos.
Na cerimónia de abertura, que contou com a presença do historiador e professor universitário José Pacheco Pereira, foi salvaguardada a importância de combater a desvalorização do passado. O historiador abordou o painel ‘Salvar a memória do passado como arma para a democracia do presente’ e apresentou o projeto de biblioteca e arquivo Ephemera, que tem como objetivo divulgar espólios, acervos, livros, periódicos, fotos, entre outros, e colocá-los acessíveis a todos.
A palestra contou com um momento de sensibilização para o papel dos cidadãos no projeto e para o vazio existente na região em termos de postos de recolha de materiais passíveis de preservação. O presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Francisco Martins, garantiu que será criado no concelho um posto de recolha.
O evento prosseguiu com um programa focado em alguns dos problemas com que se deparam os arquivos municipais e no papel, atual e futuro, que estes podem desempenhar na salvaguarda da memória local.
A manhã foi preenchida por três intervenções: ‘A transversalidade da informação arquivística: o desafio da salvaguarda da memória central e local’ (Paula Cristina Ucha – Biblioteca e Arquivo da Secretaria-Geral do Ministério da Economia); ‘O acesso à memória nos Arquivos Municipais 2.0: da digitalização à preservação digital’ (Cristiana Vieira de Freitas – Arquivo Municipal de Ponte de Lima); e ‘Gestão Documental e Memória: Que Futuro nos Arquivos Municipais?’ (António Maranhão Peixoto – ex-diretor do Arquivo Municipal de Viana do Castelo).
Pela tarde, André Melícias, do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, fez uma intervenção sobre ‘Arquivos da Igreja como lugares de memória, identidade e ação: perspetivas sobre os seus desafios e oportunidades’, moderado por Armando Malheiro da Silva. Abel Rodrigues, da Universidade do Porto, questionou uma outra abordagem do mesmo assunto: ‘Os Arquivos Pessoais e Familiares e os Arquivos Municipais: uma relação lógica ou paradoxal?’ e, por último, foi apresentado o projeto de salvaguarda dos arquivos das associações de cultura, recreio e desporto, por Maria Luísa Pereira e Tiago Barão, do Arquivo Distrital e Municipal de Faro, respetivamente, e da Rede de Arquivos do Algarve.
A palestra de encerramento coube ao professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Armando Malheiro da Silva, que abordou problemas e desafios no caminho dos arquivos municipais, numa análise centrada nas questões do património documental e da informação orgânica.
Alexandra Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, focou a premência de se reverem leis como a do património arquivístico e das incorporações.