Loulé junta-se a professor para imprimir viseiras em 3D
Arlindo Martins, professor da Escola Secundária de Loulé, está a imprimir viseiras em 3D, destinadas sobretudo aos profissionais de saúde, dos lares e das misericórdias, os quais estão neste momento na linha da frente do combate ao surto de Covid-19. Nessa tarefa conta com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, que não só cedeu o Palácio Gama Lobo, como adquiriu, para aquele fim, mais duas impressoras 3D, acetatos, elásticos e filamento de PLA (material do qual são fabricados os suportes das viseiras nas impressoras).
“Após vários dias fechado em casa, comecei a pensar em fazer algo em impressão 3D, que pudesse ajudar no combate ao Covid-19. Procurei no Facebook e encontrei o grupo Movimento Maker – Portugal, criado pelo Maker Bruno Horta, da região de Leiria. Na altura o grupo estava com cerca de 500 membros (neste momento já vai com mais de 9000, muitos a imprimir). Ele estava a propor a execução de viseiras para ajudar na proteção dos profissionais de saúde. Descarreguei o ficheiro e comecei a imprimir na minha impressora 3D na cozinha”, conta Arlindo Martins, que além de professor é também membro do Rotary Clube de Loulé.
Gostou tanto do resultado que, nessa mesma noite, enviou um email à diretora da Escola Secundária de Loulé, Renata Afonso, solicitando a cedência da impressa 3D, no sentido de duplicar a produção. “Ela aceitou imediatamente e no dia seguinte (terça-feira 24 de março) fui buscar a impressora e comecei a imprimir com ambas. Na quarta-feira, a responsável do projeto Loulé Criativo, da Câmara Municipal de Loulé, Marília Lúcio, contactou-me, porque tinham lá uma impressora 3D e queriam saber como poderiam ajudar. Fui ver o espaço e percebi que o melhor a fazer era juntar as impressoras todas no palácio Gama Lobo (onde funciona o Loulé Criativo) e começar a imprimir lá, aumentando a produção e condições”.
Assim, explica o professor, na quarta-feira, tinha já três impressoras 3D a trabalhar no horário de funcionamento do edifício, ou seja, das 08.00 até à meia-noite. No dia seguinte, o número de impressoras 3D disponíveis subiu. “A empresa 3D-wePrint4you emprestou uma impressora. Neste momento em Loulé temos quatro impressoras 3D a funcionar neste espaço, mais uma na empresa e outra de um colega meu da Escola Secundária de Loulé, o professor António Pereira”. A estas juntar-se-á, esta segunda-feira, mais uma, adquirida pelos clubes rotários do Algarve. E mais duas, adquiridas pela Câmara Municipal de Loulé, bem como o filamento de PLA, material do qual são fabricados os suportes das viseiras nas impressoras 3D. Ou seja, ao todo, serão já nove.
“Inicialmente os elásticos foram fornecidos por mim. Neste momento, acetatos e elásticos têm sido fornecidos maioritariamente pela Câmara Municipal de Loulé, que tem feito um enorme esforço para que nada falte! Entretanto, outras entidades também se associaram rapidamente à causa: Loulecópia, Universidade do Algarve / CCMAR, Casa Caracol-Loulé, bem como algumas pessoas particulares, quer no fornecimento de acetatos, quer no fornecimento de elásticos”, enumera o professor, sublinhando que, face à situação de emergência vivida no país, não podia ficar em casa sem nada fazer.
“Estou a trabalhar no Palácio Gama Lobo para tentar ajudar através deste processo de produção de viseiras, chegar a todos os que precisam, cumprindo a seguinte ordem de prioridade: 1º – profissionais de saúde; 2º – lares e misericórdias; 3º – público em geral. É importante referir que todas as viseiras são grátis, o meu trabalho não é remunerado pois recuso receber dinheiro com situações de emergência”, frisa este docente da Escola Secundária de Loulé.
Cada impressora 3D, se não tiver falhas, produz entre 10 a 15 suportes de viseira por dia, explica, precisando que, dependendo de fatores como o tipo de impressora, cada viseira pode demorar entre 1h10 e 1h40 minutos a ser produzida. “Estamos a trabalhar das 8h00 às 00h00, embora as impressoras trabalhem até às 2h00. É necessário, tal como nós, que as impressoras parem um pouco durante a noite, para aguentar este nível de esforço diário. Contudo, penso sempre que, cada hora que passam sem produzir, pode implicar mais uma vida que se pode perder…”, refere Arlindo Martins, prestando uma homenagem a todos os que estão na linha a frente do combate ao surto de Covid-19: “Agora percebo os nervos de aço que os profissionais de saúde têm que ter! Eles, sim, é que são os verdadeiros heróis nesta guerra desigual! Nós ajudamos na parte que podemos, para que seja possível criar melhores condições de proteção”.