Luís Alberto: “Ferragudo não pode ficar à espera da requalificação da baixa”
Está de volta a um cargo que conhece bem e que ocupou entre 2005 e 2017. O que motivou este regresso?
Além de possuir mais conhecimento em relação às funções autárquicas, achei que estava na altura de dar um contributo extra à freguesia, que está hoje mais necessitada de serviços, despovoada de portugueses e ocupada por internacionais. Há que dar resposta a ambas as sensibilidades. Entendi que era dos que estaria em melhores condições para fazer a agregação e equilíbrio entre estas pessoas, o comércio e dar a melhor resposta às necessidades da população. Julgo que os resultados eleitorais também assim o demonstraram.
E as Juntas têm hoje uma série de serviços, que antes não existiam…
Sim e, cada vez mais, as sedes das freguesias e os seus serviços são mais tecnológicos, embora também seja preciso manter um contacto direto com as pessoas. É necessário este equilíbrio. Hoje, por exemplo, temos uma série de serviços que não existiam há uns anos. Além do Espaço do Cidadão, que passará em breve a ser nossa competência, temos uma funcionária a prestar este serviço à população e outra que está quase em exclusivo no balcão dos CTT. Ou seja, contamos com duas funcionárias a prestar basicamente serviços que não são da Junta.
E agora contam também com o Balcão Único.
O Balcão Único da Câmara está disponível uma vez por semana, à segunda-feira de manhã, e assim as pessoas podem aqui tratar de assuntos, sem terem de se deslocar à Câmara Municipal. Face à procura, estamos a estudar a hipótese deste serviço ficar disponível durante todo o dia de segunda-feira. Iremos em breve fazer obras de melhoramento no interior, de modo a existir mais privacidade nas áreas de atendimento.
Das competências que irão passar para a Junta de Freguesia, quais serão as mais desafiantes?
A primeira que vem diretamente do Estado é o Espaço do Cidadão. As restantes serão protocoladas com a Câmara Municipal. Uma das que gostaríamos de ter seria a ocupação da via pública e a publicidade, de forma a termos uma palavra a dizer no que se vai passando no espaço público, porque por vezes intervimos, mas o licenciamento não é da nossa responsabilidade. Também já transmitimos à autarquia que não nos importamos de ficar com a manutenção dos espaços verdes e aqui refiro-me aos mais pequenos, de mais difícil tratamento.
Depois há também a área que era da Administração dos Portos de Sines que passou para o município.
Sim, essa foi uma competência transferida para a Câmara Municipal, mas na qual a Junta também está a trabalhar, porque é a primeira a estar no terreno. É a zona que envolve o local as barracas dos pescadores, construídas nos anos 80. Estamos a fazer um levantamento para perceber a necessidade do número de barracas de aprestes no novo projeto que irá englobar a Praia da Angrinha. A intenção é colocar lá apenas pescadores ou pessoas que tenham exercido a profissão. Simultaneamente, estamos a intervir numa área com a nova Associação dos Pescadores, na zona onde são depositadas as redes e os cofres. Iremos colocar lá recolha de lixo e torná-la, além de uma área piscatória, num um espaço de visita.
Quais serão os maiores desafios para os próximos quatro anos?
É tentar fazer uma gestão participativa e participada, com tudo aquilo que ela envolve. É muito bom vendermos essa ideia, mas temos de saber que vai dar o dobro do trabalho.
Em concreto o que significa isso?
Por exemplo, na nossa missão na toponímia, vamos começar a atribuir nomes a algumas ruas. O que queremos fazer é a auscultação pública das pessoas e após isso, tentar realizar uma reunião para uniformizarmos ideias e aí sim remeter para a Comissão de Toponímia. Pretendemos também, no futuro, fazer um orçamento da Junta, em que tirando as despesas fixas, possamos mostrar à população o valor que fica disponível e perguntar-lhes onde acham que deve ser investido. Se na via pública, nas festas, nas exposições, etc.
No final deste mandato, o que gostava de ter concluído?
Que estivesse definido a nível da Junta, Câmara Municipal e forças políticas o que queremos para o casco urbano tradicional de Ferragudo. Como o devemos manter e melhorá-lo. Também gostava que os pescadores tivessem um local digno para desenvolver a sua arte, conjugado com a requalificação de alguns espaços públicos.
Quais?
Antes de um dia avançar a requalificação da baixa, é importante que haja pequenas intervenções no espaço público. A visão que defendo é que temos de ir avançando com algumas obras alinhadas com a ideia daquele projeto. Ferragudo não pode ficar à espera da requalificação da baixa. Temos gradualmente de ir implementando setorialmente algumas intervenções e de conseguir mais mobilidade dentro da vila, incentivando as pessoas a andar a pé e de bicicleta. É necessário retirar uma carga de viaturas na zona da baixa diariamente e vivenciarmos os espaços públicos. Isso será resolvido com o silo de estacionamento que está a ser construído.
O silo de estacionamento é a obra que a freguesia precisa?
Sem dúvida. Nós defendemos essa obra em 2010, depois foi alvo de um Orçamento Participativo, mas devido ao elevado valor foi excluída e, posteriormente, assumida pela Câmara. Ferragudo precisa que as pessoas andem a pé para poderem comprar e usufruir do comércio local. Para isso, é necessário criar condições para que quem vem de fora possa estacionar. Temos que nos lembrar que o parque é essencialmente para quem nos visita.
Qual é o ponto de situação da Casa Mortuária?
A obra atrasou-se devido à pandemia da covid-19, à subida do preço dos materiais e à falta de mão de obra. Mas, no final de abril, deverá estar concluída. Era uma intervenção necessária, está no sítio correto e na dimensão indicada, retirando carros de uma zona nevrálgica de Ferragudo, o Largo da Igreja.
breves
Ajuda à Ucrânia
Em duas semanas, a Junta de Freguesia fez chegar duas carrinhas cheias de bens a Lagoa, cujos bens foram encaminhados para a Associação de Ucranianos do Algarve. “Tem havido muito apoio da população de Ferragudo, de várias instituições e empresas. Estamos também em contacto com alguns ucranianos que residem aqui e têm contactos no país”, diz Luís Alberto.
Sede dos escuteiros até final do mandato
Um dos objetivos do presidente da Junta é tentar concluir as obras da sede dos escuteiros marítimos ainda neste mandato. “Foi sempre nossa intenção dotá-los com um espaço digno. Entretanto, a Câmara Municipal construiu um Posto Náutico e voltamos ao nosso antigo projeto de requalificar a zona ao lado da Igreja Matriz para lá instalar a sede. Este será um equipamento não só para os escuteiros, pois terá outras valências. Se tudo correr bem, acredito que até final do próximo ano já teremos este processo concluído”, revela.