Maria da Luz Santana: “O espaço público de Portimão é uma das minhas prioridades
Texto e fotos: José Garrancho
Presidente da Junta de Portimão desde 2021, uma freguesia urbana e rural com 75,69Kms2 e 49 218 habitantes, Maria da Luz Santana divide o dia entre o campo, a cidade e o gabinete, onde recebe os seus fregueses e gere os serviços da autarquia. Todos os anos constrói ou recupera um parque infantil, compromisso assumido enquanto candidata.
Substituiu um presidente muito popular, Álvaro Bila. Foi fácil assumir o papel de líder da Junta?
Sim. Já fazíamos equipa e o Álvaro era um presidente que gostava de trabalhar em grupo, tal como eu. A equipa que escolhi para me acompanhar no executivo, e que depois foi eleita por votação de todas as forças partidárias, não se alterou, apenas recebeu um novo elemento. A minha linha orientadora, que é “a nossa terra e a nossa gente em primeiro lugar”, manteve-se.
Os jardins sob a égide da Junta são os mais cuidados da cidade. O espaço público é uma das suas preocupações?
Claro que sim. O espaço público é, e será sempre, uma das minhas prioridades, porque é com ele que contribuímos para o bem-estar das pessoas, as que aqui vivem e as que nos visitam.
O Jardim Gil Eanes vai ser renovado pela Junta. O que se pretende fazer?
O Jardim Gil Eanes nunca foi um espaço verde da responsabilidade da Freguesia e há muito tempo que necessita de ser recuperado, tal como o Jardim Sárrea Prado, o chamado Jardim da Estação, cuja manutenção já é da nossa responsabilidade. Existe da parte da Câmara Municipal a intenção de os recuperar, assim que as obras que estão a ser efetuadas para o novo acesso à cidade, o viaduto e a intervenção na linha férrea, estiverem prontas. Mas nós, Junta de Freguesia, estamos muito preocupados com o Sárrea Prado, porque é da nossa responsabilidade e não conseguimos dar a resposta que gostaríamos, que era recuperá-lo imediatamente. Entendemos, no entanto, que não faz sentido gastar dinheiro agora para depois, numa fase mais à frente, ser novamente objeto de intervenção.
Desde que está na Junta, tem sido requalificado, ou construído, um parque infantil, anualmente. Está algum em marcha?
Os compromissos são para se honrar e quando me candidatei, assumi o compromisso de construir um parque infantil por ano. Tomei posse em outubro de 2021 e, nesse mesmo ano, renovámos o baloiço do parque infantil do Caneco e as tabelas de basquetebol. Em 2022, construímos o parque infantil da Companheira, renovámos alguns elementos do parque infantil da Pedra Mourinha e um baloiço no Jardim de Infância da Coca Maravilhas, embora este não fosse responsabilidade nossa. Em 2023, não conseguimos fazer nada, porque a resposta sobre qual o espaço que poderia ser objeto de requalificação, ou de construção, não nos foi dada atempadamente por parte da Câmara. Não cumpri a minha promessa. Como não gosto de falhar, em 2024 vamos recuperar dois, um na Bemposta e outro na Ladeira do Vau. Aliás, já estão a ser recuperados e estarão prontos antes do final do ano.
Quais são as principais queixas dos cidadãos que recorrem à Junta ou a encontram na rua?
Queixam-se principalmente de uma coisa que também nos preocupa e que fazemos várias diligências no sentido de melhorar: a falta de policiamento e de segurança, que por vezes é mais a sensação do que propriamente a realidade. Queixam-se que a cidade está a ficar envelhecida, que carece de um olhar mais profundado e da recuperação da zona histórica. Todas estas queixas têm um bom eco no atual presidente da Câmara. Portanto, acredito que, dentro de pouco tempo, vamos ter uma cidade diferente.
É amiga de Álvaro Bila. Costuma chateá-lo, todos os dias, com problemas da cidade?
(Risos) Não, porque sei que há quem o faça por mim e acho que não é necessário. Ele está atento e é perspicaz. Claro que conversamos sobre isso, debatemos opiniões e chegamos, a maior parte das vezes, às mesmas conclusões. Ambos somos filhos de Portimão e conseguimos perceber o que se passa. Muitas vezes, quando abordo um problema, ele diz-me que também já passou por lá e viu. Há aqui uma estreita colaboração entre a Junta e a Câmara, que consiste em resolver as situações o mais rapidamente possível.
Como tem visto o trabalho que Álvaro Bila está a desenvolver?
Em tão pouco tempo, cerca de três meses, já se vê diferenças. Não é uma crítica à anterior presidente, é apenas constatar a realidade. O atual presidente tem uma visão diferente da sua antecessora. Como tal, o trabalho reflete-se de forma diferente. Penso que está no bom caminho.
Esteve recentemente nas escolas, a entregar material escolar. Tem saudades do tempo em que lecionava?
Muitas, mesmo! A semana dedicada à entrega do material nas escolas é uma semana que me emociona, que me faz recordar o bom que a escola tem. Sou, por natureza, uma pessoa que gosta de partilhar conhecimentos. Enquanto professora, foi o que fiz. Logo, quando vou a uma escola e consigo interagir com os alunos e perceber a sua vontade e a sede de saber, por exemplo quando me perguntam o que é uma Junta de Freguesia, e de os ver de olhos brilhantes à espera da resposta, é maravilhoso.
Há 15 anos, passava-lhe pela cabeça chegar a presidente de Junta?
Nessa altura, estava na Assembleia Municipal como deputada. Como costumo dizer, o caminho faz-se caminhando. Muito provavelmente já pensava que podia, um dia, vir a contribuir de uma forma mais direta para o bem-estar das pessoas da minha freguesia. Assim, como presidente de Junta, estou no lugar que acho que mais contribui para isso, é onde se está mais próximo das pessoas, onde elas mais facilmente desabafam os problemas, pedem auxílio e onde conseguimos, de alguma forma, ser mais diretos na intervenção e ajuda.
Vai ser candidata à Junta nas próximas eleições?
O tempo o dirá. Neste momento, não está fora de questão. Repare que, em janeiro e fevereiro de 2021, nada previa que eu pudesse ser candidata a candidata à presidência da Junta de Freguesia de Portimão, se me faço entender. Em abril, as coisas mudaram no PS. Na altura, achei que era chegado o momento de, democraticamente, me propor dentro do meu partido. Neste momento, tudo aponta para que possa vir a recandidatar-me. Mas, como costumo dizer, não sabemos o dia de amanhã.