Marina de Albufeira investe cinco milhões para reforçar alojamento
Administração da empresa e Câmara local estudam construir passeio de ligação à cidade. Empresários perspetivam maior afluência de visitantes até outubro.
REPORTAGEM: José Manuel Oliveira / FOTOS: Kátia Viola
Mais de cinco milhões de euros representam, para já, o investimento previsto com vista à segunda fase da Marina de Albufeira, no sítio da Orada, onde serão construídas duas unidades hoteleiras, um aparthotel, moradias, apartamentos turísticos e uma área comercial, ainda sem prazo apontado para a conclusão.
Já no espaço náutico, não haverá aumento da capacidade para embarcações, de acordo com o plano de pormenor, mantendo-se os atuais 475 postos de amarração, para embarcações até 36 metros de comprimento e 6,9 metros de largura.
“O projeto da segunda fase a realizar pelas empresas do Grupo Marina de Albufeira será apenas a execução das infraestruturas, para permitir a comercialização dos lotes de terreno. Estes incluirão m hotel com 250 quartos, um outro com 160 quartos, um aparthotel com 110 apartamentos e uma área comercial de 11.700 m2, que poderá ser aumentada”, explica à revista Algarve Vivo o administrador da Marina de Albufeira, João Amaral.
O investimento estimado é de 5,1 milhões de euros, “não estando previsto em plano de pormenor o aumento do espelho de água que permita mais postos de amarração”, acrescenta o responsável.
MAIS EMBARCAÇÕES
A Marina de Albufeira registou uma ocupação média anual em 2016 de 85 por cento. “Isto quer dizer que, para além de uma ocupação perto dos cem por cento durante os meses da época alta, também a dita época baixa tem uma ocupação a rondar os 80 por cento. Em 2017 estamos a verificar um acréscimo de cerca de 2 por cento face ao ano anterior”, refere João Amaral. Portugal, Reino Unido e Espanha são os principais mercados, tendo a permanência média em 2016 sido de cinco dias.
“Temos duas situações distintas no que se refere ao tipo de cliente que utiliza a Marina de Albufeira – os com contratos anuais (ou plurianuais), que têm a sua embarcação em permanência e representam cerca de 70 por cento da ocupação, e os ‘passantes’ que nos utilizam por períodos mais curtos. Este tipo de cliente surge sobretudo na época alta”, esclarece o administrador.
MILHÕES LIGAM MARINA À CIDADE
João Amaral destaca o “passeio marítimo” como “um sonho antigo das gentes de Albufeira.” E revela à Algarve Vivo: “A Marina, ciente da importância que uma infraestrutura destas teria para o concelho, possibilitando a circulação de pessoas até ao centro da cidade, desenvolveu e suportou os custos de um projeto que entregou à Câmara Municipal. Neste momento, estamos a tentar encontrar a melhor forma para que este sonho passe do projeto à prática. O passeio é bastante curto, pois tem cerca de 450 metros. Por aqui se vê o quão perto a Marina está do centro e como é difícil a circulação das pessoas entre estes dois polos de atração. O investimento previsto para a obra é de 3,8 milhões de euros.”
MAIS VIAGENS NO ALTO MAR
“As perspetivas são muito boas para este Verão e já contamos com reservas até ao final do mês de setembro. Não se trata de uma situação de evolução de um momento para o outro, mas sim de forma gradual, principalmente por parte de ingleses”, diz à Algarve Vivo Andreia Serôdio, responsável da empresa Dolphins Driven, com sede em Albufeira.
Na época alta do turismo, sobretudo em julho e agosto, leva a efeito diariamente quatro passeios por embarcação de semirrígidos, três saídas em caiaques e uma em catamarã, desde a Marina até ao farol da Alfanzina, na zona de Carvoeiro, para visita a grutas e formações rochosas. Já em águas mais profundas, procura avistamentos de cetáceos.
Ao longo do percurso, num total de 10 milhas náuticas, além de desfrutarem das belezas da costa algarvia, os visitantes podem mergulhar nas águas junto às praias sempre que as condi- ções atmosféricas o permitam.
“No total, viajam nas nossas embarcações 300 pessoas diariamente na denominada época alta do turismo. Noutros meses, na época intermédia, temos cerca de metade desse número de visitantes”, revela a empresária. Os preços são os mesmos para todos os passeios – 40 euros por adulto e 25 euros por criança até aos 12 anos.
BIÓLOGOS A BORDO
“Temos muita procura para passeios destinados ao avistamento de cetáceos, embora tal não seja garantido, pois são animais selvagens”, refere Andreia Serôdio.
O acréscimo de visitas com esse objetivo levou a empresa a reforçar medidas de apoio. “Apostámos, neste ano, em ter biólogos a bordo em todos os barcos para prestar esclarecimentos aos nossos clientes sobre o tema”, salienta.
VELEJAR À DESCOBERTA DA COSTA
Carlos Valverde, de 37 anos e desde 2015 operador turístico da empresa OurSeaYachts na Marina de Albufeira, realiza passeios privados no máximo até 13 pessoas num veleiro/ catamarã. Os passageiros são sobretudo ingleses, alemães, franceses, russos, espanhóis e norte-americanos, que pretendem visitar a costa algarvia.
“Vamos à zona de Benagil, no concelho de Lagoa, ver a praia da Marinha. Segue-se uma paragem e quem quiser pode dar um mergulho. Tem sido uma agradável surpresa constatar a grande afluência de turistas na Marina e as expectativas para este Verão são bastante altas. Nesta altura já tenho bastantes reservas até para outubro”, conta à revista Algarve Vivo o empresário, junto ao seu veleiro.
MERGULHOS COM BOTIJA
Ao detalhar este tipo de passeios na orla costeira, Carlos Valverde refere algumas op- ções: “Os passeios são programados, mas os clientes, ao alugarem o barco, podem propor destinos alternativos. Quando são passeios durante dois dias seguidos, podemos ir até Faro e à Fuseta, no sotavento algarvio, ou até Portimão, Lagos e Sagres, no barlavento.”
Pescar no veleiro da OurSeaYachts não é possível. No entanto, nota Carlos Valverde, “temos parceria com uma empresa que nos permite, quando o cliente quer, promover mergulho com botija para observação do fundo do mar, o que é bastante interessante.”
TURISMO BENEFICIA DE INSEGURANÇA INTERNACIONAL
No restaurante Pipas, a funcionar há 12 anos na Marina de Albufeira, o proprietário Marco Alves reconhece que “a intranquilidade no Norte de África”, entre outros destinos turísticos, face à ameaça terrorista, tem contribuído para o crescimento do mercado português dada a segurança existente no nosso país. “É preciso não baixar os braços com sentido de responsabilidade”, alerta, em declarações à Algarve Vivo.
Numa altura em que a afluência ali registada é “sobretudo de estrangeiros, ingleses, alemães”, Marco Alves lembra que tem tido “mais clientes em comparação com o ano passado”. “Se o tempo estiver bom, espero movimento significativo até ao mês de outubro”, perspetiva.
O empresário aguarda com expectativa a construção da segunda fase do empreendimento naquela zona, nomeadamente com unidades hoteleiras e moradias, embora cite o velho ditado “ver para crer”. O que o dono do restaurante Pipas considera “fulcral é a criação do passeio marítimo para ligar a Marina à cidade de Albufeira em dez minutos a pé.”