No Albufeira Futsal Clube o sonho não tem limites

Texto: Hélio Nascimento | Foto: D.R.
O Albufeira Futsal Clube subiu à II Divisão Nacional, na sequência de um percurso ascendente nos derradeiros meses da época passada, o que lhe permitiu disputar o play-off de acesso ao segundo escalão, já que, na sua série, apenas o Tires, que subiu diretamente, fez melhor.
Nos jogos decisivos, o conjunto de Albufeira começou por vencer o Paços de Ferreira, por 5-4, e na final, o Livramento dos Açores, por 3-2, confirmando assim um lugar de amplo destaque no futsal algarvio e dando mostras de querer continuar a galgar degraus no plano nacional.
Rosto de primeira linha neste sucesso, o treinador Rosa Coutinho encarna o espírito do clube, não fosse ele, diga-se já, um elemento umbilicalmente ligado à história do Albufeira Futsal Clube.
“Estou cá desde o tempo do Fontainhas, que foi campeão da III Divisão e no qual treinei jogadores como o Paulinho e o Pedro Cary, que rumaram ao Belenenses, foram campeões no Sporting e chegaram à Seleção”, explica, com muito sentimento à mistura.
O Juventude Desportiva Fontainhas cedeu depois os direitos desportivos ao Albufeira, fundado em 2007 e com imensos anos de presenças no escalão secundário, apesar da descida de há duas épocas, “mas voltámos agora a subir”, como sublinha Rosa Coutinho, 61 anos, que começou a carreira no Distrital e tem ‘pulado’ várias etapas a pulso. Ao fim e ao cabo, “são vinte e tal anos em que ando nisto”.
Para o treinador, o regresso à II Divisão Nacional foi o “corolário de uma época de excelência, com a equipa a revelar enorme consistência e a fazer uma segunda volta brutal, com dez vitórias e um empate em 11 jogos”. No apuramento, já o dissemos, os triunfos sobre Paços de Ferreira e Livramento encerraram um capítulo brilhante.
Criar união e afastar polémica
“Criar união e afastar polémica é nosso lema”, prossegue Rosa Coutinho, assegurando que são “princípios fundamentais, a par de um balneário excelente. As anunciadas saídas de André Rochato e Filipinho constituem baixas de algum peso, mas o técnico acredita no reforço imediato do grupo e fala já em Nilson Miguel, internacional e com passado recente no Benfica. “Com o Nilson e mais dois ou três reforços teremos certamente condições para alcançar a permanência”.

Se o objetivo, para já, é o da manutenção, o sonho não tem limites e o treinador até enfatiza a ajuda da Câmara Municipal de Albufeira com vista à subida ao escalão principal. “Temos o basquetebol na I Divisão e a autarquia aposta no nosso engrandecimento desportivo, mas não é fácil, até porque os valores envolvidos são grandes”.
Rosa Coutinho aborda também a realidade do clube, que só dispõe de futsal, das categorias de formação aos seniores, num total de cerca de uma centena de atletas, e elogia o “papel fundamental” de José Rodrigues, o responsável direto pela formação, que “é adorado pelos miúdos”. O coordenador da modalidade deixa ainda palavras elogiosas ao presidente da Direção, Carlos Gabriel, “importante elo de ligação com o município e extraordinário no que faz”, bem como a Rui Traguedo, o homem forte da ‘Exclusive Villas’, o principal patrocinador.
Rosa Coutinho jogou futebol de 11 em vários clubes, como o Ferreiras, Imortal e Armacenenses, até que, entusiasmado com o que sentia e incentivado por amigos, tirou o curso de treinador de futsal, atividade que não mais largou, embora seja empresário no ramo de montagens e equipamento de piscinas.
“Perdemos aqueles dois jogadores, mas estamos esperançados em fazer boa figura”. O Nacional da II Divisão tem o arranque marcado para 27 de setembro e a série, naturalmente, será complicada, com a presença de um outro emblema algarvio, o Portimonense, que vai medir forças com o Albufeira. “À exceção do nosso vizinho, o mais perto que temos é Lisboa, e, em princípio, apanhamos três clubes dos Açores. E depois há Belenenses, Vendas Novas, AMSAC… enfim, vamos à luta, como de resto tenho feito nestes vinte e tal anos de futsal”.
Um goleador por excelência
Tratou-se de uma das melhores épocas de sempre de André Rochato, autor de 44 golos em 24 jogos, um registo verdadeiramente excecional para o experiente jogador, de 34 anos, que já atuou na divisão principal, então ao serviço do Portimonense.
“A nível pessoal, com a obtenção de 44 golos, foi realmente a minha melhor temporada”, reconhece o pivô, salientando que a equipa, aos poucos, se foi mentalizando que podia mesmo lutar pela subida. “À entrada para o play-off ganhámos ainda mais confiança”, adianta, lembrando que também já subira de divisão no Pedra Mourinha e no Portimonense.
“Inicialmente não tínhamos muito conhecimento dos adversários”, prossegue, mas a valia da equipa e o maior entrosamento foram também fundamentais para o êxito. Sobre a sua performance individual, diz que o segredo da longevidade está “no trabalho diário e nos treinos de ginásio e de fortalecimento”, cuidados inerentes a um jogador da sua idade e que, para lá do futsal, é enfermeiro de profissão.
“Tenho conseguido boas marcas, mas nenhuma como esta a nível de golos. A experiência conta muito”, vinca, com um sorriso, aludindo ao conhecimento mais profundo que hoje tem da modalidade. “Ter jogado na I Divisão, entre os melhores, dá-nos também outra mentalidade e outra perspetiva”.
Grato ao emblema de Albufeira, André Rochato confessa que vai voltar a mudar de clube, reforçando o Portimonense. E não é o único. Filipe Soares, mais conhecido por Filipinho, segue o mesmo rumo, com a curiosidade de ambos continuarem a jogar juntos já lá vão mais de dez anos.

“De início foi complicado, até porque o plantel era curto. Mas com o decorrer das jornadas fomos acreditando cada vez mais, fizemos uma boa segunda volta e vencemos bem as decisões do play-off”, sustenta Filipinho, que também falou à Algarve Vivo. O ala, de 30 anos, conquistou a quarta subida de escalão, depois de duas no Portimonense e uma na Pedra Mourinha.
“A época correu igualmente bem em termos pessoais, com a vantagem de conhecer quatro ou cinco jogadores com quem já jogara antes. Pelo Albufeira tinha ganho há duas épocas a Taça do Algarve e a Supertaça, ou seja, trata-se de um clube cada vez mais forte e capaz, e acredito que, da forma que se está a reforçar, tem tudo para conseguir a permanência na II Divisão”, assinala Filipinho, antevendo desde logo rijos duelos com o Portimonense na época que se avizinha.
O PLANTEL
O grupo que levou o Albufeira a regressar à II Divisão Nacional integrava os seguintes jogadores: Márcio Santos, Hugo Pacheco, Rui Fonseca (guarda-redes), Kaká, Gonçalo Monge, Ricardo Lopes, João Padilha, Mateus Nascimento, Gil Cabrita (fixos), Kléber, Afonso Felicidade, Filipinho, Ricardo Páscoa, Danilo Sanches, Ruizinho, Alexandre Velhinho (alas), André Rochato e Jorginho (pivôs).





