Noites de jazz no Clube União Portimonense ganham fama e atraem músicos

Texto: Hélio Nascimento | Foto: D.R.
O prestígio das noites de jazz no Clube União Portimonense já passou as ‘fronteiras’ do Algarve e está a atrair e a ‘chamar’ músicos um pouco de todo o lado, encantados com o espaço, o ambiente e a oportunidade de divulgarem os seus trabalhos. Ao mesmo tempo, os alunos da Escola da Bemposta e da Academia de Música de Portimão vão tocando e aprendendo, enquanto piscam o olho, quem sabe, a uma carreira de futuro.
Esta nova aposta da coletividade no jazz data de 2023 e teve como mentor Davide Fournier, professor da Academia de Música da cidade, de pronto incentivado pelo presidente Paulo Segurado e toda a equipa diretiva do Clube União. “Ele viu que não havia nada no género em Portimão e ficou agradado com o espaço. Da nossa parte, renovámos o protocolo com a Escola da Bemposta – formação em contexto de trabalho – motivando os jovens que precisam de um local para se mostrarem”, afirma o responsável.
Paulo Segurado, que também é o diretor pedagógico da Academia de Música, destaca as muitas propostas que começaram a receber “de malta interessada em vir aqui tocar e apresentar projetos”. De vários pontos, com Lisboa à cabeça e até um grupo de italianos, surgem muitas bandas dispostas a espalhar a magia do jazz num palco “familiar e aprazível” nas quintas-feiras à noite.
De 15 em 15 dias, em ‘jam sessions’, o público tem entrada livre para ouvir os iniciados-alunos, primeiro, e os mais consagrados, depois, em atuações muito apreciadas. “O palco está sempre aberto”, reforça Paulo Segurado, aludindo, por exemplo, aos espetáculos deste mês, dos dias 4 e 18, com a presença do trio residente, ‘Le jazz à trois’, composto por Filipe Valentim (saxofone), Davide Fournier (guitarra baixo) e Rui Freitas (bateria).
Público local adere cada vez mais
O Clube União Portimonense continua, pois, a apostar nas artes e na cultura como forma ideal de desenvolver a sua atividade junto da população. Além do jazz, há lugar para apresentação de livros, tertúlias, debates, sessões de cinema, exposições de quadros, de fotos, quizzes e noites académicas, em que os estudantes, de capa e batina, fazem jogos e cantam. “E tudo isto dentro da cidade”, salienta Carlos Carrelo, também à conversa com o Portimão Jornal, acrescentando teatro, música pop, rock e tradicional, “como se cantava nos campos e nas aldeias”, ou seja, uma extensa lista de iniciativas que levam ao nº 3 da Rua de Olivença dezenas de portimonenses.
Voltando ao jazz, Paulo Segurado fala de alguns ilustres visitantes, como Samuel Lercher, pianista e compositor francês que vive em Portugal e que chegou ao Clube União através de Pablo Lapidusas, um argentino-brasileiro bacharel em música e com mestrado em performance jazzística, “um homem do mundo que tem muita gente a segui-lo e dá visibilidade, e que, curiosamente, vive na Rua de Olivença e é nosso vizinho”. Mas há mais, como ‘O Lado de Dentro’ de Mariana Correia e Joana Ricardo, e, já apontando a 2026, ‘Mar de Fora’, ‘Garfo’, Ana Marta e “o Miguel Martins com Carlos Barreto e José Salgueiro, estes últimos nomes importantes do jazz português”, sendo ainda esperados mais músicos de Lisboa, num calendário praticamente já preenchido.
“O que é feito, é feito para os sócios”, vinca Paulo Segurado, reafirmando alguma prioridade para “a gente da cidade”, inclusive pela importância do protocolo estabelecido com a Câmara Municipal de Portimão. “Temos 400 sócios e o público local vai aderindo cada vez mais. Conseguimos agora atrair mais os jovens, que repartem a nossa sala com a ‘velha guarda’, sem esquecer os estrangeiros residentes que vêm ao jazz”. Para fazer parte da família do Clube União, basta pagar 20 euros por ano para ter acesso aos espetáculos e receber todas as informações por email.
Uma diversidade que marca pontos
“O nosso trabalho está a ser reconhecido e isso é o mais significativo”, prosseguem Paulo Segurado, 44 anos, e Carlos Carrelo, 75 anos e figura relevante no movimento associativo. “Uma vez por ano também temos fado de Coimbra, mas o fado tem um lugar muito especial na Sociedade Vencedora e nem existe concorrência, porque o objetivo é a ajuda entre todas as coletividades, em prol da cidade”.
As referências continuam, agora com citação para o professor Carlos Café, que deu “um festival de filosofia em pleno palco, com workshop, para o qual chamou Vítor Rua, músico que fundou os GNR”, sem esquecer Timo, o finlandês que marca presença em todos os espetáculos. Por outras palavras, a esta diversidade que marca pontos responde um público sempre fiel, que torna mais especial os 108 anos de vida do Clube União.
A solidariedade é outra palavra forte, estando ainda a decorrer a campanha ‘Natal Solidário’, para recolha de bens alimentares não perecíveis e de roupas, sobretudo de criança, para serem entregues à Associação Flor Amiga. E este sábado, dia 20, é a vez de um ‘Techno Solidário’, de música eletrónica, com a receita a reverter para o Lar de Crianças ‘Bom Samaritano’.





