Obras em três condutas adutoras de água arrancam em Lagoa
Estão prestes a iniciar-se os trabalhos de substituição de três das principais condutas adutoras de água do concelho, depois de o Tribunal de Contas ter dado o visto prévio indispensável para que as obras possam arrancar.
As intervenções nas ligações Lagoa-Estômbar-Calvário, Cerca da Lapa-Sesmarias e Cerca da Lapa-Moinhos-Vale de Milho vão custar cerca de três milhões de euros e, segundo Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal, revelou ao Lagoa Informa “começam já em março”.
A conduta adutora Lagoa-Estômbar-Calvário vai custar cerca de 610 mil euros e tem um prazo de execução de oito meses. Uma das mais problemáticas e que tem um maior histórico de roturas é a da Cerca da Lapa-Sesmarias e vai obrigar a um investimento de 1,1 milhões. Ficará concluída em dez meses, contando com toda a repavimentação da via.
A terceira conduta adutora a ser intervencionada é a Cerca da Lapa-Moinhos-Vale de Milho, que custa também 1,1 milhões de euros, sendo que a obra durará dez meses.
Luís Encarnação lamenta o atraso no arranque destas intervenções há muito necessárias, justificando-se com o facto “de concursos anteriores não terem tido empresas concorrentes e com burocracias e as regras de contratação pública”. “Iniciámos estes processos em 2021, mas só agora, em 2024, é que conheceram a luz do dia. É algo que há muito ansiávamos, devido às questões de escassez de água, mas ainda há mais para fazer”, acrescenta.
“O total da intervenção que temos previsto para o concelho em termos de melhoria da eficiência hídrica, de toda a rede de abastecimento é de 18 milhões euros, de acordo com um estudo efetuado e que foi apresentado em Assembleia Municipal. Iremos cumpri-lo gradualmente e começamos do maior para o mais pequeno, intervindo primeiro nas condutas adutoras, as principais e de maior dimensão, aquelas em que quando há uma rotura se perde mais água, para depois substituirmos as condutas distribuidoras e, por fim, os ramais”, explica o autarca.
ZMC em marcha
O presidente da Câmara destaca ainda a intervenção “importantíssima da setorização da rede e gestão da pressão de água que está a decorrer. “É a segunda fase de implementação das Zonas de Medição e Controle (ZMC) e das Zonas de Pressão Controlada (ZPC). A primeira foi na freguesia de Porches, agora estamos na segunda, que abrange o resto do concelho. Esta execução ficará concluída até final do ano, num investimento de cerca de 1,6 milhões, numa obra financiada a 100 por cento pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”, refere.
O autarca sublinha a importância deste projeto, recordando as vantagens das ZMC no combate às perdas e roubos de água, pois “através das ZMC, serão colocados contadores e sensores a meio das redes de distribuição”, que contabilizam a água que passa.
“Por exemplo, passam dez mil metros cúbicos de água num circuito de um quilómetro. Se no final desse circuito só passarem cinco mil, quer dizer que cinco mil foram usados. Nós temos a indicação de todos os contadores que estiveram a consumir água nessa área e se os contadores só nos derem dois mil de consumo, quer dizer que três mil metros cúbicos se perderam numa rotura que ainda não identificámos ou em roubo de água, por algum sítio que está a consumir água, que não é contabilizada”, explica.
Outra intervenção importante que está a ser ultimada e irá avançar brevemente é o aumento do depósito de água das Sesmarias.
“Vamos a aumentar a capacidade de 600 metros cúbicos para 6500, numa obra fundamental para Carvoeiro e para aquela zona. Está em fase de relatório final”, revela.
Autarquia baixou ‘perdas’
Apesar de o ritmo da substituição de condutas de água não estar ao ritmo desejado pela autarquia, Luís Encarnação explica que há um trabalho que tem sido desenvolvido e que já existem resultados positivos em relação às perdas de água.
“Em 2022, as nossas perdas estavam nos 30,2%, em 2023 baixaram para 28,5%. Com as intervenções e medidas que estamos a tomar, acredito que iremos chegar a menos de 20 por cento de perdas de água. Para as pessoas terem uma noção, recordo que em 2013, quando chegámos à Câmara, as perdas eram de 47 por cento”, afirma.
“O nosso compromisso é tornarmos o mais eficiente possível o nosso sistema de distribuição. Sabemos que perdemos muita água com as nossas roturas, mas estamos a fazer um trabalho para minimizarmos as perdas, que vão existir sempre, não há aqui nenhuma varinha mágica”, alerta.
O que mais reduziu consumo no setor urbano
Lagoa foi o município algarvio que apresentou a maior redução de consumo de água no setor urbano em 2023, face ao valor registado no período homólogo de 2022, segundo dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em janeiro deste ano. Os números mostram que o concelho baixou o consumo de água distribuída pela rede de abastecimento doméstico em 3,8%, situação atribuída, em parte às intervenções realizadas na implementação das Zonas de Medição e Controlo (ZMC). A este dado, o presidente da autarquia acrescenta outro, que considera relevante. “A água não faturada, onde se inclui o consumo dos edifícios municipais, infraestruturas desportivas, entre outras, que em 2022 era de 41,53%, baixou para 32,55%, durante o ano de 2023. Aos 22% de redução de água não faturada, ainda se junta a redução de 6% de redução das perdas reais”, sublinha.
Empreitadas atrasam pavimentação de estradas
Nestas três intervenções nas condutas de água, apenas a Cerca da Lapa-Sesmarias levará um pavimento completamente novo. As outras duas terão repavimentação a partir do segundo semestre de 2024. Os atrasos na substituição de condutas, são, segundo Luís Encarnação, “a razão porque as a estradas do concelho estão em mau estado, facto que tem gerado muitas queixas”. “Compreendo a contestação, mas acho que não fazia sentido estar a pavimentar estradas, para depois partir tudo, colocar as novas condutas e voltar a colocar alcatrão. Temos previsto um 1,5 milhões de euros para o segundo semestre deste ano para pavimentações de várias vias, numa intervenção que terá continuidade em 2025 e que colocará o concelho com a qualidade de estradas semelhante ao que sempre conhecemos”, esclarece.