Opinião: É tão difícil praticarmos o auto-cuidado? 

Sónia Francisca da Silva
Psicóloga Clínica (Especialista em Neuropsicologia e Psicogerontologia)
Email: sfspsicologia@sapo.pt


Na azáfama do dia a dia muitas vezes deixamos o cuidar de nós para último plano. Entre as exigências profissionais e familiares, ter tempo para nós, para estarmos connosco torna-se uma raridade que se refletirá na nossa saúde mental e bem estar. O auto-cuidado é estarmos numa relação saudável connosco e com os outros, não é necessariamente termos de fazer muitas coisas. Cada um de nós definirá o que é importante para o seu tempo de auto-cuidado.

O auto-cuidado varia de acordo com os diferentes momentos da nossa vida. Será importante, nas várias fases da nossa vida, escutarmo-nos, de forma a perceber o que nos faz bem, evitando assim situações de exaustão.

O auto-cuidado deverá ser uma tarefa diária, que nos permita ter um tempo/espaço para nós, fora das exigências familiares e/ou profissionais (veja cheklist abaixo). Portanto, não se trata de uma recompensa, mas de um modo de estar diário, preventivo, da sua saúde mental. Ignoramos muitos alertas que o nosso corpo/mente manifesta, como o cansaço, desmotivação, apatia, perda de entusiasmo. O Prof. Coimbra de Matos, conhecido psicanalista, dizia que o entusiasmo é o maior sinal de saúde mental, em qualquer idade.

Muitas vezes, pensamos, erradamente, que o cuidar de nós é estar a perder tempo, porque temos muitas coisas com que nos ocupar, não nos colocando como prioridade. É importante que percebamos que quando fomentamos o nosso bem estar, ficamos mais resilientes e menos vulneráveis, a nossa curiosidade face ao mundo aumenta, estamos mais disponíveis para os outros e para a vida.

Praticar o auto-cuidado não é um ato egoísta, porque só estando bem é que vamos conseguir estar de forma saudável com os outros, e nos permitirá cuidar dos outros. Determinadas profissões, como por exemplo, médicos, psicólogos, enfermeiros são muito exigentes no cuidar, daí ser de extrema importância praticar o auto-cuidado de forma a evitar o ‘burnout’.

Algumas estratégias como investir em relações prazerosas, sejam família ou amigos, em que se sinta reconhecido; partilhar a forma como se sente com familiares e amigos, será uma forma de aliviar o stress e ansiedade; fazer uma lista das atividades que o fazem sentir bem, reservar um momento do seu dia para a pôr em prática e torná-lo uma rotina; descansar, respeitando os momentos de sono e as folgas, evitar o recurso ao consumo de álcool e tabaco. São atos simples, mas que revitalizam, gerando energia para as diferentes atividades do nosso dia a dia.

Deixo algumas ferramentas:
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/checklist_comportamentos_autocuidado.pdf
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/eusintome_checklist.pdf
https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/paginas_simples/barometro_emocoes_4.png
Vídeo: https://eusinto.me/bem-estar-e-saude-psicologica/autocuidado-resiliencia/autocuidado-porque-e-como-devemos-cuidar-de-nos/

Recomendo o livro ‘Descomplicar a mente’ de Alexandra Anciães e Rute Agulhas.

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