Opinião: O Carteiro
João Reis | Professor
Na função que lhe incumbe, o carteiro não sabe se as cartas que vai distribuindo são portadoras de alegrias ou de tristezas, se as notícias, ao serem lidas, provocam sorrisos ou mágoas. De alguma forma, também isso acontece com os jornais – por vezes, também trazem dos dois tipos. O jornal Lagoa informa, na sua edição de 18 de Março, trouxe-me, objectivamente, entre outras, uma notícia agradável e outra muito triste.
A ‘agradável’ referia (primeiro no editorial e, a seguir, no corpo principal da notícia) o entendimento conseguido entre a Câmara Municipal e o Centro Popular de Lagoa, no que concerne aos bens doados àquela IPSS, em Outubro/2001, pela Associação dos Amigos de Lagoa, quando da sua extinção. Tal agrado reside nos seguintes factos:
1- ficou provado que, quando as partes envolvidas desejam, dialogam e “remam no mesmo sentido”, sem se arvorarem em protagonistas únicos, este tipo de acordo é possível e vantajoso para todos os Cidadãos Lagoenses;
2- é o reconhecer que o associativismo, neste caso, o Centro Popular, pode ser (e é) um competente e útil agente de desenvolvimento social e constitui uma real amostra do que a Sociedade Civil é capaz, devendo, por isso, ser considerada e respeitada;
3- ajuda a que sejam cumpridos os desejos/condições expressas na escritura da doação, nomeadamente, “que se mantenham abertas à população, em geral, as instalações existentes e para o fim para que foram concebidas”.
4 – por fim, leva-nos (àquelas centenas que nos associámos e vivemos) a recordar os intensos 20 anos – 1981 a 2001 – da Associação dos Amigos de Lagoa que, como uma verdadeira ‘pedrada no charco’, introduziu novidades nas antiquadas prática e filosofia das colectividades da época.
Inovou-se na participação activa e co-responsável dos associados, na inclusão de senhoras na Direcção e outros Órgãos Sociais, na máxima independência económica possível (não à subsídio-dependência), nas actividades regulares de música e canto coral, ginástica, judo, ballet e nos eventos culturais e sócio-recreativos.
E muita dedicação, muito trabalho e muita, muita ‘carolice’!
Um dia…acabou! Sabe-se lá porquê!!
Talvez Camões, na sua lírica, possa explicar:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/Muda-se o ser, muda-se a confiança;/Todo o mundo é composto de mudança/Tomando sempre novas qualidades”.
Que o presente acordo estimule, exactamente, aquelas ‘novas qualidades’. BOA SORTE!
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A outra notícia – tão triste como inesperada – referia o falecimento do Jorge Lamy.
Conhecera-o, nos anos 80; meu aluno na velha Escola C+S de Lagoa. Uns 10 anos depois, fez parte da Equipa de Monitores Desportivos que concretizou o ‘Projecto de Apoio à Educação Física no Ensino Primário’ e o ‘Desporto Moç’ Pequeno’, de iniciação desportiva, que elaborei a convite da Câmara.
Sempre de sorriso feliz e simpático, o Lamy fazia amigos com facilidade. Era dedicado ao desporto e à gestão desportiva e, disso, fez carreira nos Serviços Desportivos Municipais; era verdadeiro, leal, empenhado. A notícia magoou-me imenso. O desporto de Lagoa ficou, de facto, ‘mais pobre’. Aos seus Familiares, quero manifestar o meu profundo pesar e enviar as minhas sinceras condolências.
DESCANSE EM PAZ!
- Escrito sem a aplicação do novo acordo ortográfico