Opinião: Perdoamos, mas não esquecemos!

Luis Manuel de A.R. Batalau
Médico | C.P. 13805 da Ordem dos Médicos,
in Portimão Jornal nº29


Sou um Profissional de Saúde, um de entre milhares de portugueses, que dedicam parte do seu tempo ao próximo, Médicos, Enfermeiros, Técnicos de MCDT, Técnicos de Emergência, outros Técnicos, Auxiliares de Ação Médica/Assistentes Operacionais e Administrativos, e que, na última década, passaram de ‘bestiais a bestas”, com agressões, ameaças e insultos, até de governantes incompetentes e irresponsáveis.

Não esquecerei uma ministra da Saúde, que não há muito tempo apelidou de “criminosos” os Enfermeiros a quem agora louva, agradece e até lhes chama heróis. Não nos podemos esquecer de uma auditoria e fiscalização à sede da Ordem dos Enfermeiros, determinada pela mesma ministra e que mostrou, que tudo estava em conformidade. Não nos podemos esquecer das ameaças e palavras insultuosas do primeiro-ministro aos Médicos e à Ordem dos Médicos nomeadamente ao digno Bastonário, que tem tido uma postura e comportamento exemplar. Ouvi até dizer, a alguém altamente responsável, que a degradação dos cuidados de saúde se devia à Ordem dos Médicos. Ignorância e infâmia!

São estes Homens e Mulheres, Portugueses e Profissionais de Saúde, que têm sido humilhados pelos governantes, que agora e mais uma vez, estão na frente de batalha, muitas vezes desarmados, a enfrentar o inimigo de todos. Esta é a verdade nua e crua, quer os políticos queiram ou não.

Mais, são estes portugueses, que apesar do subfinanciamento das Instituições Públicas de Saúde, conseguiram guindar o SNS, a um dos melhores do mundo, e que agora é mais uma vez o único e verdadeiro suporte para evitar esta crise. Li no Jornal Expresso de 18 de abril, uma afirmação de uma gestora de um grupo de saúde privado – “A pandemia apanhou o SNS com os calções na mão”. Se a resposta dada é a que se vê todos os dias, imagine-se a resposta, se em vez de calções fossem calças e vestidas. Respeito é o que se pede!

Como respeito as regras e recomendações do Ministério da Saúde, e não as altero a meu belo prazer(!), tenho tido oportunidade de ver nas televisões e de ler na imprensa escrita, a toda a hora, os elogios e agradecimentos dos governantes, das pessoas importantes ou que se julgam importantes deste País e da população em geral, às varandas e às janelas, aos PROFISSIONAIS DE SAÚDE!

Sinto-me envergonhado pelo desplante desta gente, pelo descaramento da classe política, pela corrupção imensa e constante das pessoas deste pequeno e pobre País. O que seria, se fossemos um país rico, com ouro, diamantes e petróleo? E o que será com a exploração do lítio?

Este regime parece mais uma ditadura com uns laivos de democracia. Ou melhor, uma democracia altamente musculada. Com toda a frontalidade, tenho muitas dúvidas!

NÃO ESQUECEMOS E LEVARÁ TEMPO A PERDOAR!

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