Portagens na A22 “contribuem para má imagem do Algarve junto dos espanhóis” na Páscoa
“Quem aqui chega nem percebe o que se passa”, lamenta à Algarve Vivo Elidérico Viegas, presidente da direcção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Num breve balanço sobre o período da Páscoa, refere que as taxas de ocupação atingiram “perto dos cem por cento na generalidade” das unidades hoteleiras, com o aumento da procura da ordem dos “cinco a seis por cento induzida sobretudo por portugueses e espanhóis”. Descida do euro e do preço do petróleo reforçará a presença do mercado britânico já a partir de maio. E com o dólar mais elevad,o a tendência será esse factor desviar os portugueses de outros destinos turisticos no Verão, sublinha aquele responsável, para quem “o Algarve é que poderá ficar a ganhar face a essa situação”.
José Manuel Oliveira
“O período da Páscoa correspondeu às nossas expectativas, tendo as taxas de ocupação atingido perto dos cem por cento na generalidade dos hotéis. O aumento da procura foi da ordem dos cinco a seis por cento induzida sobretudo por portugueses e espanhóis. As filas ao longo de mais de cinco quilómetros provenientes da região de Andaluzia, junto à fronteira e Ponte Internacional do Guadiana, devido às portagens na A22/Via do Infante contribuiram, como habitualmente, para acentuar a má imagem do Algarve junto dos nossos irmãos espanhóis. Mais que o pagamento está em causa, sobretudo, o modelo de pagamento adoptado, totalmente inconcebível e sem qualquer lógica. As portagens na Via do Infante já provaram ser um erro económico e turístico, não se percebendo a persistência num erro que atenta contra o interesse económico regional e nacional. Quem aqui chega nem percebe o que se passa”.
Foi este, em termos gerais, o balanço das mini-férias pascais feito à Algarve Vivo por Elidérico Viegas, responsável máximo da AHETA, reconhecendo que a partir de agora registar-se-á uma baixa no sector até ao mês de maio.
Todavia, acrescentou optimista,“a partir do final de abrtil, princípio de maio, e até durante a época alta do turismo, as previsões apontam para um crescimento mais ou menos de cinco por cento. As zonas mais procuradas continuam a ser, naturalmente, as que concentram o maior número de camas disponíveis, como Albufeira, Vilamoura, Quarteira, Portimão/Praia da Rocha, Monte Gordo. Esperamos uma subida do mercado britânico, muito contribuindo para tal a descida do euro e do preço do petróleo. E com o dólar mais elevado, a tendência será esse factor desviar os portugueses de outros destinos turísticos no Verão . O Algarve é que poderá ficar a ganhar face a essa situação”.
Turistas norte-americanos serão “a grande novidade neste Verão no Algarve”, perspectiva empresário em Albufeira
Já José Durão, responsável pelo empreendimento turístico Clube Borda de Água, situado na zona da Praia da Oura, em Albufeira, aponta a presença de “norte-americanos como a grande novidade neste Verão no Algarve”. “Já começam a surgir reservas de turistas provenientes dos Estados Unidos da América, o que constitui uma inovação, sendo benéfico devido ao seu elevado poder de compra”, nota à reportagem da Algarve Vivo aquele empresário, destacando igualmente o facto de se continuar a verificar “uma subida nos mercados holandes, irlandês, inglês, francês e espanhol, já com reservas a partir de Maio na ordem dos 70/80 por cento”.
“O Verão de 2015 vai ser melhor para o turismo algarvio do que o do ano passado, pois esta região está cada vez mais a ter um peso significativo na escolha de quem passa férias”, perspectiva José Durão, frisando a necessidade de “aumentar a segurança e manter a limpeza urbana e das praias em Albufeira, de forma a evitar problemas e transmitir assim uma boa imagem”. O que lamenta, para já, “é principalmente a falta de turistas do mercado alemão e nórdico, sobretudo em virtude da falta de ligações aéreas e de promoção turística”.
Na semana da Páscoa, “contámos ao longo de quatro/cinco dias com muitos mais espanhóis e mais franceses, comparado com o ano anterior, a que se juntaram portugueses, principalmente casais na casa dos 30 anos e com filhos”, assinala o empresário de Albufeira, tendo notado igualmente “maior poder de compra”. Sessenta euros foi o preço pago por noite naquela unidade turística com vista para o mar. E nos restaurantes “verificou-se mais consumo por parte dos espanhóis”.
“Bebidas com preços mais baratos, principalmente cerveja”, foi a tendência em bares na Praia da Rocha
Na Praia da Rocha, Walter Gomes, proprietário dos bares On The Rocks e Irelands Eye, diz que “o movimento neste período da Páscoa foi mais ou menos idêntico ao do ano passado, devido à presença sobretudo de turistas espanhóis e portugueses”. O consumo é que “foi mais fraco”.
“Notou-se uma tendência pelas bebidas com preços mais baratos, principalmente cerveja”, observa aquele empresário, lembrando o velho ditado popular ‘muita parra e pouca uva’ para ilustrar o consumo por parte dos visitantes. A partir de maio e durante o Verão, espera melhores dias.
“Pelo menos os hotéis da zona da Praia da Rocha irão registar boa ocupação, ao que parece até ficarão cheios, principalmente com turistas do mercado britânico e nessa altura os bares poderão ficar também beneficiados”, antevê.