Quinta do Lago poupa água com novo sistema de rega pública
Depois da Infralobo, foi a vez da Infraquinta, outra empresa municipal do concelho de Loulé, de apostar na sustentabilidade hídrica do território através da implementação do Sistema de Rega Eficiente IQ, que entrou esta semana em funcionamento. Este é o culminar de um processo que tem sido desenvolvido nos últimos anos, em consonância com a política ambiental do Município de Loulé.
O objetivo deste sistema inovador vai ao encontro do atual momento de emergência climática em que se tornou um imperativo a poupança dos recursos hídricos, sem, ainda assim, descurar os níveis de qualidade elevados dos serviços prestados pela Infraquinta, num território de excelência. Este instrumento permitirá uma redução significativa de custos energéticos e de consumo de água, ao monitorizar, analisar, controlar e gerir remotamente toda a água utilizada, garantindo o seu aproveitamento e reaproveitamento e a eliminação do desperdício.
Como explicou Miguel Piedade, presidente da Infraquinta, “o sistema que existia estava obsoleto, havia muito trabalho manual e a necessidade de deslocar funcionários cada vez que era preciso desligar a rega dos espaços públicos, desligando um a um os controladores”. A partir de agora, de uma forma automática e fácil, através de um simples dispositivo como um telemóvel, tablet ou computador, será possível desligar esses 115 controladores, de forma isolada, parcial ou total, com ganhos também em termos da pegada carbónica já que agora não haverá a emissão de CO2 das viaturas a circular para proceder a este serviço.
Por outro lado, este sistema permitirá gerir as três origens de água que aqui existem – água residual tratada, água de captação subterrânea e água de abastecimento – nomeadamente com um mecanismo de alerta em caso de rutura ou de anomalia.
No futuro, o desafio passará pela possibilidade de ligar os jardins dos clientes da Quinta do Lago a este sistema.
A empresa refere que o investimento neste sistema de rega rondou os 35 mil euros para os 3 hectares de espaços verdes geridos pela Infraquinta. A aposta na redução dos recursos hídricos tem sido reforçada por outras ações, tais como a criação de espaços públicos mais resilientes e resistentes à água. Assim, um pouco por todo o empreendimento, sobretudo nas principias artérias como as emblemáticas Avenida Ayrton Senna ou Avenida André Jordan, foi dada primazia à plantação de espécies autóctones com necessidades hídricas muito baixas ou de inertes: “Os espaços públicos que existiam na Quinta do Lago vinham desde a sua origem, com influência do estrangeiro, com muita relva, plantas exóticas. Temos vindo, a alterar a relva pelos inertes, utilizando também a laranjeira, a alfarrobeira, a oliveira, plantas aromáticas, arranjos florais com aço córten e outros elementos que dão o mesmo tipo de dignidade ao espaço”, explicou o responsável da Infraquinta. Com esta estratégia já foi possível diminuir em 80 por cento a água utilizada na rega dos espaços públicos.
Apesar de se ter destacado no panorama nacional em termos da gestão eficiente do recurso água (líder em Portugal em termos de água não faturada) e de não se poder falar em desperdício nesta área, com a introdução deste sistema, a Infraquinta quer estar um passo à frente, até porque, neste momento, qualquer gesto é importante para a sustentabilidade do Planeta.
É também esta a opinião dos responsáveis da Câmara Municipal de Loulé que, a pensar nos problemas ambientais que a Humanidade enfrenta, adotaram, em 2015, no âmbito do projeto ClimAdapat.Local, a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas (EMAAC) que prevê o uso eficiente da água não só ao nível do abastecimento público às populações, como também ao nível do sistema de rega.
Pedro Pimpão, vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, enalteceu a ação da Infraquinta e da Infralobo que adotaram, desde logo, as diretrizes da EMAAC e anunciou que, em breve, também a Inframoura irá fazê-lo, criando a sua própria estratégia nesta matéria. “Estaremos nos territórios abrangidos pelas empresas municipais dotados com estes sistemas de rega eficiente. Aquilo que irão trazer para o restante território municipal será o ‘know how’ em termos técnicos”, referiu. Nesse sentido, foi criado recentemente no organograma municipal o Gabinete de Eficiência Hídrica que ficará incumbido desta matéria, e que irá funcionar com técnicos vindos das empresas municipais que têm o conhecimento necessário para a “implementação no resto do território municipal de usos eficientes de utilização de água em sistemas de rega”.
Perante uma situação de emergência climática, Pedro Pimpão acredita que é fundamental a poupança e racionalização de água num cenário de escassez de chuva e o consequente aumento da necessidade da população em termos de utilização de água. “Sem pôr em causa a vida quotidiana das pessoas e das empresas, temos que poupar este recurso para que no futuro não tenhamos situações dramáticas e possamos vivê-lo tranquilamente”, concluiu este responsável municipal.